Prólogo

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"Você só pode estar brincando comigo!"

Sai correndo pela rua enquanto ia desviando dos escombros, até mesmo olhando para cima na tentativa de evitar caso algum pedaço de prédio caia encima de mim, a distância, a briga entre Kong e Godzilla se desenrolava e é claro que eu teria que estar no meio, já não bastava o incidente em dois mil e catorze, a luta contra o Ghidorah, e agora as minhas férias em Hong Kong, eu só queria fazer compras, visitar parques temáticos e até mesmo ver um evento de cosplay em homenagem aos kaijus só para ninguém dizer que não amo meu trabalho, mas eu nunca incluiria ver dois deles tão de perto.

Soltei um grito quando o chão começou a tremer e eu caí no asfalto sujo, ralando meus braços e joelhos no processo, mas como minha sorte não é lá essas coisas uma nuvem de poeira seguida por um som estrondoso de algo caindo bem ao meu lado quase me deixou surda, meus ouvidos zunindo por conta do barulho ensurdecedor, meu primeiro impulso foi cobrir com minhas mãos e me deitar no chão; alguém tem que lançar um guia de sobrevivência a kaijus.

Um vento, mais como uma baforada, veio de algum lugar perto de mim, abrindo os olhos não pude ver nada além de uma grossa nuvem de poeira, ignorando o tremor em minhas pernas me coloquei de pé, tremendo como um cervo recém nascido, imaginando que o tal "bufo" era algo da minha cabeça, até que se repetiu, agora forte o suficiente para empurrar a poeira e meu cabelo.

"Eu não posso ser tão azarada."

Me virando para trás, de forma lenta, levantei a cabeça para olhar de frente a enorme couraça que era a pele do alfa kaiju, não, impossível, era alguma piada infame essa situação?

- Que bom que você não está acordado. - mesmo com medo me aproximei mais, a pele grossa me lembrava pedra, como se fosse uma armadura acoplada a carne, estendendo minha mão para tocar pude sentir como era contra a palma, não era fria como eu pensava mas quente, e não era só aparência, a pele era realmente dura. - Você não é tão feio, é até fofo, me lembra um gato. - um som estranho saiu do gigante, me virando para onde estava seus olhos notei um par de pupilas diamantadas me encarando. - ... - não consigo mexer as pernas, o medo que havia me deixado a momentos atrás voltou como um trem bala e bateu direto na minha consciência, eu estou acariciando não qualquer monstro, mas o rei deles.

"Então é assim que acaba? Fila de ônibus, Enem, cartão de crédito com saldo negativo, economizar por anos, SÓ PRA CHEGAR AQUI E MORRER?!"

O movimento vindo do Kaiju gorila me despertou, fazendo com que eu olhasse na direção dele; sua grande mão envolveu o cabo do machado reluzente e o tirando do prédio em que estava preso, depois, virando-se e olhando para mim, ou melhor, para o Godzilla que agora estava com os olhos fechados.

- Ei! Não é hora de dormir, você vai morrer se não se mexer e eu ainda quero tirar muitas fotos suas, levanta! - falei com o tom de voz desesperado e parece que algo nisso o lembrou de onde ele estava já que se levantou em uma velocidade que eu não imaginaria vinda de um ser tão grande. - Boa sorte e adeus.

Depois dessa despedida emocionante realmente espero não vê-lo mais, deu para mim, não sou obrigada a ficar aguentando luta de monstro a cada viagem.
Saindo do lugar onde eu estava, corri em meio aos escombros e desviando de buracos que praticamente tomavam a estrada, só preciso chegar a algum posto de emergência tratar alguns machucados, ir até a embaixada e pedir para me deportarem, não piso mais no Japão.

Ocupada demais com meus pensamentos não vi um dos buracos e tropecei, caindo outra vez, minhas mãos já machucadas protegeram minha cabeça de bater contra o asfalto, tentando me levantar não percebi que meu pé direito tinha ficado preso, virado de uma forma estranha, e só tentar movê-lo, uma dor chegante passou pelo meu corpo, me deixando tonta por alguns segundos.

- Não, por favor, isso não. - tentando mais uma vez soltei um grito alto que senti quando arranhou minha garganta. Decidida a não ficar ali, fiz força na perna esquerda e levantei tomando o máximo de cuidado para que meu pé direito não tocasse no chão, e cambaleando, consegui chegar a um restaurante que aparentemente foi abandonado por seus donos assim que o som de sirene ecoou.

De repente o céu brilhou com um feixe de luz azul, ele estava usando o bafo atômico? Ah, quem se importa, contanto que não me atinja.

Dentro do restaurante me sentei no chão entre o estofado vermelho da cadeira e uma mesa, aproveitando a proteção improvisada e praticamente inútil. Minha perna estava esticada e agora o lugar inchado não parecia doer tanto como antes... Por que essas coisas sempre acontecem comigo?

No ano de dois mil e catorze eu estava na praia esperando a passagem de um grupo de golfinhos, também no Japão, quando do nada minha câmera registrou uma montanha se erguendo da água, eu acreditei no começo ser o nascimento de uma ilha, mas ilhas não se movem.
Depois disso, em dois mil e dezenove, eu estava na praia vendo o nascimento de filhotes de tartaruga e do nada, o monstro que ficou desaparecido por tantos anos voltou a aparecer, fiquei no país por três semanas e durante esses dias o monstro simplesmente não ia embora.
E agora, mais uma vez, ele estava aqui, só que com um macaco aleatório; as vezes eu penso que minha mãe está certa, devia ter me dedicado a ser médica do que aos estudos a kaijus.

Amor interespécies (Godzilla x Oc)Onde histórias criam vida. Descubra agora