Capítulo 16

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No primeiro gole, Sophie sentiu como se estivesse pegando fogo.

Cada átomo de seu corpo, cada veia e cada pedaço de célula pareciam em brasa e ela estava sentindo isso, lentamente. Ela não conseguia raciocinar, seus neurônios derretiam e parecia estar transformando-a em água, pensar parecia doer e viver parecia ser um grande sacrifício do qual ela desejava abrir mão.

Sophie quis morrer.

Mas uma voz em sua cabeça fez com que ela começasse a pensar. Uma voz começava a lhe chamar e fazer se lembrar de um lugar: Antares.

A queimação no corpo de Sophie começou a dar lugar a um congelamento, a sensação de que estava sendo resfriada parecia um bálsamo enquanto a voz em sua mente lhe mantém sã para que ela pudesse lutar.

"Por favor, me ajude mãe" ela pensou e então, sua mente ficou nublada até que sentiu um calor tomar conta de seu corpo, mas diferente do que estava habituada em Caladan ou Arrakis.

E quando ela abriu os olhos, viu que estava em Antares. Especificamente, ela estava em em um litoral diante do mar sendo envolvida pelo ar salgado que vinha do horizonte azul. A descrição, por algum motivo, lhe lembrava de uma velha canção que ouvia quando era criança e estava na hora de dormir.

Há memórias no lugar. Onde o vento encontra o mar, lembre disso ao me chamar — cantarolou.

E ao se perder, vai se encontrar — Sophie se virou na direção da voz que completou a canção, e ofegou com o que via bem diante de seus olhos, da mesma forma que estava em suas lembranças — Olá, filha.

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— O que fizeram com a minha irmã?

A voz de Heitor estava furiosa e suas feições, preocupadas. A notícia de que Sophie tinha tomado a Água da Vida se espalhou pelo povo fremen e as reações foram diversas. Alguns, com a ajuda dos boatos de Jéssica, acreditavam que ela estava começando a entrar no processo de transformação para demonstrar melhor sua divindade, enquanto outros, acreditavam que ela estava morta.

Isso porque ela estava em um estado adormecido por mais de um dia.

— Ela está se preparando, Heitor — disse Jéssica quando viu o rapaz se aproximar do corpo de Sophie — E nada do que fizermos vai ajudar.

— Ela vai morrer!

— Não vai, ela está fazendo tudo como está escrito — Jéssica tentava amenizar a situação.

Heitor se dirigiu até Paul, com o olhar perdendo a fúria e estando mais próximo do medo: — Você deixou ela fazer isso, sabendo das consequências?

— Não gosto disso tanto quanto você, mas confio nela. É isso que está me mantendo esperançoso. Confie nela.

Heitor olhou de Paul para a irmã e resmungou, se afastando enquanto mantinha em mente o que o Atreides disse e torcendo para que a irmã não mudasse diante do que acontecia.

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— Mamãe... mas como isso é possível? — a garota perguntou olhando para a mulher em sua frente, e sem perder tempo, Sophie abraçou a mulher com a máxima força que pode sentindo o seu corpo quente e o perfume do qual preenchia suas lembranças — Você... você está viva?

— Não, não estou minha querida.

— E por que te vejo em Arrakis? Por que estou vendo-a agora?

— Estou viva em sua mente, em seus pensamentos e... na profecia. Isso é o que está me mantendo viva, estava esperando por este momento — respondeu a mulher, acariciando a bochecha da menina — Agora, você pode saber a verdade sobre tudo e todos.

Long Live - Paul AtreidesOnde histórias criam vida. Descubra agora