𝗔𝗗𝗩𝗘𝗥𝗦𝗜𝗗𝗔𝗗𝗘𝗦 𝗘𝗩𝗘𝗥𝗩𝗔𝗡𝗧𝗘𝗦

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          O sol havia acabado de nascer no horizonte quando Leônidas levantou, a contragosto, de sua cama. Tão disposto quanto alguém que acabou de acordar poderia estar.

A maneira que ele levantou Geirölul pela gola da camisa, conduzindo a pirralha atrevida para fora do seu quarto como se fosse um gato de rua, exemplificou esse sentimento perfeitamente.

Foi Geirölul quem teve a ideia de acordá-lo daquela maneira rude. Então, naturalmente, Leônidas também não sentiu arrependimento algum em fechar a porta na sua cara.

É aquele velho ditado: olho por olho, dente por dente.

Além disso, quando Leônidas jogou Geirölul no corredor, ele havia se certificado de tomar um cuidado extra para não machucar sua querissidima amiga na queda.

[Uma preocupação que é uniteral, aliás, tendo em vista a quantidade de arranhões que Geirölul colocou em sua pele enquanto tentava fugir-]

Tudo isso nos leva ao momento atual, onde o orgulhoso Rei de Esparta estava tentando -inutilmente- empilhar seus travesseiros em cima da cama.

"Porra...!"

O humano xinga assim que a maldita pilha de travesseiros desaba pela décima quinta vez, caindo de forma patetica em direção ao chão.

Malditas valkyrias! Como que elas conseguem ter móveis tão pequenos? Se Leônidas morasse naquela mansão aquelas camas já teriam sido queimadas a muito tempo.

Esses pensamentos piromaniacos acabam fazendo o Rei de Esparta mostrar o dedo do meio na direção da insultosa mobília.

Um plano inegavelmente inteligente que, pasmem, foi arquitetado meticulosamente por Leônidas em poucos segundos.

Apenas olhe sua retirada estratégica! Pouquíssimas pessoas iriam escolher recuar -sabiamente- como Leônidas havia feito.

[Então não diga besteiras! Um espartano de verdade jamais faria coisas tão infantis de bom grado-]

Com esse problema a̶b̶a̶n̶d̶o̶n̶a̶d̶o̶ resolvido, Leônidas decidiu finalmente começar a focar sua atenção na coisa mais importante daquele momento. Sua caixa de charutos.

O espartano vai precisar deles se quiser aguentar o dia problemático que viria pela frente. Especialmente tendo em vista o quanto Adão estava sendo desnecessariamente misterioso com aquele pedido estranho.

De todos os Einherjar o Pai da Humanidade era, indiscutivelmente, a pessoa mais agradável que Leônidas já teve a oportunidade de conhecer.

Sua presença parecia um cobertor, sempre envolvendo você calorosamente e te protegendo de todos os maus do mundo. C̶o̶m̶o̶ u̶m̶ p̶a̶i̶

[Não minta! Uma vozinha traidora, irritantemente parecida com Geirölul, murmura no fundo de sua mente. Você também gosta dos seus cafunes! Cale a boca-]

Algumas questões cruciais acabaram sendo levantadas por conta disso. O que o Pai da Humanidade queria? Por quê Adão queria conversar com eles? E, acima de tudo, aonde Leônidas colocou seus benditos óculos de leitura?

Essa última pergunta, pelo menos, pode ser respondida com mais facilidade em comparação às outras. A única coisa que o espartano precisava fazer é se lembrar do local aonde seus óculos estavam.

E isso, meus amigos, era muito mais fácil na teoria do que na prática. Especialmente se você levar em consideração o quanto a memória de Leônidas era seletiva.

Certos momentos da vida de Leônidas eram simplesmente apagados da sua mente, enquanto outros ficavam eternamente gravados por motivo de nenhum.

[Da mesma forma que o espartano conseguia esquecer do que havia comido ontem, ele também podia descrever detalhadamente o sabor da terra que comeu quando tinha 4 anos-]

𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐎 caprichosoOnde histórias criam vida. Descubra agora