O homem nu

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Depois enquanto os soldados procuravam o kaiju eu fiquei com o desconhecido no helicóptero, agora o seu corpo nu estava coberto por uma manta térmica mas não parecia estar com frio, só um pouco desconfortável já que vez ou outra seu nariz franzia.
Sinceramente? Está tudo bem, não me importo de ficar com ele, mas seria muito bom se o homem não ficasse tão perto e me encarasse com tanta intensidade, e o fato de ele não estar usando nada por baixo me deixa inquieta.

Nesse momento estou olhando para minhas mãos no meu colo enquanto sinto seu olhar no meu rosto.

Mesmo tendo um rosto bonito, na verdade isso me deixa ainda mais sem jeito, ainda incomoda muito. Pessoas bonitas me deixam desconfortável também.

Que cara estranho… Alguém me ajuda.

— Oi. — ouvir a voz do Allen agora é como a voz do anjo sussurrando no meu ouvido. — Tá tudo bem?

— ALLEN! — ele ergueu as sobrancelhas surpreso com meu movimento rápido ao levantar da cadeira. — O que foi? Precisa de ajuda lá fora? Eu aguento temperaturas mais frias.

— Não, você não é necessária lá, está cumprindo bem seu papel aqui. — dei alguns passos na direção dele mas parei quando percebi o homem das neves atrás de mim. — Adivinha quem é ele? Você vai ficar surpresa.

— E como eu vou saber? Um maluco procurando SCP?  Um SCP? Como vou saber? — nesse momento já estava me desesperando, tava sentindo tanta vergonha e o fato de que agora esse estranho estava me abraçando por trás só piorou meu estado.

— Não, que coisa ridícula, a fundação não vacila facilmente. — entrando no helicóptero agora era ele quem se aproximava de mim mas foi interrompido quando o estranho se colocou entre nós dois, soltando um som estranho que vinha do seu peito. — Esse é o Godzilla versão para bolso, o primeiro e único do tipo.

— Que? Espera aí - esse cara era o titã de metros que estava destruindo tudo a momentos atrás?

— Tchau querida, espero te ver bem no próximo mês, cuidado com a radiação. — ele saiu quase correndo quando o Godzilla(?) foi em sua direção, o som estranho que saia de seu peito diminuindo conforme o loiro se afastava.

Puxando o braço dele para que se virasse na minha direção tive que dar alguns passos para trás, só assim podendo olhar melhor para ele e evitar um torcicolo; olhos laranjas me encaravam, questionadores, não parecia estar assustado mas talvez curioso e até um pouco entediado, bem, não dá para esperar outra coisa do rei dos monstros.

— É você mesmo? — ele continuou me olhando, agora parecia estar concentrado. — Você é o Godzilla? Pode falar? Você me entende? — nada ainda, a sensação era como se eu ainda estivesse na frente da janela de vidro enquanto ele me encarava do outro lado.

Soltando um suspiro me sentei e ele repetiu meu movimento, agora não estou mais tão incomodada, só aceitei, não posso fazer mais nada além de ficar aqui e deixá-lo me encarar até que canse…

— Mas não mesmo! — me levantei do meu lugar e já estava para sair quando o helicóptero se mexeu e a porta começou a fechar. Antes que eu caísse fui segurada por braços fortes e me agarrei a eles. — Droga, podiam ter avisado. — levantei minha cabeça e mais uma vez estavam ali o par de olhos laranjas. — Você parece bem à vontade, não é? Pode me largar?

Sem resposta, apenas silêncio.

Depois de tentar me soltar e ele não deixar o puxei com dificuldade até a cadeira e sentei, uma posição um pouco estranha já que eu não queria ficar próxima demais do seu corpo mas ele aparentemente não tinha o mesmo pensamento já que seu rosto estava enfiado no meu cabelo.

— Espero que não demore muito e que eles possam me liberar assim que chegarmos na base. Eu gosto muito de ganhar em dólar apesar da comida, prefiro a de casa, sabe? Para comer não tem lugar melhor que o lar. — depois de alguns segundos em silêncio reformulei minha frase. — Tem sim, lugares onde eu posso ganhar dois milhões tranquilamente, será que você vai precisar de uma babá? — a única resposta que eu obtive foi um bufo vindo do seu peito. Isso quer dizer que ele me entende? — Espero que não esteja chateado, mas meu amigo seu custo de vida é bem caro...

Aproveitando o calor corporal me aproximei mais dele e o abracei, quem diria que um dia eu estaria abraçando um cara coberto somente por um cobertor térmico depois de fugir de um sequestrador nada sexy não é mesmo? Mas quem se importa? Eu não, está frio demais para me incomodar com esses detalhes, o importante é o calor que o projeto de Godzilla aqui pode me proporcionar.

Espera, o Allen falou algo sobre radiação?

[...]

Em algum momento durante a viagem eu adormeci, e agora estou olhando para o teto azul claro do meu quarto na agência, virando minha cabeça para o lado direito notei o mesmo par de olhos me encarando, agora nem me assusto mais. Mas como vim parar aqui? Não posso dormir tão pesado, ou eu posso? Que cansaço.

Braços fortes me apertaram mais contra o corpo musculoso quando tentei me levantar, agora pronto!

Me virando totalmente para ele o abracei tentando inigualar a força do abraço mas isso parece só tê-lo deixado mais confortável já que ele fechou os olhos e passou uma das pernas por cima de mim.

Espera, ele ainda está pelado? Aí que vergonha… Mas não mata dar uma espiada- Não! Não vou me rebaixar a isso.

Senti minhas bochechas arderem, minha nossa, se eu não soubesse que esse cara é um kaiju já tinha me apaixonado.

— Você vai mesmo ficar aí o tempo todo? — meus olhos quase rolaram e saíram das órbitas só por escutar a voz irritante do Allen.

— O que você quer?! — já que é para aproveitar, vou aproveitar, me agarrei mais ao corpo do Godzilla e escondi meu rosto do peito dele, em resposta ouvi quase como um ronronar vindo dele, mais grosso e aterrorizante do que de um gato, mas nada que eu não pudesse me acostumar.

— Precisamos dele, trás pra fora. — a voz contida do outro lado da porta quase me fez rir, sem piadinhas ou ordens estúpidas dessa vez?

— Eu decido quando é a hora e agora é hora de dormir. — talvez por influência do poder kaiju eu estava começando a ficar com sono, como se eu tivesse dormido muito pouco. É assim que ele se sente quando não está lutando?

— Emmi, seja boazinha, imagina o quanto você não pode ganhar com ele. — agora o tom de voz era quase implorativo e o que eu mais queria fazer era rir alto, gargalhar com vontade, mas agora não é momento para isso.

— Ei Godzilla, quer sair daqui agora. — o homem continuou me olhando sem expressão, provavelmente esperando uma decisão minha. — Eu também não, pensamos iguais né?

Ergui minha mão e passei meus dedos pelo cabelo grosso, é mais macio do que aparenta e pelo jeito ele gosta.

— Se ele não quer ir eu que não vou obrigar, mais tarde te chamo então sai da minha porta.

— Mas… tá bom. — ao ouvir os passos dele se afastando eu finalmente ri o suficiente para fazer meus ombros tremerem.

— Então é assim que um ditador se sente? O ditado está certo, Deus não dá asa a cobra porque o que eu iria fazer se tivesse poder… — olhei para o homem ao meu lado e dessa vez ele não estava estoico, suas sobrancelhas estavam arqueadas e nos seus lábios a sombra de um sorriso. — Você é realmente bonito.

Eu poderia usa-lo, mas o fato dele ser um kaiju inocente não iria me deixar dormir a noite, e a única coisa que eu valorizo mais que o dinheiro é meu sono.

Amor interespécies (Godzilla x Oc)Onde histórias criam vida. Descubra agora