Capítulo VII

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Horas depois...

A noite rapidamente tomou conta do céu, fechando-o em um breu sufocante. Apoiando-se no tronco de um pinheiro em meio à floresta, o conde de Mooncrest sentiu o ar faltar. Em toda a sua existência vampírica jamais sentira tal desespero. Seu coração, que há muito tempo não doía como o de um mortal, parecia prestes a explodir em seu peito.

A floresta ao redor parecia fechar-se sobre ele, os galhos das árvores transformando-se em mãos espectrais que tentavam agarrá-lo, sufocá-lo. Ouviu um estalo alto e um grito sufocado, visões terríveis invadindo sua mente, criando cenários cada vez piores.

Quando virou-se, encontrou seu precioso lorde há poucos metros de distância. Hyunjin tentou respirar, encontrar acalento para suas preocupações, mas tudo o que seus olhos avistaram foi o humano caído aos seus pés em meio as folhas dos pinheiros.

Pescoço quebrado, olhos opacos, vidrados e sem vida.

Hyunjin correu e correu, Felix estava bem diante de seus olhos, mas ao mesmo tempo tão distante, inalcançável...

Mesmo suas aptidões vampíricas não o tornaram veloz o suficiente, ele viu o sorriso maldoso de Lino surgindo atrás do jovem e arrastando-o pelos cabelos para as sombras. Corvos voaram na direção do Hwang, nublando sua visão e deixando-o só no meio da floresta.

— O que... O que aconteceu? — Vasculhou os arredores, concentrando-se para ouvir qualquer ruído ou farfalhar da floresta que indicasse a presença de mais alguém.

Tudo estava no mais perfeito silêncio.

Cambaleando sem rumo, seus pés afundaram em uma poça pegajosa. O conde levantou o sapato e deparou-se com a sola vermelha. Ele estava em um lago de sangue e no centro dele jazia o corpo mutilado de Felix. Marcado com feridas profundas, mordidas e arranhões bestiais que rasgaram suas roupas e esvaziaram suas artérias. A vitalidade escorrendo, pingando e esvaindo-se lentamente de seu corpo. Suas doces feições antes tão calorosamente coradas agora pálidas como a neve.

— Não... Não, não, não, não! Felix! Abra os olhos. Olhe para mim! — Implorou, tentando aproximar-se, chegar até ele, mas estava preso no lugar. — Isso... Isso não é real. Não pode ser. Não é!

O vampiro jamais experimentou aquela angústia lancinante em toda a sua existência, o gelado na espinha, o medo de perder alguém importante. Ver o Lee sem vida foi a mais dolorosa das visões com as quais seus olhos foram torturados. Ele não entendeu o porquê de seu rosto estar molhado, mas ele odiou a sensação.

Hyunjin acreditava que vampiros não choravam porque ele jamais derramou uma lágrima sequer desde a transformação. Minho muito menos, e se Jisung o fez, foi em segredo. Aquela água salgada escorrendo por suas bochechas devia ser parte do delírio.

O conde caiu de joelhos no sangue, suas roupas encharcadas daquele líquido que ao invés de parecer apetitoso o causava repulsa, asco, tristeza.

— Não, não, não... não é... real. — Ele entranhou as mãos nos cabelos, esfregando-os enquanto piscava os olhos com força. Suas presas doíam e latejavam, o demônio dentro dele arranhando-o para sair. — Da última vez em que o vislumbrei, ele estava em seu casarão, seguro, na companhia de sua irmã.

— Talvez não hoje, não agora. Mas eu vou matá-lo — a voz familiar ressoou em seus ouvidos, quebrada, áspera. Ele ainda se lembrava... Minho.

— Fique longe dele! — Hyunjin gritou, arrastando-se como podia na direção do falecido lorde, banhando-se em seu sangue.

— Vou rasgar a garganta dele, beber de sua artéria, saciar-me dessa sede de vingança. Você pagará pelo mal que me fez. Olho por olho...

Vampire's Delight | HyunLix (em hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora