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MERYEM
Levei um tempo até acostumar com as roupas novas. O azul-escuro com preto me deixa como todos os outros, mas talvez aqueles dois tenham errado o meu tamanho. É apertado, quente. Demorei para aprender a caminhar com essa coisa sem ter a sensação de estar rasgando.
Limpo a espada dos fiapos de palha do boneco e levanto depois de matá-lo.
— Nossa — ouço alguém sibilar, muito próximo a mim.
Viro-me para trás, em busca da voz. De cara, vejo uma garota à minha frente, sorrindo. Olho-a de cima a baixo: suas roupas são como as minhas, porém, com um brasão: Linhagem Kreel - terra.
No fim, sua aparência entrega de onde vem; as sardas misturadas a cabelos caramelos trançados e olhos verdes em uma pele clara diz claramente que cresceu com os fazendeiros e agricultores de Sundior. Em Sthenos, os Kreel costumam vender o que cultivam e criam. Os mais gentis doam a crianças como eu, portanto, considero-os mais bons que qualquer soldado daqui.
— Ele nem teve chances — brinca, enquanto se aproxima.
— É, eu amassei ele — forço um sorriso.
Não sei para Hazel - escancaradamente mais natural que eu, embora tão falsa quanto -, mas para mim é simplesmente quase impossível fingir gostar de todas essas pessoas, soldados de Awen, que matam inocentes todos os dias, sujam as mãos em nome de uma pátria inexistente e cultuam símbolos falsos. Louvam aos Strong.
Apesar de gentis, eles ainda são cegos, leais ao vilão do país e, aqui, não tenho tempo para qualquer amizade, por interesse ou não.
— Meu nome é Celina — diz, simpática, enquanto estende a mão.
— Meryem — estendo a minha também.
— Prazer, Meryem!
Assinto ligeiramente com a cabeça e penso em fazer a primeira coisa que vem à mente: fugir para um esconderijo de descanso, próximo ao campo de treinamento, mas com sombra e gramado o suficiente para tirar um cochilo. A ideia não parece nada mal, até que...
— Venham todos até aqui! — Leny Solomatin, braço direito do Ministro da Guerra e líder do Bloco, chama todos para a área de combate, um retângulo de areia muito parecido com o de Sthenos, porém, menor. Ah, eu não tenho boas experiências com isso.
Da última vez, uma amiga quase morreu.
Aproximo-me dos outros e busco lugar na frente, enquanto todos os outros soldados também vêm e Celina Kreel segue-me até a ponta do retângulo.
Olho para Leny. Ele é, no mínimo, esquisito. Solomatin é a linhagem mais colorida, animada, festeira e simpática de Sundior: a definição de arco-íris. Mas o Platina se encaixa apenas na parte das festas, porque é mal-encarado, sério e antipático.
— Quero que vejam o que acontece com traidores, quando encontramos um aqui! — Exclama, esboçando o sorriso sádico característico de toda luta na qual ele massacra o recém-formado Platina.
Meu coração erra a batida, sinto que a qualquer momento, soldados vão aparecer por toda a parte e me prender sem que eu tenha a chance de fugir e cobrar as promessas de proteção de Bianca Snow. Engulo em seco e tensiono o corpo, quando Leny me encara nos olhos mortalmente, como se quisesse arrancar-me a pele.
— Tragam-no — ordena aos outros, no entanto.
Três soldados aparecem. Em suas mãos, há correntes mais grossas que os meus braços; elas arrastam um homem com mais de dois metros de altura, três vezes o meu tamanho e cinco o de Hazel. Eles arrastam Rhosma Addrigon, um dos nossos. Como conseguiram pegá-lo? Ele esmaga qualquer um daqui com sua força, tem capacidade o suficiente para escapar e ainda trucidar todos os que tentarem contra ele... o que aconteceu?
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𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄
Fantasía𝐏𝐑𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐈𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄 | 𝗠. 𝗩. 𝗪𝗜𝗦𝗡𝗜𝗘𝗦𝗞𝗜 ❝𝘕𝘢̃𝘰 𝘩𝘢́ 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘦𝘳 𝘧𝘦𝘭𝘪𝘻 𝘦𝘮 𝘶𝘮 𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰 𝘵𝘢̃𝘰 𝘤𝘳𝘶𝘦𝘭.❞ ...