Capítulo VIII

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De volta ao encontro com Minho, horas antes...

Os raios de sol entranhavam pelas frestas da janela da casa de chá, lançando seu brilho dourado sobre as orbes castanhas de Lino. O forasteiro estendeu a mão para Naruto, que prontamente a pegou, embora estivesse sem suas luvas pois preparava-se para ter uma refeição. O tal Lino, no entanto, não a apertou em cumprimento e sim levou-a até seus lábios, depositando um beijo no dorso:

— Encantado.

O Uzumaki sentiu seu tom de pele mudar para escarlate e seus olhos fugiram para os arredores enquanto ele puxava de volta a mão. A sensação dos lábios macios do outro formigando inexplicavelmente em sua pele.

O homem encarou-o de maneira estranhamente contemplativa por longos instantes; olhos vidrados, como se ele estivesse assistindo a uma ópera no rosto de Naruto...

Até finalmente piscar seus olhos afiados repetidas vezes e mostrar-lhe outro sorriso carregado de pretensão.

— Oh. Parece-me que o que imaginei a seu respeito era verdade.

O lorde raspou a garganta e respondeu:

— Seria mais apropriado trata-lo por seus títulos e sobrenome, cavalheiro. Não me sinto confortável em dirigir-me ao senhor com uma intimidade que não temos.

— Bobagem. Somos praticamente família. Você pertence a alguém que me pertence. Consequentemente, poderíamos dizer que o lorde pertence a mim, então.

— Família? Pertencer? Sobre o que está falando? Temos algum parentesco consanguíneo?

— Dificilmente.

Lino inalou e exalou o ar com despreocupação, suas pernas cruzadas uma sobre a outra, o braço repousando no assento da cadeira ao lado dele. Ele mirou a fachada da casa de chá e com um tom caloroso, continuou:

— Venho de outro ducado, muito distante deste. Mas, sabe, seu sotaque me é familiar... — O homem inclinou-se sobre a mesa para analisá-lo. — Por que o lorde não fala como o povo de Solaria? Não é nascido nestas terras?

Naruto achou o questionamento um tanto invasivo, principalmente porque era como se o misterioso estranho já soubesse a resposta.

— Sim, eu sou. Meus pais não. Minha família veio de longe quando meu pai atingiu a maioridade e assumiu o ducado. Fui gerado poucos anos depois, nas terras de Solaria. Mas eles me ensinaram a falar à sua maneira.

Um brilho perigoso chamuscou o olhar de Lino, que simplesmente recostou-se em seu assento e contou-lhe:

— Mmm, entendo. A pronúncia do lorde é como a de meu irmão mais velho, Christopher, costumava ser.

— Infelizmente não acho que eu tenha conhecido algum Christopher.

O forasteiro riu.

— Certamente não. Ele morreu muito antes de você nascer. O tifo o levou.

— Meus pêsames... — Naruto ficou sem graça, de certa forma, sentindo simpatia pelo forasteiro, mas controlando a curiosidade para não o questionar sobre o quão velho ele era. Sendo indulgente, poderia acreditar que o homem em sua frente era uns quatro ou cinco anos mais velho que ele, se assim o dissessem, mas se a opinião do lorde fosse consultada, ele não diria que a diferença chegava a ser tão grande assim.

Portanto, não seria possível que Lino se lembrasse tão bem de um irmão mais velho sendo um bebê, certo?

A menos que...

Não, o lorde não podia deixar sua mente amante da literatura obscura teorizar por ele. No mundo real não se esbarrava com seres imortais e criaturas mágicas a cada quarteirão.

Vampire's Delight | SasuNaru Version (em hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora