ֹ 𖤓 ̸࣭ 𝐄 𝐈 𝐆 𝐇 𝐓 :: a bandeira

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HAZEL

O adversário verde geme de dor e cai, enquanto tenta arrancar a flecha incrustada na perna. Saio de trás da árvore de grande tronco, onde estava escondida, e o encaro.

— Não arrancaria se fosse você — olho-o. — Não sem algo para o sangue depois.

Ele não é um inimigo dentro apenas do jogo. Esse rapaz fez o meu quarto ano em Sthenos um verdadeiro inferno, insistindo sempre em lutar contra uma criancinha de treze anos — por isso ainda é prata. Mas nem por isso, deixarei que agonize.

— Você vai pagar, vadia — afirma. — Vadia vriphhana! — Encara-me com olhar flamejante, como se estivesse cara a cara com um Sentinela Fantasma.

Neste instante, outro soldado aparece, portando uma espada e uma calvície precipitada. Deveria tê-lo deixado com dor. Apesar de demonstrar coragem, meu maior medo é que eles tragam Kyle Strong junto a eles.

— Vamos entregá-la ao Kyle! — Sugere o soldado em pé, enquanto se aproxima e aponta sua lâmina contra minha cabeça. Filho da puta.

— Nem ferrando! — O outro, ferido no chão, retruca. — Tem milhares de olheiros aqui, se pegarmos a líder dos vermelhos...

— Pelo menos vamos ter o reconhecimento do herdeiro do governador! — Este abaixa a espada para brigar com o parceiro, aparentemente conhecido dele. Desvia totalmente o olhar da adversária e desfoca o objetivo.

Observo-os discutir. Enquanto estão ocupados decidindo o que farão comigo, atiro outra flecha, esta no que chegou por último. Ele solta um grito e olha para a perna, trêmula, enquanto as mãos tremem e seu corpo cede como gelatina no chão. Afasto-me dois passos.

— Viu o que você fez? — O outro acusa.

— Cala a boca! Olha para você! — retruca o segundo a ser ferido.

Estou pronta para debochar, ou fazer algum comentário sarcástico o bastante para ganhar dois inimigos a mais, quando ouço passos, talvez de mais verdes. Eles se tornam mais intensos, altos e rápidos.

Corro para longe.

Não para fugir, eu acho, mas para ir em busca do objetivo central da competição: a bandeira vermelha. Meryem estará lá em breve — se os Deuses quiserem.

É quando Kyle Strong aparece. Sem que eu perceba e antes que possa reagir, ele agarra-me pelos braços e empurra meu corpo contra uma árvore. Derrubo meu arco e quase faço o mesmo com o porta-flechas — aljava.

Bato as costas contra a madeira dura e solto um grunhido de dor. Kyle solta os braços e trava meu corpo com o joelho, enquanto pressiona minha cabeça para trás ao segurar meu pescoço com uma das mãos e apertar as laterais com as pontas dos dedos. Mal consigo respirar.

— Acha que pode me vencer, bastarda? — Indaga, a voz baixa, apressada e furiosa.

— Não sabia que era você — digo, com dificuldades. — Nunca foi minha intenção lutar contra você.

Observo-o me encarar, desejando a minha morte, mesmo sabendo que não pode fazer isso aqui. No entanto, ao invés de continuar com acusações, parece ter um momento de lucidez quanto ao jogo:

— Renda-se — ordena.

Engulo em seco e o fito de volta. Estou começando a odiá-lo de verdade. Nunca parei para pensar em Kyle Strong, filho do grande governador, Awen Strong, senão para mencionar o quão poderoso é apenas com vinte anos. Não gostava, mas também não desgostava, porque não cabia a mim julgar o herdeiro da linhagem mais poderosa de Sundior. Agora, no entanto, detesto ele. Isso se encaixa como crime ou ato de oposição?

𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora