009

35 4 0
                                    

— Aqui está seu pedido moça.

    Uma mulher de quarenta anos de cabelos e olhos castanhos estava estendendo um ispetinho em direção a bela moça, a mesma que a entregou algumas moedas antes de pegar o ispetinho para si.

    Penélope caminhava pelas ruas cheias de pessoas enquanto comprava diversas das comidas que eram vendidas por ali, por mais que ainda sentisse certa dificuldade para comer devido a má alimentação que teve durante praticamente uma década de sua vida.

    Com a boca cheia da maravilhosa carne do ispetinho, seus olhos negros devido a magia pararam de percorrer as ruas e se viram presos em uma barraca cujo o movimento não era muito, avia vários livros espalhados por toda ela e foram justamente eles que lhe chamaram tenção, o seu lado amante da leitura a forçou a caminhar até lá.

    Avia uma grande variedade ali, de livros infantis aos de economia e política, mesmo que os desses últimos fossem poucos, parecessem um pouco velho e fossem volumes iniciais. Bom, aquilo era esperado já que os livros mais avançados normalmente eram encontrados em barracas maiores, em livrarias ou na grande biblioteca "publica" da capital, que na verdade apesar do título de pública fazia uma grande separação entre os livros acessíveis a plebeus e a nobres, uma corrupção com a qual ninguém fora os próprios plebeus sem poder se importava.

     Analisando cada um dos livros os olhos da garota se arregalaram ligeiramente pela surpresa, a perplexidade em seu rosto ao encontrar-se com um objeto de seu passado. A capa de couro familiar desgastada pelo tempo, as folhas de toque suave cheias de palavras que lembravam o passado, aquele era o livro que sua mãe lia para ela anos atrás, provavelmente não o mesmo livro mas outra edição daquela história.

— Este livro, eu o quero- Mesmo que não fosse o mesmo livro, mesmo que não fosse ser lido por ela, Penélope o queria pois a fazia lembrar de sua mãe e era aquilo o mais valioso que ela poderia ter, as memórias dela.

    O homem que estava por trás do balcão olhou para ela e falou:

— Infelizmente não posso vendê-lo para você senhorita.

— Por que?

— Ele acabou de ser vendido.

     Como se já fosse planejado uma mão se estendeu ao lado esquerdo de Penélope assim que o vendedor terminou de falar, ela era grande e de dedos compridos completamente enluvados, pegando com suavidade o livro. Com os olhos Penélope seguiu da mão ao braço do indivíduo até por fim o olhar por inteiro.

     Era um homem, como o esperado, ele era alto e usava  uma capa negra cujo o capuz se encontrava em seus ombros permitindo a qualquer um analisá-lo e admirá-lo. Ele era alto então Penélope precisou levantar um pouco a cabeça para olhar seu rosto, de imediato seu olhar caio sobre o cabelo do mesmo, ele era branco o que a lembrou um pouco o de Winter, mas o dele parecia ser mais macio, sua pele clara combinava perfeitamente com seu cabelo, não tendo uma única marca ou mancha em seu rosto. Quando seus olhares se encontraram ela viu a fria indiferença  naqueles olhos vermelhos como o sangue, mas nenhum desprezo ou repulsa, aquele era um olhar que combinava com seu rosto estoico, ele era como uma estátua de mármore, uma obra de arte fria e assustadora.

    A impotência apoderou-se de Penélope, por mais que quisesse aquele livro não seria justo com aquele homem que o comprou se ela usasse sua magia para que ele o entregasse a ela.

    Sua distração no momento foi grande o suficiente para que ela não percebesse a mão com o livro, agora estendido para ela. Mas não demorou muito para que aquilo passasse e sua atenção fosse desviada para o homem de rosto estoico.

— O que...

— Você parecia muito interessada nesse livro, não sei o motivo e tão pouco me importo, só acho que esse livro ficaria melhor com alguém que o valorize mais do que eu o faria.

Minha Última Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora