Jungkook jogou um punhado de água fria no rosto, numa tentativa de espantar o sono e a culpa. Era um canalha da pior espécie, se fosse um homem decente nunca teria beijado Miyeon, alguém com um pouco mais de bom senso a deixaria em paz. Foi inevitável. Irresistível. Quando deu por si, a boca estava colada a dela numa delicadeza que ele raramente usava. Os pensamentos iam para os lugares mais sujos, depravados, gostaria de sentir mais da pele macia, deixar um rastro de beijos por todo o corpo dela.
Prometeu a si mesmo que não cruzaria a linha, beijos seriam a única coisa que daria a Miyeon. Não iria além disso, não quando ainda planejava se vingar do pai. Em alguns meses tudo iria pelos ares e aquela cidadezinha ficaria para trás, junto com a filha do prefeito e ele não arriscaria arruinar a reputação dela. O problema é que mantê-la longe se tornou mais difícil do que Jungkook imaginou a princípio. Se perdia nos beijos doces, sorria do constrangimento da garota ao experimentar as novas sensações e ia dando cada vez mais espaço para ela.
Enxugou o rosto na toalha felpuda e seguiu para o quarto, caindo no colchão com um baque e apertando os olhos fechados. O perfume de Miyeon ainda exalava do lençol onde ela estava sentada apenas meia hora atrás, usando um vestidinho rosa e longo, rindo enquanto contava sobre suas tentativas falhas de andar no skate do irmão de Hani. Ele estaria mentindo se dissesse que prestou muita atenção na história, se ocupou traçando os contornos dela no caderninho de rascunhos, esculpindo sua musa com um lápis gasto e dedicação total.
Caminhava numa corda bamba, ciente de que qualquer passo em falso poderia destruir não só a sua vida mas a de Miyeon também, em algum momento precisaria conversar com ela sobre a impossibilidade de um futuro para os dois mas, seguia adiando esse dia. Com ela em seu apartamento, exalando doçura enquanto fazia milhares de perguntas sobre Busan, Jungkook fingia por alguns segundos que alguém tão boa poderia lhe pertencer.
" Eu vi seu pai hoje" ela confessou num tom apreensivo " Ele parecia chateado com alguma coisa."
Jungkook deixou os rabiscos de lado e tentou extrair o máximo de informação possível, mas Miyeon ainda não sabia nada muito relevante. Ele queria um ponto fraco, a deixa perfeita para destruir o homem que lhe virou as costas. Faria o delegado Jongryul se arrepender do dia em que renegou o próprio filho.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida insistente na porta, acompanhada da voz de Jimin. Jungkook levantou resmungando e correu para atender.
— O que foi?
— A sua mãe me ligou — entrou sem cerimônia e logo começou a girar o anel do polegar — ela está preocupada com você.
O coração de Jungkook se apertou, sumir no mundo e deixar o telefone de Jimin como única forma de comunicação não é algo que um bom filho faria. Infelizmente, nunca foi um exemplo de virtude, começou a beber cedo, apesar do amargor que o soju deixava na boca, o torpor aliviava a mágoa em seu coração. Entrou por caminhos que a mãe desaprovava; ela implorou muitas vezes que Jungkook parasse de lutar, mas ele insistia em continuar pelo dinheiro. Faria qualquer coisa desde que isso significasse que a mãe teria como pagar as contas.
— Ela piorou?
Jungkook mal conseguia respirar, temia o que viria a seguir. Deixou dinheiro o suficiente para a mãe comprar os medicamentos dos próximos meses. O que ela precisava mesmo era parar de trabalhar, o médico foi categórico quando disse que o problema na coluna era causado por excesso de esforços, infelizmente Hayun se recusava a deixar Jungkook sustentá-la sozinho.
— Não, ela quer que você volte para casa — Jimin engoliu em seco. — Disse que um tal de Seoha foi encontrado morto e não quer que você seja o próximo.
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Sublime 《 Jungkook 》
Fanfiction" Eu o amei antes das tatuagens e dos piercings, quando os hematomas maculavam sua pele e o ódio manchava sua alma." No verão de 1997 Jungkook chegou ao vilarejo de Sanbuk-ri e mudou a vida de Miyeon para sempre. Sendo filha do prefeito, Miyeon esta...