Capitulo 1

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"A marcela Talavus que correu para que pudéssemos andar, e como Calleb implorou a Deus pela salvação de Benjamin, Clarisse se ajoelha aos pés do Diabo para se juntar ao seu amado".


Tenho por minha vida um apresso pela literatura, amo todos os generos como um todo, a escrita tambem é uma forma de arte, uma das, se não a mais apreciada no mundo, grandes filosofos, matematicos e romancistas fizeram seus nomes diante de um simples papel e caneta. Um deles, estava tatuado em minha pele, e cravado no meu coração. Dante Allghieri, e sua divina comedia, e como ele retratava o inferno em nove circulos, se este homem estava correto em suas analogias, eu me via no segundo circulo. O vale dos ventos. e em como a obsessão e a luxuria me corrompem a ponto de perseguir aquilo que tanto desejo com sede, tanta que me via no quarto circulo, o da minha ganacia. Mas no fim, sabia onde minha alma residirá quando meu coração parar de bater e não me restar nada além de sonhos e lembranças, o sexto inferno. O circulo da heresia.

Por muitas vezes durante minha vida, pensei sobre pessoas com a famosa síndrome de Estocolmo, se isso era realmente possível. Se elas se apaixonaram verdadeiramente pelo seu agressor ou apenas usavam o amor como uma escapatória para seu sofrimento. Se é que existia amor para falar a verdade.

Pelo menos eu não me vejo apaixonada pelo homem que tentou me roubar a liberdade. Mas ainda sim estou aqui quebrando a cabeça tentando interpretar algo sobre amores sombrios.

Não sei ao certo como começar... E por onde começar, histórias de romance sempre começam com mocinhas insatisfeitas com suas vidas até que um príncipe aparece dirigindo um carro caro e as salvam... Como Edward quando apareceu no boulevard Hollywood e Vivian caiu bem de paraquedas na sua vida em uma linda mulher. Mas essa não é uma história de príncipe encantado, muito menos de um empreiteiro muito rico se casando com uma prostituta.

A realidade é que todas nós esperamos um romance assim, algo mais como Orgulho e preconceito e menos de Morro dos ventos uivantes. Uma pessoa que lute como Mr. Darcy, mas que não se torne um Heathcliff, sempre procuramos pelo simples e óbvio, mas Deus sabe que não é bem assim, o amor não é óbvio, o politicamente correto nem sempre é tão preto no branco, o bem não caminha sem o mal, a felicidade não é valorizada sem a tristeza, e a vida não é importante até que tenhamos conhecido a morte.

A morte, um tabu pouco conversados, mas no mundo artístico é até poético falar sobre ela, de como a morte acalma e alivia, mas que também pode ser trágica, acidentes e doenças, mas tem um tipo de morte que faz com a plateia delire em suas cadeiras, suicídio por amor. Como em Romeu e Julieta. Mas a história contada hoje é de Giselle, e em como um coração enganado pode ser capaz de se autodestruir com tanta facilidade. Dançar esse ballet era um dos meus maiores desafios, era uma história trágica, cheia de rancor e luto.

Giselle era uma camponesa que se apaixona por um príncipe canalha que já estava prometido a outra, e quando descobre fica tão desolada que crava uma faca no próprio peito, como os críticos dizem, o melhor tipo do romance, é aquele que os dois não ficam juntos. Eu discordo, Giselle agora vaga como um espírito da floresta e seu amado continuou vivo com sua esposinha. O meu eu mais amargo torceu para que alguém reescrevesse essa história, que fizesse que Giselle não o poupasse a meia noite, que o matasse também e levasse sua alma junto a dela para o inferno. Que lá ele fosse torturado até que pagasse o sofrimento que causou a ela e sua mãe viúva. Seria difícil interpretar alguém triste quando a única coisa que eu sentia era raiva.

Por isso meus movimentos pareciam uma dança de guerra, quando dançava na frente do príncipe me sentia enojada, tentava controlar minhas expressões, mas não podia controlar. Eu sentia a dor dela, de Giselle. Nas versões recentes, a cena da espada em seu coração fora substituída por uma morte mais sentimental, como se ela estivesse tão triste a ponto de seu coração parar. Eu nunca seria Giselle, mas um espírito vingativo que retornava a vida para levar a alma do homem que me traiu. Mas eu havia sido escalada para este papel, e tinha que cumpri- lo. Giselle era a peça da minha vida.

Dance in The Dark - Tomura ShigarakiOnde histórias criam vida. Descubra agora