Capítulo 6

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- Você o que?

- shiii – Pedi para Angélica falar mais baixo, Paris não era o lugar mais receptivo com pessoas escandalosas, ainda mais em uma loja onde sua maioria frequentava pessoas da meia idade, professores e costureiras. Vim até a loja que fornece material para os figurinos das apresentações da academia comprar um par novo de sapatilhas, já que as pontas das minhas estavam gastas e eu precisava de uma para ensaiar, já que a de apresentação estava guardada e muito bem guardada.

- Clarisse, como pode deixar ele te agarrar desse jeito? - Angélica abaixou o tom de voz e se aproximou mais enquanto eu escolhia a minha numeração.

- Ah, não foi como se ele tivesse dado o primeiro passo, quem começou fui eu – confessei -, ele apenas se sentiu desafiado e fez o que fez.

- Sim, quase matou você sufocada no meio da sala de aula.

- Não foi bem assim – a olhei -, eu gostei.

- Sinceramente Clarisse.

Eu havia detalhado a ela todos os acontecimentos na sala de aula e em como decidi ver até onde seus flertes eram capazes de chegar, Angélica achava isso uma idiotice, queria que eu ficasse o mais longe dele desde que colocou em sua cabeça que ele era meu perseguidor. Mesmo Shigaraki não dando indício nenhum de ser um louco de pedra que persegue as pessoas por aí.

Mas aquilo não era suficiente para fazer mudar de ideia.

Angélica e suas vozes na cabeça.

Terminei de fazer comprar naquela loja e minha amiga pediu para ir até a papelaria mais próxima para repor materiais para suas aulas e não neguei esforço, eu havia feito ela andar até aqui, nada mais justo que acompanhá-la também.

Entramos na loja e a vi brilhar ali dentro, era por isso que seguia a carreira de artista, Angélica florescia o melhor de sim apenas ali, no meio de canetas e tintas.

Bom que assim ela se distraia e parava com suas ideias malucas.

Enquanto ela se dirigiu a atendente mais próxima e fui em direção ao expositor de canetas tinteiro, aqui, elas valiam uma fortuna, quase ninguém usava mais isso.

Mesmo eles modernizando a maioria para facilitar o uso, poucas pessoas abriam mão na boa e velha esferográfica.

Peguei uma na mão avaliando o modelo, e li na etiqueta a descrição, Crown Crapicci roller. Pelo escrito aqui, ela custava até quinhentos reais convertendo. E havia as que estavam no vidro, com um logo escrito Montblanc, que preferi duvidar das minhas capacidade matemática do que acreditar que convertendo, custava trinta e três mil reais, por que alguém gastaria trinta e três mil reais em uma caneta?

Meu Deus, eu devo ser bem pobre mesmo.

Se existir uma classe mais pobre que o pobre, é onde eu me encontro. Um nível mais abaixo.

- Olá Clarisse – me assustei com a voz repentina perto do meu ouvido e me virei para trás o vendo ali, Shigaraki parecia muito maior que eu tão perto assim, ele sufocava o ar e preenchia todo o espaço da minha visão. Ele estava tão perto que conseguia sentir seu cheiro perfeitamente, suas mãos tocaram minhas pernas e contive o susto quando percebi que apenas abaixava a altura da minha saia. Acho que irei desmaiar.

- Shigaraki, o que faz aqui? – foi uma pergunta idiota, eu admito, estamos numa loja de artigos de papelaria, e ele era pintor, era óbvio que estava atrás de material. Mas eu estava tão surpresa pela sua aparição repentina e pela sua última atitude que acho que posso ser perdoada.

- Precisava de tinta branca, e você?

- Estou acompanhando a Angélica.

- Entendi – Por um instante desejei que ela voltasse logo, não tínhamos ficado muito tempo sozinhos depois do acontecimento na sala de aula, eu me sentia um pouco intimidada por ele, e envergonhada pela forma como agi, de ter segurado com força seu cabelo enquanto sua mão estava debaixo da minha saia, senhor, aqui não é lugar para pensar nessas coisas. Shigaraki também demonstrava estar desconfortável, pois coçava seu rosto de forma frenética. – Clarisse.

Dance in The Dark - Tomura ShigarakiOnde histórias criam vida. Descubra agora