Isabella
Acho que Malu não veio hoje...
Saí da sala quando deu a hora do intervalo e não vi ela em lugar nenhum, nem na sala de aula Malu estava, isso diminuiu a qualidade do meu dia porque vou passar o recreio sozinha
- Feliz Aniversário, Bella!- me assusto quando ouço em alto e bom tom, Malu me abraçou por trás me mostrando um pequeno cupcake com uma velinha fofinha
- Malu! Você veio
A mesma sorriu calorosamente estendendo o bolinho
- Óbvio, não ia faltar justo no dia do aniversário da minha bebê- deixo escapar uma risada - É o seu favorito, chocolate com morango
Pego o bolinho dando a primeira mordida
- Eai?
- É maravilhoso...- digo
- Pois é, aquela tia nunca erra
- Brigada, quer um pedaço?- Ofereço
- Não obrigada, na verdade eu vim aqui correndo te entregar porque tenho que terminar um trabalho em grupo lá na biblioteca pra próxima aula, quer vim comigo?
Nego com a cabeça, não quero atrapalhar ela e os colegas, parece ser um trabalho importante pra Malu estar tão eufórica
A mesma beijou minha bochecha rapidamente e saiu as pressas- Tchau, Isa!- acenei
Me sentei em um banco e terminei de comer meu bolinho, estava perfeito, tiro os celular no bolso para ver a hora, daqui a pouco termina o intervalo
Joguei o papel do bolinho no lixo e me dirigi ao banheiroAcho que tinha que ter mais banheiros nessa escola, é um lugar tão grande as vezes é chato ter que andar isso tudo pra chegar no banheiro
Fui lavar minhas mãos, em meio a minha lavagem vejo Alissa, Miriam e Carolina entrando, não olho muito pra evitar problema, elas não gostam de mim e vivem fazendo piadinhas sem graça sobre meu problema, eu não consigo entender oque as inspiram a fazer essas coisas ou se simplesmente acham legal brincar com a cara das pessoasTermino meu trabalho tirando o excesso de água e logo começo a andar em direção a porta
- Ei, Ei, Espera aí "Isa"- O tom de voz de Carolina mudou de forma estranha no "Isa"
Olho para ela paradas logo a minha frente
- Não vai deixar a gente te desejar feliz aniversário?- franzi a testa confusa, como elas sabem? E porque estão assim?
- Oque?...- Riram baixo
- Deixa a gente te dar um abraço?- observo Miriam se aproximar de mim me abraçando e fazendo com que eu fique sem reação alguma
Em poucos segundos, senti algo se quebrar fortemente em minha cabeça e escorrer pelos meus cabelos até meus ombros, Miriam se afastou rapidamente de mim gargalhando junto as outras enquanto eu estava tentando entender oque era quilo
Isso é ovo?
- Credo! Você tocou nela, vai pegar a doença Mirian- Alissa falou apontando para outra
- Para com isso Alissa, que nojo! Quando eu chegar em casa vou esfregar meu corpo todo
- Ovo nela gente!
Então começaram a tacar ovos, alguns se quebravam em mim, outros no chão e outros elas mesma quebravam em cima de mim
- Parem com isso! Por favor- me encolho protegendo minha cabeça
- Calma que ainda falta- Alissa tirou um pacote de farinha de trigo da mochila - Você vai ser o bolo, Vadia- jogou toda a farinha em minha cabeça até que não sobrasse mais nada no saco
- Cadê o sorriso, Isabella?- vejo elas com o celular virado pra mim e logo depois o som da foto
Me sento no chão enquanto elas passam cochichando e fechando a porta atrás de mim
Choro por minha cabeça estar cheia de ovo e farinha de trigo
Choro me perguntando o porque sou assim
Choro por ser meu aniversário
Choro por estar aqui sentada no chão chorandoEu queria ser igual a Malu, forte, decidida e corajosa, ela parece as super heróinas dos desenhos que vejo
Me levanto fazendo farinha de trigo e resto de ovo com casca caírem no chão, que triste a tia ter que limpar isso tudo sozinha...
Catei as cascas de ovo e dei um jeito de juntar oque eu consegui de farinha num cantinho pra facilitar o trabalho dela, assim que sai do banheiro todas as pessoas que estavam do lado de fora riram de mim inclusive aquelas três que já estavam filmando- Chora bebezão!
Saio correndo dali em direção a saída do módulo, passo por toda a parte do lado de fora chegando na portaria
- Meu Deus, menina, oque aconteceu??- a moça que fica lá me pergunta mas não tenho força pra formular uma só palavra, apenas abro o portão eu mesma e saio as pressas
Na rua as pessoas me olham estranho, os carros buzinam alto quando eu atravesso sem ver por onde ando me assustando, o vento gélido bate contra meu rosto fazendo com que eu me arrepie por inteira
Chego em casa praticamente me arrastando pra dentro- Mamãe?
Digo vendo a mesma escorada no balcão segurando uma garrafa, oque ela está fazendo aqui a essa hora?
- Nossa, você está horrível- disse assim que se virou, sua voz está tão fraca e perdida
- A senhora está bem?
Em um dos seus pés tinha um salto e no outro não
Ela sorriu diante da minha pergunta como se aquilo fosse uma piada- Fui demitida, garota- Deu um gole demorado na garrafa que tinha um líquido transparente
- Sinto muito...
- Sente? Se não fosse você estaria tudo bem, eu não teria responsabilidade nenhuma em sustentar uma imprestável
Suas palavras saem de uma vez só entrando e explodindo em minha cabeça como uma bomba
- Sujando a casa inteira com essa merda que você está na cabeça, porque não arranja um emprego Isabella? Pra pelo menos ajudar em alguma coisa aqui dentro
Porque está me falando essas coisas ruins? Eu cheguei agora, não fiz nada errado dessa vez, fiz ?
-Mamãe...- ouço minha voz sair falhada
- Mamãe nada garota, fala direito, além de ser inútil tinha que nascer problemática- revirou os olhos
Os nós em minha garganta então me sufocando tanto ao ponto de fazer com que eu não consiga respirar, passo por ela subindo até meu quarto
-Isso mesmo! Saia, fuja dos problemas feito uma covarde que nem o filha da puta do seu pai!
Fecho a porta ainda ouvindo ela gritando lá em baixo
As vezes eu queria estar um ambiente vazio, só com as pessoas que eu amo, Malu, a vovó bem e aqui comigo, a outra forma da mamãe que aparece em meus sonhos e o gatinho da rua de baixo
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Meu Pequeno Anjo
RomansaInvestidor de uma escola visando interesses futuros, Oliver Bailey, um empresário renomado e de grande valor, se vê visitando o colégio com um único propósito de tratar assuntos profissionais com o responsável. Por uma ironia do destino ou não, foi...