Capítulo 20

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A primeira que se pronunciou diante da fala de Sophie foi Irulan, com uma expressão confusa olhando a garota e o pai que estava ao seu lado.

— Vovô?

— Ela está mentindo — disse o Imperador tentando convencer a filha, mas falhando terrivelmente.

— Não estou, e sabe muito bem que não estou mentindo. Você... vocês dois — ela encarou a Reverenda Madre — Mandaram assassinar a própria filha de forma cruel, porque ela tinha se transformado em uma grande ameaça para seus planos — Sophie tentava falar com o nó que desejava se formar em sua garganta — E, principalmente, por ter sido contra eles. Sua própria filha. Sangue do seu sangue.

Sophie encarava o Imperador de cabeça erguida, mesmo que por dentro desejasse chorar ou gritar, ela precisava ser firme como sua mãe havia lhe dito enquanto estava sob os efeitos do veneno do verme de areia.

E ela continuou: — Ela exigiu o direito dela como herdeira para governar. Pediu que abdicasse porque já tinha uma linha de sucessão comigo e com meu irmão, mas você ignorou o pedido dela de governar e mudar o Império. Debochou, e mandou ela embora para matá-la no dia seguinte!

— Sua mãe era ingênua — disse o velho homem interrompendo a neta — Tinha conceitos de governo que não serviriam para um Império.

— Essa é a sua desculpa para que ela não assumisse o trono? Matá-la? — retrucou a Atreides — Porque se for assim, me mate como matou a minha mãe. Porque eu, Sophie Asterion Atreides, reivindico o meu direito de herdeira direta do trono do Império. Meu irmão passou a sucessão para mim, e agora, eu a quero.

O Imperador riu com escárnio e fez uma expressão de desgosto antes de dizer: — Você é igualzinha a ela quando veio me procurar pela última vez, com planos envolvendo as especiarias e formas de trazer vida para um planeta deserto. Sua mãe era burra!

CALE A BOCA — Sophie usou a Voz de forma alterada, fazendo com que o Imperador sentiu a garganta travada — Minha mãe não era burra. Ela pensava em como um governante de verdade deveria fazer. Por anos, os fremens sofreram nas mãos de homens brutais como você e os Harkonnen por conta da exploração de especiarias, então, nada mais do que justo acabarmos com elas, não acha?

— E como vai fazer isso? Me matar?

— Não seria nenhum sacrifício, você terá que pagar pela morte dela, do meu pai, do massacre ao meu planeta e também o que fez com os Atreides — respondeu a garota — Homens e governantes bons caíram por conta da sua covardia, nada mais justo do que pagar essa dívida de sangue e deixar o trono.

O Imperador olhou para Sophie, e também para Paul, antes de dizer: — Sabe por que eu os matei? Porque sua mãe, seu pai e Leto acreditavam que deveriam governar com o coração, mas o coração não foi feito para governar... em outras palavras, eles eram fracos.

A reação da garota foi imediata em segurar o Imperador pelo pescoço com o máximo de força que possuía. Os guardas logo avançaram enquanto os fremens também fizeram a proteção da Atreides, mas foi Paul que impediu uma tragédia maior segurando a esposa pela cintura. A troca de olhar do casal foi em milésimos de segundos, mas o suficiente para que Sophie compreendesse a mensagem e soltasse o Imperador, que tossiu buscando o ar que começou a perder.

— Enfrente-me ou escolha seu campeão — disse Paul, ainda segurando Sophie para que ela não fizesse besteiras ou se deixasse levar pelo sangue quente.

— Estou aqui, Atreides — disse Feyd-Rautha se apresentando enquanto olhava para Paul e Sophie — Preciso de uma espada.

— Aceite a minha — disse o Imperador.

Os dois se afastaram para o outro lado, ambos sabendo que agora seria o momento decisivo para tudo, além do risco de morte que Paul corria nas mãos de Feyd-Rautha em batalha. Gurney tentou tomar o lugar do filho de Leto, mas logo o pedido foi negado.

— Isso cabe a mim, Gurney.

Sophie entregou uma dagacris ao marido, e o abraçou. Eles sabiam o caminho, mas ainda era perigoso na percepção de ambos.

— Agora eu preciso que você seja um Harkonnen — a jovem sussurrou baixinho ao pé do ouvido de Paul — Faça-os pagar.

Paul apenas assentiu, cumprimentando os outros fremens e Heitor, logo se posicionou para a batalha. Sophie ficou ao lado de Chani e do irmão, tentando não demonstrar o nervosismo que sentia diante do que podia acontecer.

Um estreito caminho.

Eles tinham somente um estreito caminho.

— Fico feliz em te conhecer, primo — Paul falou com um tom de ironia que logo foi captado por Feyd-Rautha.

— Primo? Bom, não vai ser o primeiro parente que eu mato.

— Que sua faca entorte e quebre — disse Paul, fazendo o cruzamento de espada no peito e na testa. Feyd-Rautha o cumprimentou do mesmo modo, zombando das palavras que ouviu.

E então, a briga começou.

Os golpes eram rápidos, letais. Tentativas de enfiar a lâmina no peito ou na garganta do outro eram presentes nos primeiros segundos, até Paul dar uma cabeçada em Feyd-Rautha que fez com que o outro cambaleasse por instantes para trás, algo que Chani e Sophie comemorar baixinho.

Este movimento fez com que Feyd-Rautha ficasse ainda mais irritado e desejando matar Paul de forma brutal, assim como tinha feito com todos os Atreides na arena.

O combate se tornou ainda mais rápido, de modo que se piscasse os olhos, poderia perder algum movimento. Feyd-Rautha deu uma rasteira em Paul que o levou ao chão, e sua espada quase se cravou no peito do Atreides, mas felizmente ele o chutou a tempo para conseguir se reerguer, porém, um chute no peito atingiu o rapaz segundos depois o derrubando novamente e fazendo com que todos expressassem alguma reação.

O olhar de Paul se dirigiu a Sophie por segundos, mas isso não passou despercebido pelo Harkonnen que logo começou a debochar.

— Sabia que ela ia ser minha, Atreides? Será que é isso que ela está precisando? De um casamento com um homem de verdade?

Sophie respondeu: — Eu preferiria morrer do que me casar com você.

— Quando eu terminar aqui, te darei uma atenção especial e te colocarei no seu devido lugar.

Paul se irritou com a cena e partiu para cima de Feyd-Rautha, furioso pelo modo que ele se dirigiu a sua esposa. Mas isso fez com que logo, o rapaz recebesse uma espada cravada na lateral do seu corpo. Jéssica levantou da cadeira preocupada com o filho, e Sophie deu alguns passos em direção de Paul, mas logo Chani segurou a sua mão, ela não deveria intervir nas regras do combate.

O som dolorido que Paul soltava e a sua pequena pausa fez com que Feyd-Rautha se aproximasse, pegando o Atreides pelo cabelo e apontando a lâmina na direção de sua garganta. Paul o impediu, segurando a espada tentando raciocinar enquanto o cansaço e a dor começavam a tomar conta do seu corpo.

Um estreito caminho, somente um estreito caminho o salvaria da morte naquele momento.

Então, ele o seguiu

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Mais um capítulo com revelações! Não basta ela ser neta do Imperador, ainda é neta da Reverenda Madre! Alguém esperava por essa? Sei que na obra original a Jéssica é filha da Reverenda mas vamos ignorar isso aqui, ok? 

Sophie quase partindo pra cima do Imperador mas Paul a segurando, a briga e Feyd provocando o Atreides. E a Sophie pedindo pro Paul ser um Harkonnen somente na briga e ele aceitando? Ai amo um cadelinho da esposa. 

Me digam o que vocês estão achando, quero saber teorias, palpites e o que acham que vai acontecer no penúltimo capítulo (sim gente está acabando).

Até o próximo!

Long Live - Paul AtreidesOnde histórias criam vida. Descubra agora