Sublime 《 Jungkook 》

13: Galeria de memórias

Miyeon usava um bucket hat branco com uma borboleta azul bordada na frente, o sol do meio da tarde estava intenso e enquanto pedalava ela sentia o suor começando a escorrer pelas costas. Sorria durante todo o trajeto, mal conseguiu almoçar de tanta ansiedade, forçou alguns punhados para dentro apenas para não levantar desconfianças. A ideia de ficar sozinha com Jungkook vinha acompanhada de um milhão de borboletas em sua barriga, uma explosão de serotonina que fazia suas bochechas doerem de tanta felicidade.

Assim que ele a avistou, começou a acenar e sorrir, fazendo o coração de Miyeon dar uma cambalhota. Vê-lo numa bermuda jeans com barra desfiada e uma blusa oversized cinza, era o suficiente para alimentar mil fantasias, Jungkook ficava atraente não importa o que usasse.

— E não é que você veio? Pensei que não conseguiria escapar da torre.

Jungkook apoiou as mãos no guidão da bicicleta e se inclinou na direção de Miyeon, o cheiro de baunilha e âmbar a envolveu, sem traço de cigarro.

— Falei que encontraria a Hani, ela aproveitou essa deixa para se perder em algum canto com o Jimin.

Não gostava de mentir, no entanto, a situação a deixava de mãos atadas. Tudo o que queria era viver uma aventura sem pensar nas consequências, e quando o castigo pela transgressão viesse, Miyeon desejaria ter feito uma escolha diferente naquela tarde.

Após esconder a bicicleta e subir na moto de Jungkook, Miyeon deixou que os braços envolvessem o tronco dele e recostou a cabeça em seu ombro. Ainda se questionava sobre estar vivendo uma experiência onírica, alguma espécie de sonho lúcido induzido por todos os romances que consumiu, tudo isso soava mais plausível do que ter Jungkook realmente interessado por si. Ele, com todo o ar de garoto da cidade grande, poderia muito bem encontrar coisa melhor. Nayun, filha da melhor manicure da cidade, tinha fama de ser muito mente aberta, os garotos do ensino médio sonhavam em serem escolhidos para desaparecerem por algumas horas com a figura quase mitológica. Miyeon imaginava que aquele tipo de garota teria muito mais chance com Jungkook.

Os relatos repassados de boca a boca entre os jovens, faziam parte de um quebra-cabeça impossível de ser montado, alguns diziam que Nayun passou uma semana em Seul quando fez 20 anos e que voltou de lá como uma fera desinibida, outros juravam que seu ex namorado — um filho de fazendeiro esnobe — foi que lhe ensinou tudo. Miyeon não sabia dizer até que ponto as fofocas eram verdadeiras, mas, às vezes invejava a capacidade de Nayun não se importar com que diziam sobre ela.

Imaginava a ida a Seul como um ponto de virada, o momento em que deixaria de ser uma caipira boba para se tornar uma mulher da cidade grande. Do tipo que tem os cabelos curtos e uma bolsa bonita sempre a tiracolo. No futuro, descobriria que as futilidades da capital não a agradavam tanto assim e desejaria voltar para quando seu mundo girava ao redor do garoto problema.

— Se segura — Jungkook apertou as mãos de Miyeon ao seu redor antes de fazer uma curva fechada.

E quando ele deixou a mão sobre a coxa exposta dela, a garota não protestou.

***

Estavam de volta ao rio mas, um ponto diferente da última vez. Assim que a moto parou, Miyeon viu um balanço num dos galhos longos de um carvalho. Jungkook suspendeu o banco da moto e tirou uma sacola lá de dentro, o tecido grosso impossibilitava saber o que havia dentro.

Ali, o rio possuía um corpo mais largo, o barulho da água correndo era como música. Miyeon sorriu caminhando sobre a grama verdinha, amava os dias ensolarados e de céu aberto, nesses momentos de contato com a natureza, lembrava como era bom estar viva.

Jungkook tirou um lençol cor de creme da bolsa e estendeu na sombra do carvalho, Miyeon observou com um sorriso crescente conforme ele pegava embalagens de mochi e garrafinhas de suco. Tudo fora organizado sobre o tecido com cuidado, Jungkook alisava o pano em alguns pontos para que voltasse a ficar esticado e só se deu por satisfeito quando a visão se tornou digna de uma pintura.