02 - Novo lar

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Asterin

A cada segundo dentro do carro, mais meu coração palpitava.

Jo dirigia na direção do campus, se ofereceu para me dar uma carona, mas eu mal podia esperar o momento de finalmente me ver livre. Morando em um lugar diferente, vivendo uma vida completamente diferente!

— Você ainda tem o cartão da minha conta. Pode ficar à vontade para usar. — Jo sugeriu e eu apenas concordei com a cabeça.

Lá estava a falsa bondade.

Desde sempre tive acesso a todos os luxos com o cartão de crédito da família Togame, mas também sempre fui monitorada de perto. Eles faziam questão de saber exatamente tudo o que eu tinha comprado e por onde eu tinha passado. Não jogavam na minha cara e não se importam com valores.

Se importam com independência. Sinto que não querem que eu a conquiste.

— Bom, chegamos. — Ele estacionou na frente do prédio que seria meu novo lar. — Eu te ajudo a levar as malas.

— Não precisa se preocupar.

— Estão pesadas. Eu ajudo.

Ele insistiu e eu decidi que era melhor não contrariar.

Enquanto Jo tirava minha bagagem do porta-malas, me permiti parar por um instante e observar a fachada do meu novo lar. Um prédio de seis andares, todo pintado num tom marrom claro e com detalhes ao redor das janelas. Muitas estavam abertas, permitindo que cortinas voassem para fora.

A grama era verdinha e tinham diversos carros e motos estacionados, provavelmente pertencentes aos moradores. A escada que dava acesso a porta de entrada era larga e convidativa, e as duas portas vermelhas abertas me convidavam para entrar.

— Vamos? — Jo me chamou e eu peguei a mala de rodinhas.

Subimos e me deslumbrei novamente com o hall de entrada. O piso de mármore estava curiosamente limpo e brilhante, as paredes pareciam recém-pintadas e os quadros cheios de cartazes com divulgações de trabalhos, eventos e frases motivacionais para estudantes. Não pude evitar o sorriso.

— Ah, o elevador tá fora de serviço. — Jo estalou a língua no céu da boca. — Vamos pela escada.

Decidi não falar nada, afinal, meu dia tinha tudo para ser perfeito e eu não queria estragar irritando-o, então fui gentil, agradável e mansa com tudo o que ele sugeriu.

Assim que chegamos no terceiro andar, fomos até a porta do quarto 313 e eu agradeci Jo por ter me ajudado.

Por alguma razão, ele decidiu não passar mais tempo lá. Apenas se despediu de saiu. Eu não poderia estar mais feliz!

— Finalmente! — Sorri.

Engoli em seco. Eu teria uma colega de quarto e estava ansiosa para conhecê-la. Só conseguia torcer para nos darmos bem, mas meu coração insiste em palpitar sem parar. Entretanto, ela não tinha chegado ainda.

O quarto estava completamente vazio.

— Acho que posso escolher meu lado, então. — Sorri.

Nunca tive a chance de fazer muitas escolhas na minha vida, então as poucas que me foram lícitas, eu abracei com prazer.

O canto esquerdo me pareceu mais convidativo. Eu receberia o sol do fim de tarde na cama e isso foi o que me conquistou. Gastei algum tempo desfazendo minhas malas e ajeitando minhas coisas até que aquele cantinho se parecesse um pouco mais com um lar.

O Estertor dos PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora