Capítulo 14

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N/A: Esse capítulo saiu depois de dias ouvindo incessantemente e em looping 'First Love/Late Spring' da Mitski. Quem conhece, sabe. Quem não, eu recomendo a escuta. Aproveitem e até o próximo!

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Como se não bastasse o fato de Yasmin estar super envolvida com o planejamento do casamento, Roberto Bande também estava. E foi preciso que Fernanda ficasse noiva para que ela descobrisse que seu pai adorava casamentos. Era completamente bizarro e estranho para Pitel e Fernanda ver Roberto Bande tão empolgado com algo assim, mas Fernanda acabou comparando isso ao fato dele gostar de estar no controle pela perfeição e tudo fez sentido.

Não é nem preciso dizer que não haveria limites para gastos.

Mas para cada coisa louca e ostentativa que o pai de Fernanda sugeria, Yasmin estava lá para lembrá-lo do que as meninas realmente queriam: algo pequeno e simples, mas ainda assim bonito e que fosse memorável.  No fim das contas, apesar dos dois estarem no comando da organização, Yasmin e Roberto se deram muito bem.

O tio de Pitel, André, também estava muito empolgado com tudo aquilo e, em parte, por causa de toda a publicidade gratuita que traria para o sítio deles, onde também costumavam alugar a casa para turistas em alta temporada, além de, claro, poder ver sua sobrinha casando.

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Em junho, Fernanda completou vinte e cinco anos. Pitel celebrou a ocasião a sequestrando.

Ou melhor, ela arrastou uma Fernanda resmungona e sonolenta a fazendo entrar em seu carro na noite anterior ao seu aniversário e começou a dirigir sem lhe contar para onde estavam indo.

Ao final das mais de três horas de viagem dentro do estado, além de um pouco de trânsito, já era tarde da noite quando chegaram. O destino era a casa de férias do pai de Fernanda, em Petrópolis, agora com clima de inverno perfeito para romance. Pitel estendeu vários cobertores na sala de estar de frente para uma lareira de pedra que a casa possuía, e serviu vinho para elas ao lado de uma tábua de diversos queijos e castanhas.

Como Fernanda já sabia, seu aniversário coincidiu com o eclipse lunar daquele ano. Ela só não esperava que Pitel também soubesse disso e tivesse planejado o horário da viagem para que chegassem na hora em que a lua fosse iniciar seu pico do eclipse. Isso fez com que seu coração ficasse grande demais dentro de seu peito enquanto elas estavam lado a lado e observavam as estrelas acima delas pelo lado de fora.

"Você se lembra daquele verão em que ficamos do lado de fora, no gramado, quase como hoje, olhando para as estrelas e você estava contando histórias de filmes para mim?" Pitel perguntou baixinho no meio da noite, sua respiração fazendo fumaça no ar frio.

"Lógico, e como também nós insistimos em dormir fora por três noites antes do infeliz do Gabriel nos dedurar pro meu pai", Fernanda riu levemente, desviando o olhar das estrelas para olhar para Pitel. Ela foi recebida com um sorriso que era mais brilhante do que qualquer lua cheia.

"Naquela terceira noite, quando estava tão quente que nós deitamos no gramado fresco, você se lembra?" Pitel suspirou, apertando a mão de Fernanda na sua e fechando os olhos por um momento.  "Você começou a apontar todas as constelações de que se lembrava assim como contar sobre o filme 'Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças' enquanto segurava minha mão..."

"Eu lembro", disse Fernanda suavemente, e Pitel de alguma forma parecia ainda mais feliz.  "Porque você ficava me olhando". Pitel riu e Fernanda não poderia lutar contra o sorriso em seu rosto nem se quisesse.

"É porque naquela noite eu percebi que estava apaixonada por você", Pitel sussurrou e o coração de Fernanda errou uma batida. Ou talvez várias.

"Sério? Há tanto tempo assim?" Fernanda murmurou, com os olhos arregalados.  "Nós tínhamos o que... quinze ou dezesseis anos?

Amanhã, outro diaOnde histórias criam vida. Descubra agora