A visão de um rei

461 59 12
                                    

Godzilla observava a mulher dormindo tranquilamente ao seu lado, já tinha um tempo que ela estava assim e ele soltou um bufo quando lembrou dos risos dela ao zombar do humano que estava do lado de fora do quarto, essa pequena coisinha ia usar e abusar do dele e de seu poder se ele deixasse, mas apesar disso ser um fato não estava realmente incomodado. Era engraçado.

Passando a mão pelos fios escuros de seu cabelo ele lembrou de quantas vezes a viu, por algum motivo sua visão ficava especialmente nela nos curtos momentos que saia da água, mas como estava ocupado lutando nunca pôde se aproximar para saber o que ela tinha de tão especial. Felizmente sua curiosidade foi saciada na luta contra Kong, vê-la na sua frente, tão perto, era como se tivesse achado algo valioso que fora perdido a muito tempo e isso lhe deu ainda mais vontade de lutar só para vê-la outra vez. Mas que surpresa ele teve quando pôde vê-la dentro do aquário dos humanos, ou seria laboratório? Não se importava. Apesar de não poder sentir o cheiro dela ainda podia ver, estar próximo e tentar entender o que ela falava.

— Emília… — que voz horrível ele percebeu ter, era grossa e rouca, nem perto do tom de voz musical da mulher, não poderia conversar com ela assim ou iria a assustar outra vez.

Sua mente se voltou para Mothra, o sentimento estranho que tinha pela humana era parecido com o que sentia pela kaiju mariposa, mas tão diferente…

Ele poderia conviver com a kaiju pacificamente desde que ela não se aproximasse demais e ele sabia que ela também pensava assim, o relacionamento que os dois tinham era cômodo o suficiente, e uma luta era rara.

Mas a humana… a pequena criatura não o incomodava nem um pouco, podia escutar a sua voz pelo resto da vida e mantê-la grudada a ele mesmo notando que ela não gostava, na verdade achava até engraçado as caretas que ela fazia durante o sono. Enquanto voltavam no helicóptero ele testou as águas, apertando seu corpo menor em seus braços e analisando, nunca pôde segurar um humano ou ver tão de perto, também nunca se interessou, mas a criatura simplesmente conseguia atravessar sua pele grossa sem dificuldade e chegar até ele.

Vou ficar com essa, um humano a menos não faz falta, quando Mothra reviver posso pedir oficialmente mas duvido que vá me negar esse presente.

A kaiju não era só a rainha dos monstros mas também protetora dos humanos, morrendo para protegê-los várias vezes, os Iwi sendo seus favoritos já que eram próximos, será que era assim que ela se sentia? Ele não tem paciência para lidar com seres tão pequenos e frágeis, mas com uma só não tem problema.

— Emília, já pode sair? — a voz outra vez, só escutar o humano de cabelos loiros era o suficiente para irrita-lo.

Decidindo se levantar da cama para ver o que ele queria o homem também deixou para trás o lençol que cobria sua nudez, abrindo a porta sem se incomodar com os olhos esbugalhados de surpresa do humano do lado de fora.

— Ora só, se não é o cara, você devia colocar uma roupa. — Godzilla aprendeu rápido que era fácil causar medo nessas criaturas, somente encarar como ele fazia com outros kaijus era suficiente e isso se provou certo quando o homem começou a se afastar. — Ah… acho que você realmente não quer, certo então, tô indo, depois eu volto com algumas roupas.

Ele saiu com pressa e se escondeu de seu olhar dentro do elevador.

Que coisa chata.

Voltando para dentro do quarto ele fechou a porta deixando tudo escuro de novo, andando com calma até a cama ele se encobriu e passou seus braços envolta da mulher a puxando para seu peito, ela era tão quente e tinha um cheiro bom, era uma pena que não falasse durante o sono também.

— Emília… — será que estava condenado a ter um tom de voz tão grave?

Horas depois a mulher finalmente acordou e conseguiu sair dos braços do kaiju com dificuldade, este só rosnou quando ela entrou no banheiro mas se sentiu curioso quando escutou o som de água corrente; sem se importar que a mulher estava sem roupas ele abriu a porta a assustando e em resposta ela jogou o frasco de shampoo que segurava na direção do intruso que segurou o objeto antes que o atingisse.

— Não se entra no banheiro quando alguém está usando, qual é o seu problema? Não é porque você gosta de ficar pelado na frente dos outros que eu também gosto!

Só agora Godzilla percebeu o porquê da água, a mulher estava se banhando mas ainda não entendia o que ela estava fazendo com aquele pano branco; entrando mais no espaço apertado ele ignorou a mulher que dava passos para trás conforme ele se aproximava e focou no chuveiro, aquilo não era como os que via na antiga Roma.

— Você quer tomar banho? — a voz de Emília interrompeu sua concentração, fazendo com que ele ficasse nela outra vez. — É quente.

Ele primeiro estendeu sua mão para a água corrente, virando para cima e para baixo, não era ruim. Se aproximando mais ele tentou ficar embaixo do chuveiro mas acabou batendo a cabeça.

— Desculpe, parece que meu quarto não é para alguém do seu tamanho. — Emília riu de forma contida, o som da testa batendo contra o chuveiro metálico foi engraçado, mais que o suficiente para fazer ela gargalhar na frente do kaiju que estava atônito. — Desculpa, mas foi tipo… — ela parou quando ele franziu as sobrancelhas, bom, não estava nervoso pelo menos. — Desculpa, tá? Prometo conseguir um lugar maior.

Godzilla não se importava com o lugar que dormia na maioria das vezes e este quarto apesar de pequeno não era desconfortável, agora ele queria entender o que tinha feito a humana rir tanto, foi ele? A sensação de ser responsável por isso era agradável, era assim que o humano loiro se sentia?

— Agora vá para fora porque minha hora do banho é sagrada, tá? — sua mão direita pressionou contra o peito largo na tentativa de empurrar mas o homem parecia uma parede. — Vamos... você não vai tomar banho comigo. — o homem continuava em silêncio, em seu olhar dava para notar a clara confusão que sentia. — Isso é algo que só casais fazem e nós dois não somos isso entende? Agora cai fora.

Godzilla nunca sentiu tanta dúvida em sua vida, casal? Banho? Com banho ela queria dizer que ia esfregar sua pele com uma vassoura como seu antigo povo fazia? Não tinha certeza se sua nova pele ia aguentar a fricção. E "casal", ainda não tinha se adaptado a maioria das palavras e essa era uma.

— Só sai do banheiro tá? Já já vou estar com você.

Mesmo com relutância o homem saiu do banheiro e a porta foi fortemente fechada atrás dele, humanos eram muito estranhos, mas como iria ficar com essa o jeito era se adaptar.

Poucos minutos depois Emília saiu do banho deixando para trás o vapor do banho quente. Usando calças jeans e uma blusa solta branca, o cabelo preso em um rabo de cavalo e descalça.

— Estou bonita?

Ela parou ao ver o homem sentado no chão do lado da porta, pernas esticadas e enrolado no lençol da cama.

— É né? — aceitar era a única coisa que a mulher poderia fazer.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 05 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Amor interespécies (Godzilla x Oc)Onde histórias criam vida. Descubra agora