Capítulo 14

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Sophie subia a colina de areia e observava o horizonte, desejando saber se aquele era um bom ponto para chamar um Shai-Hulud e ao notar que deveria ir mais para baixo, sua expressão ficou confusa ao ver quem estava indo ao seu encontro.

— Paul, o que faz aqui?

— Você vai montar o verme, irei junto. Falei com Stilgar já, estão ali nos observando de longe.

Ela notou o grupo há alguns metros seguros de onde eles estavam, sabendo que estavam sendo observados e até mesmo, apostando se eles conseguiriam concluir a tarefa que os definiria oficialmente como fremens.

— Você mesmo me disse que deveríamos ter mais tempo.

— Mudei de ideia — ele deu de ombros e a jovem podia ver que Paul sorria pelo brilho dos seus olhos — Achou mesmo que ia deixar você se aventurar sozinha?

— Ok, então vou colocar minha marcação ali e você coloca um pouco mais ao norte, só temos que torcer para que venham dois vermes ao invés de um.

— Vai vir — tranquilizou o Atreides — E Sophie?

— Hm?

— Cuidado, não faça nada estúpido.

A jovem sorriu e balançou a cabeça em negação: — Você está levando toda a estupidez com você. Boa sorte, Muad'Dib.

— Boa sorte, Sihaya.

Cada um foi para um canto, e logo que achou uma boa posição para que colocasse o aparelho, Sophie o ativou caminhando para longe enquanto ajustava os equipamentos que iria lançar no verme e se segurar nele. Foi inevitável ela se lembrar dos momentos que aprendeu andar a cavalo, em Antares, quando tinha somente quatro anos. Obviamente eram circunstâncias diferentes, bem como animais diferentes, mas sabia que o conceito deveria ser o mesmo.

Bastou apenas alguns sons para que ela visse o monte de areia não muito longe de onde ela estava se agitando, pela proporção demonstrava que aquele não era um verme pequeno, parecia quase o líder de todos os vermes de areia que existiam em Arrakis. E notou que o verme de Paul também ia na direção dele, um bom sinal de que havia dado certo.

Sophie respirou fundo e começou a correr.

Ela não se concentrou em mais nada, sua atenção estava completamente voltada para o verme que se aproximava. A jovem Atreides podia sentir a areia tremer em seus pés como se fosse ser engolida a qualquer momento e morrer em meio ao deserto, e quando viu a boca do Shai-Hulud próxima ao monte que se encontrava, quebrando-o no meio, ela reuniu todas as suas forças e pulou aterrissando em cima do verme.

A nuvem de areia fez com que ela perdesse sua visão, quase caindo para fora após algumas cambalhotas. Ela pensou rápido em segurar ainda mais forte o equipamento que tinha arremessado enquanto saltava, o gancho estava preso em cada lado do verme, logo sua estabilidade nos pés foi melhorada até que ela conseguisse ficar completamente de pé.

Sophie controlava o Shai-Hulud e podia sentir o poder correndo em suas veias.

A vida e força do deserto, um Shai-Hulud sob os seus pés fez com que ela se sentisse em casa, como se o quebra-cabeça da sua vida estivesse ficando cada vez mais completo.

E ela iria usufruir de cada força do deserto que pudesse.

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A notícia de que Paul e Sophie conseguiram montar no verme de areia repercutiu por toda Arrakis, e a crença de que eles eram os destinados a ajudar o povo como também o planeta ganhava mais e mais força, graças aos comandos minuciosos de Jéssica como Reverenda Madre.

A repercussão chegou até mesmo a Heitor, que desejava encontrar a irmã o quanto antes para explicar algumas coisas que tinha escondido enquanto a mais nova crescia.

— Sophie — ele a chamou logo que viu ela entrando onde ele estava na fase final da sua recuperação — Precisamos conversar.

— Não gosto do seu tom sério, parece que vai me dar bronca — ela brincou para tentar aliviar o clima mas ao ver que ele não tinha esboçado reação a sua piada se endireitou — O que foi? Aconteceu alguma coisa com você?

— Não, comigo não... agora com você.

— Como assim?

Heitor suspirou, respirando fundo e dizendo: — O que irei dizer agora pode mudar muito da sua perspectiva sobre tudo, principalmente sobre a nossa mãe.

Sophie sentiu um arrepio e seu corpo foi tomado por um tremor do qual ela tentava controlar.

— O que tem a mamãe?

— Sophie, ao contrário do que contaram para nós, a mamãe não sofreu um acidente ou algo parecido que ouviu na infância — respondeu o mais velho observando as feições da irmã — A nossa mãe foi assassinada pelo Imperador.

O ar fugiu do pulmão da garota e ela ofegou como se estivesse com dor. Sophie se recordava do dia que avisaram da morte de sua mãe após um passeio na floresta de Antares.

— Então não foi picada de cobra ou de qualquer outro bicho? Ela... ela foi morta?

— Eu estava investigando um pouco depois do seu casamento, porque nosso pai também estava fazendo essa busca e eu ainda acho que ele foi envenenado — explicou — Mas a nossa mãe, ela foi morta a mando do Imperador por algum motivo do qual não cheguei a saber.

Sophie não segurou as lágrimas com o que havia acabado de ouvir, e podia sentir os tremores em seu corpo devido a raiva, angústia e tristeza que sentia. Heitor aparou a irmã em um abraço forte do qual lhe fez sentir como uma garotinha, igual quando havia perdido a sua mãe e ele dormiu com ela enquanto ambos confortaram o luto do outro.

— Por que fizeram isso com ela? — ela se perguntou — E por que ela aparece no meu sonho ou nas minhas visões? Por que eu vejo ela, Heitor?

— Talvez ela esteja tentando te dizer algo, Sophie. Só tem que saber como ouvi-la ou como se conectar a ela, mas eu jurei a mim mesmo que se o Imperador estiver envolvido, faria com que ele pagasse por cada gota de sangue do nossos pais que foi derramada — ele a apertou mais forte — Mas só você sabe como se conectar a ela, vocês duas sempre foram mais próximas. Seja lá o que for fazer, irmãzinha, estarei ao seu lado.

O amor e a lucidez de seu irmão fez com que a Atreides começasse a se acalmar, lembrando de sua mãe sorrindo para ela nos jardins, aparecendo para ela em Arrakis. Foi assim que ela se deu conta de como poderia entender melhor.

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Logo que encontrou Jéssica com as outras mulheres, a mãe de Paul sabia o que Sophie desejava. Não eram necessárias palavras para que seu desejo estivesse estampado, até mesmo o olhar faiscante de raiva demonstrou que a menina sabia o que deveria e precisava somente completar o que faltava.

— Eu me cansei de esperar. Eu quero ver, eu quero entrar no passado. Eu me cansei de esperar por respostas vindas dos outros, explicações escondidas por um jogo político ou o que tenham inventado.

Jéssica sorriu levemente e perguntou: — E o que você deseja agora?

— Eu quero a Água da Vida.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Capítulo concentrado mais na Sophie porque agora que as coisas vão ficar interessantes, já viram que não basta a menina controlar o Shai-Hulud, ainda descobre que a mãe foi assassinada pelo Imperador! E de quebra, seu pai também foi assassinado! Sophie não tem um dia de paz #forçaguerreira

E agora, ela vai beber a Água da Vida... o Império está cada vez mais pegando fogo!

Me digam o que estão achando, quero saber de tudo! Teorias, palpites, tô pronta para ler os comentários de vocês.

Até o próximo! 

Long Live - Paul AtreidesOnde histórias criam vida. Descubra agora