Chapter 1: Regression To The Mean.

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Beacon Hills, 2018.

Scott estava parado em frente ao espelho, observando sua aparência: a barba por fazer e o cabelo um pouco grande demais para o seu gosto. Quase um ano se passou desde a derrota do Anuk-ite, e agora estava na hora de voltar à vida normal, ou pelo menos tentar ter uma vida normal.

Daqui a uma semana, todos iriam para a faculdade, mas Scott ainda tinha seus receios. Monroe ainda estava à solta e tinha caçadores leais ao seu lado. Apesar da calmaria que tomava conta de Beacon Hills, ele temia que a caçadora estivesse esperando o momento certo para voltar e se vingar da alcateia. Afinal, nada é ruim ou bom para sempre. Uma hora tudo volta ao meio-termo, e no momento, as coisas estavam boas demais.

Scott soltou um suspiro, deixando seus pensamentos de lado. Passou a mão por sua mandíbula e sentiu os pelos espetarem sua pele. Fez uma expressão desgostosa e abriu a gaveta do armário embutido na pia do banheiro, mas antes que pudesse pegar seu aparelho de barbear, escutou um ruído vindo da varanda do seu quarto. Seu coração acelerou e a adrenalina começou a correr por suas veias. Ele fechou o compartimento e saiu do banheiro a passos lentos. No caminho, pegou seu antigo taco de lacrosse encostado na parede, posicionando-o acima dos ombros e apertando as mãos no bastão com força.

A varanda, que também dava para a floresta de Beacon, estava iluminada apenas pela lua crescente. Scott olhou ao redor e não encontrou nada anormal. O único ruído ali era dos insetos e do vento balançando as folhas das árvores. Porém, quando se inclinou para checar a parte da frente da varanda, deu de cara com Stiles pendurado de cabeça para baixo em sua calha.

“Aaaaahhhhh,” gritaram em uníssono.

“Que porra, Stiles! O que você tá fazendo!?” Scott abaixou o taco de lacrosse, o coração ainda martelando no peito, agora tomado por uma mistura de alívio e irritação.

“Você não tava atendendo o telefone… O que é isso? Taco de lacrosse?” Stiles torceu o rosto para o objeto na mão do amigo. “Cara, eu preciso mesmo ficar te lembrando que você é um lobisomem?”

“O que você quer, Sti?” Scott indagou sério, tentando disfarçar seu embaraço.

“Vim te buscar pra nossa última aventura antes de voltarmos para a faculdade,” disse Stiles, exibindo um sorriso travesso. Com uma cambalhota, ele desceu da calha e foi até a cerca da varanda.

“Agora?” Scott arqueou uma sobrancelha.

“Não, amanhã,” Stiles respondeu com sarcasmo.

Scott coçou a nuca, confuso.

Stiles revirou os olhos. “É, Scotty, agora. Eu não estaria aqui, se não fosse agora.”

“E pra onde a gente vai?” perguntou o lobo.

“Isso, meu amigo, é surpresa,” Stiles impulsionou o corpo e pulou para dentro da varanda. “Mas primeiro, a gente precisa se livrar dessa barba,” gesticulou com cara de nojo para o rosto do amigo.

“... você tá parecendo um lobisomem, cara.” Stiles falou, enquanto arrastava o amigo para o banheiro pelo pescoço, sua mente já maquinando a próxima loucura.

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Depois de declarar que seu amigo estava minimamente apresentável – pois na opinião de Stiles o lobo também precisava aparar a juba – Stiles os guiou até o mirante que ficava na reserva da cidade. Era o mesmo mirante onde, seis anos atrás, ele havia levado o amigo para se embriagar e esquecer a desilusão amorosa – ou “tempo”, na visão deturpada de um garoto de quinze anos estupidamente apaixonado.

Naquele dia, apenas ele ficou bêbado. O metabolismo de lobisomem do alfa neutralizava o álcool muito rapidamente. Mas Stiles pretendia mudar isso nesta noite.

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐆𝐄𝐌'𝐒 || 𝐓𝐄𝐄𝐍 𝐖𝐎𝐋𝐅Onde histórias criam vida. Descubra agora