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MERYEM
Dormi relativamente bem, se desconsiderarmos os pesadelos com pedaços de corpos do dia anterior tenham atormentado parte da noite. Como num passe de mágica, porém, a minha cabeça arrancada por Kyle Strong, viu-se novamente no lugar, apreciando um banquete na casa do governador, com Hazel Fritz. Ah, o poder dos sonhos.
Acordando, reflito que o único banquete que desfrutaria na casa dos Strong seria o da minha morte. Surpreendentemente, desperto muito mais cedo que o de costume, perto das quatro e meia da manhã. Levanto quase dez minutos depois e demoro no banho. Demoro ainda mais para comer o pão duro com geleia de morango feita por fim — por isso, está horrível. Depois, troquei de roupa.
Não estou com nada diferente do dia anterior, com uma única ressalva para a camisa cinza, diferente da preta do dia anterior. Qualquer um que lembrasse de mim do outro dia, pensaria que eu não lavo roupas.
Não aviso Hazel, no entanto, quando vou para a Rua do Comércio. Ela deve imaginar meus planos, então, não deixo nenhum aviso. Pretendo aproveitar o tempo até encontrá-la para conseguir mais dinheiro. Talvez, até comprar roupas novas, de outras cores.
Com olhos atentos, observo consumidores e comerciantes. Em plena manhã de terça-feira, as pessoas trabalham como nunca no ano. Claro que decepciono-me com o público, majoritariamente pobre. Na maioria das vezes, os ricos vão ao mercado nobre quando querem. A plebe não.
Para não cometer erros com pessoas na mesma situação econômica, preciso ser seletiva com os que mais parecem abastados. A barraca de sorvete é a primeira ignorada. Que rico se importaria em gastar míseros cinco quiens de bronze em um potinho de sorvete com aquela fila enorme?
Vou logo para a barraca de artigos caros, provavelmente falsos, mas que atraem clientes com mais dinheiro. Não é difícil passar pela multidão com a mão leve; trato de esconder algumas coisas na bolsa e uma das carteiras no bolso da calça, a mais recente, por não ter tempo de passar para o próximo esconderijo.
No fim, porém, nada do que consegui sequer pagava o meu café da manhã. Ainda eram oito e meia da manhã e essa gente já se encontrava zerada. Suspiro e volto um pouco do caminho, sem esperanças de comprar algo novo para mim hoje. Sento na escadinha de uma casa, encolho os joelhos e apoio a cabeça na minha mão.
— Me arrisquei à toa — murmuro para mim mesma, enquanto fito o chão.
De repente, uma sombra passa por mim e cobre quase todo o sol matutino que bate forte contra meus cabelos castanhos claros. Quando volto a minha cabeça para de onde aquilo veio, dou de cara com ele. Está indo para a fila de sorvetes. Apesar da ironia, ele é perfeito, meus olhos brilham quando o enxergam. Além de velho e gordo, veste roupas que eu demoraria uma vida para conseguir pagar. Só vai notar o sumiço do seu dinheiro quando eu já estiver contando as sobras.
Mesmo assim, hesito. Parece distraído, fácil demais. Observo-o mais um pouco, antes de ser movida pela ganância até ele. Não há soldados fardados nas redondezas, portanto, prossigo. Vou para o último lugar da fila, logo atrás do ricaço. Discretamente, aproximo os dedos da carteira soltando moedas para fora.
Então, estando há poucos centímetros do meu objetivo, sinto uma mão agarrar o meu pulso e puxar-me para trás. Engulo em seco e preparo-me para qualquer que seja o soldado. Finalmente olho para ele.
— Sabe o que é feito com quem é pego roubando, senhorita? — A voz do soldado me faz congelar. Talvez, até empalidecer. Eu sei quem é, mesmo desconhecendo o seu nome. É quem salvou Hazel de Kyle. — E ainda por cima, com quem tenta roubar um diamante aposentado? — Ele me encara de cima, enquanto aperta-me o pulso forte o suficiente para não deixar eu fugir.
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𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄
Fantasy𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄 | 𝗠. 𝗩. 𝗪𝗜𝗦𝗡𝗜𝗘𝗦𝗞𝗜 ❝𝘕𝘢̃𝘰 𝘩𝘢́ 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘦𝘳 𝘧𝘦𝘭𝘪𝘻 𝘦𝘮 𝘶𝘮 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘵𝘢̃𝘰 𝘤𝘳𝘶𝘦𝘭.❞ ...