Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 02

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A noite estava fria, e o vento sussurrava promessas sombrias enquanto eu me escondia nas sombras, apenas observando a casa arder

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A noite estava fria, e o vento sussurrava promessas sombrias enquanto eu me escondia nas sombras, apenas observando a casa arder. O cigarro entre meus lábios crepitava suavemente, a fumaça subindo em espirais preguiçosas que se misturavam ao ar pesado de cinzas e fuligem.

A visão do fogo me encantava. As chamas dançavam selvagemente, consumindo tudo em seu caminho. Pareciam vivas, famintas, devorando as paredes e o teto, reduzindo a madeira a carvão e cinzas. O calor era intenso, e mesmo à distância, eu sentia seu abraço morno no meu rosto, uma estranha carícia em contraste com a frieza da noite.

- Apreciando o espetáculo? - Octavia perguntou com um sorriso misterioso brincando em seus lábios, anunciando a sua presença. - Uma bela maneira de encerrar a festa. - Havia um brilho cúmplice em seu olhar, como se ela compartilhasse a mesma satisfação sombria que eu sentia.

Não respondo imediatamente, deixando o silêncio se estender entre nós, e por alguns instantes, nossos olhares apenas permanecem fixos no inferno que se desenrola diante de nós.

Ela parece entender a minha falta de resposta e também se cala, deixando o silêncio envolver-nos por alguns instantes. Mas logo percebo a inquietação em seus movimentos, como se estivesse se esforçando para permanecer quieta.

- Por que você não pode sair de Thunder Bay agora? - Ela finalmente pergunta o que parece atormentar seus pensamentos, me encarando com um misto de apreensão e curiosidade.

No entanto, mesmo diante do seu questionamento direto, eu permaneço em silêncio, sem oferecer uma resposta. Talvez seja o peso das minhas próprias razões, ou talvez seja a simples falta de vontade de compartilhar.

- Porra Madden, responda a maldita pergunta! - Ela explode em frustração diante do meu silêncio prolongado, suas palavras carregadas de raiva e impaciência.

Por um instante, uma surpresa disfarçada passa pelo meu rosto, mas logo é substituída por uma expressão de desdém.

Eu a encaro com um olhar penetrante, antes de responder com calma. - Não é da sua conta, Octavia. Fique calada. - Minhas palavras são afiadas, cortando o ar entre nós enquanto o fogo continua a consumir a casa ao nosso redor.

O silêncio que se segue é pesado e carregado de tensão, deixando claro que a verdade permanecerá enterrada sob a superfície.

- O que há de errado com você? Acha que está falando com quem? - Ela dispara suas palavras com uma mistura de incredulidade e frustração.

Eu apenas apago meu cigarro, expressando minha impaciência com o assunto enquanto seus olhos me desafiam, e antes que eu possa rebater, ela se afasta, deixando-me sozinho com meus pensamentos carregados com o peso das verdades não ditas.

Apesar da minha aparente distância e desapego, um fato inegável permanece: já derramei sangue por ela e faria novamente, se necessário.

É um compromisso sombrio que transcende as fronteiras do raciocínio lógico e das emoções superficiais. Mas que não seriam expostos depois de notar que os seus gestos, antes tão inocentes, agora parecem carregar um peso indesejado.

THE LEGACY LEFT - DEVIL'S NIGHTOnde histórias criam vida. Descubra agora