𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄

ֹ 𖤓 ̸࣭ 𝐄 𝐈 𝐆 𝐇 𝐓 𝐄 𝐄 𝐍 :: o pior entre os piores

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HAZEL

Meryem está na sala de Awen Strong há mais de trinta minutos. Pergunto-me o que ela pode estar falando, à medida que repasso as palavras de Ranedhel Altena — meu novo mentor. "Seja convincente, nem que precise puxar o saco dele", disse no dia anterior, a cara carrancuda habitual. Ele é conhecido pelas missões sangrentas, mas também por ser um estrategista brilhante.

Depois, observo minhas roupas. Nunca imaginei que teria trajes tão finos, de tecidos tão macios quanto os da saia, camisa e corset que uso agora. Meus cabelos nunca estiveram tão limpos e bem penteados como agora e eu posso considerá-los meu maior orgulho, a parte do meu corpo que eu mais adoro.

Sinto-me até mais inteligente, agora, após aulas breves sobre política, história, linhagens... meu sangue. Mas ainda não basta, quero saber mais, preciso conhecer mais.

Os outros soldados passam e passam, mas parecem reparar apenas no fato de eu estar esperando para falar com Awen, sem a parte do olhar torto por conta de Vriphhan. Neste momento, olho para o soldado Platina, sem brasão de linhagem, ao lado da porta do escritório do governador.

Não sei há quanto tempo está me observando, mas pior do que isso, é eu não ter percebido desde o início.

Abro a boca para dizer algo a ele, perguntar, mas Meryem abre a porta e sai no segundo seguinte. Olha para mim brevemente e passa para os corredores, silenciosa, deixando-me ainda mais insegura, incerta e com dúvidas sobre o que me aguarda do outro lado da porta. O medo tenta dominar meu corpo, mas não deixo que faça, porque Sundior depende de Meryem, Bianca, de mim para ser livre. Eu não vou desistir agora.

— O grande governador, Awen Strong, senhor de Sundior, líder das dez províncias e supremo de sua linhagem, está pronto para vê-la — o soldado Platina anuncia, impassível.

Atravesso a porta ofegante, hesitante. Olho para todos os lados e, graças aos Deuses, Kyle não está aqui. Então, curvo a cabeça ao governador.

— Hazel Fritz — meu nome saindo da sua boca me faz estremecer. Apesar do rosto diferente, a voz mais velha e grossa consigo ver apenas Kyle nele. — Achei que seus olhos fossem mais achatados.

— Senhor — digo, suave, ignorando o comentário. Tinha que ser.

Awen sorri.

— Venha, sente-se — pede, fazendo sinal com as mãos. Finge gentileza tão bem que eu acreditaria se não soubesse a verdade. — Como está?

— Bem. E o senhor?

— Ótimo, agora.

Cretino.

— Eu vi você e sua amiga na semana passada — assegura. — Gostei da performance, levemente deslumbrante.

— Não fizemos mais do que o que fomos para fazer — uso o que Ranedhel disse a respeito de bajulações e puxa-saquismo. — O senhor é muito gentil.

O governador sorri e mantém a feição satisfeita no rosto. Perfeito, Bianca diria.

— Senhorita Fritz, — ele levantou —, a senhorita tem um grande futuro sendo minha colaboradora em Sundior.

Desde pequena, fui boa em fingir emoções. Se não fosse por meio de roubo, meu último recurso sempre foi implorar enquanto torcia para que me visse como uma menina abandonada e assustada. Então, embora queira queimá-lo, não esboço outra coisa senão fascinação, admiração.