Capítulo 22

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Os fremens logo começaram a se reagrupar e dividir a quantidade que iriam nas naves, prontos para atenderem o chamado de liberdade que Paul havia dado. A sala logo esvaziou, e Sophie ordenou que o corpo de Feyd-Rautha também recebesse o mesmo destino do tio, assim como o Imperador, embora a jovem achasse que os vermes do deserto poderiam ter indigestão com os dois.

Irulan junto com a corte estavam ali, observando sem saber o que fazer ou então, o destino que teriam. Sophie já tinha pensado sobre o momento, mesmo que sua vontade fosse de derramar cada gota de sangue da Casa Corino para vingar sua mãe, a expressão no rosto da princesa loira fez com que apenas um olhar demonstrasse que as duas precisavam conversar.

— Termine de organizar tudo, eu já volto — a garota sussurrou para Paul, que observou Irulan e a esposa antes de assentir.

Sophie apenas apontou para o corredor e Irulan entendeu que era para segui-la. Ambas caminharam para fora em uma distância confortável, Sophie sabia que ela não tentaria nada, estava lendo a mente de Irulan para preparar melhor seu discurso ou qualquer ataque surpresa da outra.

Assim que entraram em uma sala, Sophie fechou a porta e se virou para a princesa, dizendo: — Bem, diga o que quer me dizer e seja rápida.

— Eu... eu acredito que pedir perdão em nome da Casa Corino não seja suficiente — respondeu a princesa encarando as feições da sobrinha — Mas...

— Irulan, se pensa que irei lhe matar está errada — interrompeu a Atreides — Embora não me falte vontade, afinal... nunca fomos próximas, certo? Desde os tempos que estudávamos na irmandade, uma linha tênue de competição existia entre nós duas com o apoio, ou não, das Bene Gesserit. Talvez fosse a questão do trono sem que ambas soubessem.

— Eu tinha inveja de você, Sophie — confessou a princesa — Você sempre foi talentosa, era a favorita das professoras e eu... bom... aquilo me afetava, por ser a herdeira. Mas agora compreendo, talvez fosse o sangue sempre falando mais alto. O sangue de ser neta de uma Reverenda Madre e do Imperador, você é a Gaia de que tanto as irmãs falam.

Sophie não respondeu nada, apenas ergueu o queixo e disse:

— Você não será morta, se é isso que teme. Mas viverá em exílio com suas irmãs em Antares, onde meus olhos e ouvidos estarão te acompanhando a todo momento — declarou Sophie, vendo Irulan assentir.

— Agradeço a sua compaixão.

— A única cabeça que eu queria era do Imperador e dos Harkonnen, e você... pode ser útil em algum momento futuro — a Atreides disse sabendo que a diplomacia de Irulan podia ajudar no futuro quando houvesse alguns conselhos ou até mesmo, formar alianças através de casamentos.

Era bom ter uma peça extra no jogo do Império, e as filhas do Imperador, suas tias, seriam essas peças.

— Fico grata pela sua compaixão — Irulan estava mais aliviada — Mas... só lhe peço uma coisa.

— O que?

— Não me chame de tia, sou muito nova para isso.

Sophie riu levemente e concordou: — Não chamarei, titia.

O momento ficou leve por instantes, até que Sophie notou que os fremens estavam se aproximando de onde as duas estavam, um sinal de que deveria partir. A Atreides deu ordens para que levassem Irulan e a corte para seu antigo planeta natal, e antes que saísse, ouviu a loira lhe chamar.

— Cuidado. As Grandes Casas não serão fáceis de lidar.

— Não se preocupe, eu também não serei — respondeu a garota e antes de sair, completou: — Titia.

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As naves logo se encheram de fremens, levando o estandarte da casa Atreides enquanto Stilgar os liderava com um cântico que chamava por Lisan al-Gaib e Sihaya. Assim que as primeiras naves ganharam os céus, e Sophie observava Arrakis ficar cada vez menor, a garota sentiu braços em torno de si, sorrindo levemente por saber de quem se tratava.

— Estamos começando uma guerra que tanto esperavam de nós. Uma guerra que mudará tudo — ela iniciou a conversa se virando para o marido, agora limpo e trajando uma roupa fremen mas sem sangue ou sem areia — E nós vamos mudar o universo, Arrakis poderá se chamar Duna novamente ou qualquer outro nome depois que houver vida verde e água em abundância naquele planeta, podemos mudar tanta coisa, Paul.

— E mudaremos — afirmou o rapaz — Iremos mudar tudo. Mas nunca o que sentimos pelo outro, promete?

— Prometo. E quando isso começar a acontecer, de alguma maneira que eu espero que não aconteça, direi para você se lembrar deste momento... no fundo da sua mente — Sophie disse — Porque teremos uma vida longa depois de cruzar tantas muralhas, e sempre, sempre terei os melhores momentos da minha vida com você.

Paul e Sophie trocaram um olhar apaixonado antes de se beijarem verdadeiramente, jurando a si mesmos que nenhum poder, irmandade ou trono seriam maiores do que nutriam um pelo outro.

E que iriam nutrir até o fim de suas vidas.

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Long Live - Paul AtreidesOnde histórias criam vida. Descubra agora