Capítulo 11

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O amor é o nome do desejo e da busca pelo todo, Platão disse isso, vi em um filme uma vez sobre como passamos metade de nossas vidas buscando por alguém que nos complete, e a pergunta sobre quantas pessoas acharam o amor perfeito, e quantas delas fizeram esse amor durar, nos mostrando o quanto da nossa vida, esse sentimento que nós consome é irracional, achei lindas essas palavras, nos deixando o pensamento de que o ser humano só se sente completo quando tem alguém, não nascemos para ficar sozinhos.

Mesmo que isso resulte em situações em que uma pessoa tem seu apartamento invadido por outra no meio da noite, apenas com a licença poética do amor obsessivo e irracional. Sonhei minha vida inteira com um amor leve como um conto de fadas, mas que surpresa, ganhei um perseguidor. Algumas menininhas por aí sonhariam com alguém tão apaixonado capaz de passar por cima de toda a ética e moral existente na terra somente pela sensação de tocá-las. Por um lado, romântico, por outro... Doentio.

Não sabia o que fazer, não sei como expressar tudo o que sinto, aqui dentro esta uma bagunça. As vezes sinto que queria amar alguém, as vezes queria que alguém me amasse. Mas será que eu estava pronta para aquilo? Não quero dizer sobre o que aconteceu ontem, quero dizer sobre o sentimento em questão, eu seria alguém merecedora daquilo? Nem todo mundo nasceu para viver esse sentimento, tinha minhas dúvidas, a final, o amor primeiro engana a si mesmo e depois os outros, e chamamos isso de romance, confuso, platônico e dolorido, do jeito que o mundo gosta. Como posso interpretar alguém morrer de coração partido quando eu nem havia experimentado um amor avassalador como aquele. Seja quem for que escreve nossas histórias, essas histórias confusas, moldadas, com personagens solitários que compõe nossas vidas, será que esse alguém sabe o que é o amor? Será que quem faz as maquinações dos destinos sabe o que é sofrer por alguém? Querer tanto a ponto de que a mínima distância existente faça com que seja o pior dos tormentos? Será que procura por alguém?

Ou será que era mais alguém solitário também confuso sobre o que aquilo significava e tentava enganar a si mesmo com algumas palavras bonitas em um papel, e então foi feita luz?

Eu devia escrever isso em um diário, essa linha de pensamento foi surpreendente.

- Clarisse? – Shigaraki olhou em minha direção e o enxerguei ali. – Você está bem?

- Estou.

- Certeza? Eu estou falando com você a um tempo, mas parece distante, aconteceu alguma coisa?

- Não – Respondi metodicamente, não me sentia confortável para dizer a ele o que aconteceu ontem, tinha medo de que aquilo podia implicar com o que acontece entre nós, gosto dele, mas... Que ótimo, agora não consigo nem mesmo finalizar minha linha de raciocínio.

Meu dia foi monótono e corrido, passava a maior parte do tempo remoendo o que tinha acontecendo, ontem, antes, com Fernand, até mesmo durante os ensaios com um novo parceiro graças ao sumiço de Fernand, dancei de forma robótica e sem emoção alguma, Laviolette notou, pois me dispensou pelo resto do dia. Tive vergonha de encarar Shigaraki, pois acreditava que tínhamos algo, e que ontem, quando desejei outra pessoa, me senti suja.

Droga, eu gosto tanto dele, talvez eu tenha passado muito tempo sozinha e por isso eu me joguei de cabeça na primeira demonstração de interesse que surgiu, as vezes acho que Angélica deva ter razão, eu mereça um eu te amo, mas quando nunca o ouvimos, ouvir com verdadeira intenção, vira um conto fadas que sempre acontece com os outros, menos com nós mesmos.

E agora estou aqui me sentindo culpada.

Será que em algum momento eu fiz algo, feri alguém, parti algum coração sem saber, e este é meu prestar de contas? Me apaixonar por uma pessoa e meu corpo encarniçado se jogar a primeira situação propicia somente para preencher um vazio que nunca será preenchido. O que fiz, o que eu desejei ontem, me sinto tão culpada.

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⏰ Última atualização: Sep 12 ⏰

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Dance in The Dark - Tomura ShigarakiOnde histórias criam vida. Descubra agora