Na Boca do Lobo (Omegaverse)

13 - Saudade

                     🐺DANTE🐺

Ainda não faz muito sentido em minha mente. Na época, Fê sumiu por mais de três dias e todos diziam que ele foi adotado.

Quando Antonio, meu secretário ligou avisando que tinha completado sua segunda tarefa meu mundo caiu. 

“É um ômega sem sobrenome e sem família senhor, viveu até a maioridade em um orfanato e depois tem registros por alguns albergues; não tem nada em seu nome a não ser uma conta no banco e o único outro registro disponível é em uma delegacia por ter sofrido agressões e uma tentativa de estupro”

Com sua experiência e nossos recursos, sei que o beta nunca estaria enganado; eu realmente me confundi, não errei a pessoa como Fellipo pensa, mas errei a história e ao ouvi-lo confirmar isso foi horrível.

Quanto mais errei ?

Não sei como perguntar as coisas que quero realmente saber e não tenho coragem de contar o motivo de tanta raiva. Não sei como falar que ao revê-lo me senti traído novamente, que ele era a pessoa mais importante da minha vida e que quando pensei ter sido trocado por uma família que nem conhecíamos foi doloroso demais.

Ainda me lembro das promessas, de todas elas.

Mas agora não posso simplesmente chegar nele e contar quem eu sou, se ele já me odeia por tudo que fiz até aqui, sabendo quem sou nunca irá me perdoar.

Ajudei Fellipo quando precisou ir ao banheiro e o alimentei, mas não consegui mais encará-lo ou dizer uma palavra sequer.

– Está tudo bem ? – me perguntou quando eu passava pelo quarto, me obrigando parar e responder 

– Está sim. Vou ir no seu apartamento buscar suas coisas, provavelmente não vou conseguir trazer tudo, tem algo que é prioridade ? – perguntei

– hmm – fez um biquinho e apertou os olhos enquanto pensava – cuecas e desligar a geladeira; o restante você escolhe

– Ok

– MEU LIVRO – gritou desesperado quando eu já estava na porta

– Seu livro molhou Fellipo, acho que não dá mais para ler 

– Verdade – falou abaixando os ombros com uma expressão de desgosto – então não tem mais nada mesmo – ao terminar, puxou a coberta sobre a cabeça e se virou de costas.

                        🍃🍃🍃

Chegando no prédio passei  por Agenor que me olhou com desconfiança, não parei para dar explicações e ele também não teve coragem de me parar para questionar qualquer coisa.

Não sei para que serve um porteiro que deixa qualquer um entrar  sem identificação.

O apartamento ainda tem nossos cheiros misturados, lençol no chão e dando alguns passos a mais, acabei pisando na foto que enviei para Fellipo. Rasguei em inúmeros pedaços como se pudesse apagar a ameaça contida nela, mas já é tarde demais.

Abri a mala que trouxe comigo em cima da cama e fui procurar por roupas; peguei todas as cuecas, a maioria de bichinhos, o que me tirou uma boa risada.

O livro, como eu já imaginava, não é possível de ser lido mais; quanto a isso sem problemas, posso substituir.

Após pegar algumas roupas, me sentei na cama pensando o que mais seria importante, ômegas são diferentes, posso estar deixando passar algo. 

Já sei para quem perguntar! Embora tenha nascido em um corpo alfa, papá Lorenzo é um ômega; seu coração, mente, instintos… um ômega sem dúvidas.