VIII.Conversas

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Allan estava trancado num cômodo junto de Izack. O loiro estava pensando na vida enquanto o moreno limpava um canivete que guardava no bolso.

- Ô moreninho - disse Allan.

Izack se virou na hora e andou em direção a Allan. - Sim? - respondeu educadamente.

- Porra, tu já tá me trancando aqui, e vai ficar calado? Preciso de alguém pra tagarelar - reclamou Amorim.

- Você quer conversar comigo? - perguntou Izack, um tanto envergonhado.

- Sim - Allan afirmou e sorriu.

Aquele sorriso do loiro fez com que Valadares ficasse sem jeito e um pouco avermelhado. - Eu adoraria conversar com você.

Allan percebeu algo a mais em Izack, um brilho nos olhos que não havia notado antes. Era como se, por um breve momento, a máscara de frieza e obsessão de Izack tivesse caído, revelando uma vulnerabilidade oculta. Ele sentiu uma mistura de confusão e curiosidade crescendo dentro de si.

- O que você realmente quer, Izack? - perguntou Allan, sua voz mais suave do que antes.

Izack hesitou, suas mãos parando de limpar o canivete. - Eu quero que você me entenda, Allan. Quero que veja que tudo o que fiz foi por amor. Um amor que você ainda não compreende.

Allan olhou para Izack, e de repente, impulsionado por um turbilhão de emoções conflitantes, deu um passo à frente e, sem pensar, beijou Izack. Foi um beijo confuso, carregado de raiva, dor e uma estranha curiosidade. Ele não sabia o que se passava em sua própria cabeça naquele momento, mas algo o levou a agir dessa forma.

Izack, pego de surpresa, inicialmente ficou rígido, mas logo começou a corresponder ao beijo. Quando eles se separaram, ambos estavam ofegantes. Allan não conseguia decifrar seus próprios sentimentos, e a expressão no rosto de Izack era uma mistura de choque e euforia.

- O que... o que foi isso? - perguntou Izack, ainda tentando recuperar o fôlego.

Allan, amarrado à cadeira, sentiu-se ainda mais confuso. - Eu... eu não sei. Só... aconteceu.

Izack olhou para Allan com uma intensidade renovada. - Isso prova que há algo entre nós, Allan. Algo real. Você sente isso também, não sente?

Allan balançou a cabeça, tentando organizar seus pensamentos. - Não, Izack. Isso não muda nada. Você está confuso, e me fez ficar confuso também. Mas isso não apaga o que você fez. Karen... tudo isso...

Izack deu um passo à frente, a mão trêmula ao tocar o ombro de Allan. - Allan, você não entende. Esse sentimento é real. É por isso que fiz tudo isso. Por nós.

Allan afastou a mão de Izack com um movimento brusco, apesar das amarras. - Não. Isso não é certo. Não pode ser.

Os dois ficaram em silêncio, a tensão palpável no ar. Allan sabia que, apesar do que havia acontecido, precisava encontrar uma maneira de sair dali. O beijo só aumentava a complexidade da situação, mas ele não podia deixar que suas emoções nublassem seu julgamento.

- Izack, eu preciso sair daqui. - Allan disse finalmente, a voz firme. - E você precisa se entregar. Isso tem que acabar.

Izack olhou para ele, a expressão de dor e desejo em seu rosto. - Allan,isso não vai acabar até você perceber o amor que também corresponde a mim!

Meu vizinho estranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora