Capítulo 33

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Noah

Eu gosto daquele garoto a tipo muito tempo, eu me vi nele a anos atrás quando estive aqui da última vez e nunca o esqueci, eu queria ter ele pra mim de um jeito ou de outro, eu queria que ele me quisesse também na mesma intensidade que o quero, mas acho que Maicon nunca sentiu o mesmo que eu sentia desde o começo, desde que descobri que era bem próximo de Nicolas não pude perder o oportunidade, nunca tive sucesso quanto a isso

Mas eu não aceito

Voltei pra casa e vê-lo apenas alimentou a chama que já queimava dentro de mim

Como é possivel alimentar um sentimento sem alimento e tão pouco sinais de retribuição? coloquei em minha cabeça que era essa a hora que o teria pra mim e nada ia me impedir

Nada até o momento...

Eu não sei oque aconteceu, não sei porque de Nicolas está todo encharcado de sangue e me olhando com essa cara de pena, mas de algum jeito sei muito bem que é dele, não espero que ele me explique alguma coisa apenas passo pelo mesmo indo em direção a casa e abrindo as portas abruptamente, aquele cheiro metálico que me causa tanto pavor invade minhas narinas, me obrigo a seguir o rastro até chegar na cozinha meio bagunçada

Eu pude sentir algo dentro de mim travar e ficar imóvel feito uma pedra, engulo seco, parece que estou engolindo espinhos diante daquela cena assustadora

- Maicon- me mexo no mesmo momento em que seus olhos piscam lentamente

Corro até as gavetas vasculhando tudo até achar um pano e volto até o mesmo praticamente me jogando no chão enquanto estancava o maior dos ferimentos

- Maicon, ei! Oque aconteceu? Quem fez isso?- aqueles seus olhos pelos quais sempre me perco na imensidão me encaram confusos e um tanto perdidos parecia que se pergunta algo silenciosamente

- Responde, caralho!

- Noah

O cara tá morrendo e a primeira coisa que ele pronúncia é a porra do meu nome, nem foi isso que perguntei

- Tá fazendo oque aqui?- sua voz sai fraca e arrastada trazendo uma sensação de cansaço por parte dele

- É sério? Isso importa agora?- permaneceu em silêncio, me concentro no pano contra o seu ferimento

Ah, quando eu achar o filho da puta ele tá fudido

Olho ao redor procurando alguma pista do que tenha acontecido e as únicas coisas que percebo são sinais de luta

- Você não vai nem me deixar morrer em paz? Isso que eu chamo de persistência- riu vagamente da própria "piada"

- Para com isso, para de fazer pouco caso é você quem está aqui jogado no chão jorrando sangue

- Cara...eu já morri. A diferença entre mim e você é que eu já aceitei

Respiro fundo puxando todo o ar que posso e buscando paciência para esse momento deprimente

- As vezes eu acho que você se faz de idiota ou de cego ou sei lá oque você se faz quando me olha

Dou uma pequena pausa para engolir o nó que se forma na minha garganta

- eu tô aqui porque te amo porra, se Nicolas aparecesse em minha frente de novo todo ensanguentado e fosse outra pessoa no seu lugar eu estaria pouco me fudendo, mas é você, você quem está indo embora sem mais nem menos e parece estar conformado com isso

Abaixo minha cabeça deixando uma lágrima escapar, eu me permito chorar agora, acho que é o momento

- E eu nem consegui oque eu queria, eu nem cheguei perto de conseguir, eu jurei que nada ia me impedir e olha onde estou agora

- Oque você queria?- sorrio diante da sua pergunta

- Olha só você de novo... Agindo como de nada estivesse acontecido, como se tudo que eu demonstrei não tenha significado algum. Eu queria que você gostasse de mim de volta, queria que me amasse do mesmo jeito eu e queria...queria que me visse de forma diferente

O silêncio se instala naquela cozinha de uma forma assustadora, era como se não tivesse nada lá, apenas um local vazio

Eu sinto que não vou me arrepender de ter dito tudo assim tão direto, acho que quando sabemos que não vamos ter a chance de novo acabamos por fazer oque tanto nos afligia e bem ...Oque vier depois não vai nós atingir consequentemente

- Parabéns- soltou essa do nada cortando a paz do lugar, olho pra ele que estava encarando o teto freneticamente quase sem piscar

Procuro entender sua fala por alguns minutos não conseguindo relacionar com nada que faça sentido

- Oque?

- Você conseguiu e nem percebeu. Eu nunca neguei nada desde da primeira vez que nós vimos então achava que como uma pessoa racional que você é iria pegar a resposta- pausou para respirar- bom, eu não vou ficar mesmo, aqui vai. Eu gosto de você, Noah Axel

Me levanto num sobressalto assim que ele termina ainda tentando ver se oque eu ouvi procede com oque ele disse, se eu não estiver alucinando talvez esteja certo

Mas que tipo de pessoa espera que a outra simplesmente dê uma de mágico e adivinhe oque ela pensa? Nem em todas as ocasiões possíveis eu iria ter em mente que ele nunca tenha precisados dizer algo sobre, no momento não dou muita atenção a esse fato e sim apenas foco no que ele me disse

Uma coisa me invade, uma onda de emoções e perguntas sem respostas, eu tenho tanto pra dizer eu...

- Maicon?- paro de rolar em pensamentos quando vejo seus olhos de fechando gradativamente- Ou, Maicon!- me abaixo novamente depositando leves batidas em seu rosto - Não fecha os olhos, Maicon por favor!

Parecia que ele não estava mais me ouvindo já que não demonstrava nenhum sinal de consciência mesmo com os olhos ainda pra fechar

- Não pode fazer isso, não depois de agora, ei!- cutuco seu corpo de forma monótona e lá e pra cá só pra ver se ele reage não recebendo nenhum sinal em resposta

Sou obrigado a ver eles se fechando até não sobrar mais nada, com um último fio de esperança colo meu ouvido em seu peito ouvindo o assustador som do silêncio

Obsessão De um tigre Onde histórias criam vida. Descubra agora