pov: senhora desconhecida.

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depois de ter ido embora cedo da escola ontem de noite, às oito horas, daquela segunda-feira fria e úmida, no dia 3 de junho de 2024.

me sento em uma calçada próxima da avenida, e logo sinto lágrimas sendo escorridas no meu rosto, e quando percebi molhava até a minha farda.
eu estava sozinha naquele momento, mas feliz por ter recebido um abraço de alguém especial, queria que ela soubesse o quanto ela é incrível e que enquanto estou triste, ela me faz esquecer a onde dói, me faz esquecer o que está errado em mim. a loira é incrível.

enquanto as lágrimas escorriam no meu rosto, eu suspirava fundo para não incomodar o outro do lado.
o mais difícil é que...é impossível engolir o choro.
passei um bom tempo naquela calçada, as lembranças vieram à tona mais e mais, e olhando os carros em movimentos, juro por Deus que estava quase.

a sensação de enforcamento era agonizante,
não, isso não é sobre cordas,
e sim as lembranças que penetram minha mente.

eu vivo na escuridão, olho para o espelho e não vejo o meu brilho de alguns anos atrás.
há dias, há anos, há meses, há vidas vividas que eu estou assim, e cada vida que trago para mim, morrem comigo a cada dia.

sei quem faz parte da minha vida, sabem perfeitamente como eu sou: arrogante, chata, insuportável, fria, odeio um contato físico, e acima de tudo, odeio todos.
por ser assim...acabou afastando as pessoas mais importantes na minha vida.

mas juro que não sou assim...
arrogante: no fundo, eu não quero o mal de ninguém.
chata: faz parte do meu processo.
insuportável: mas juro que gosto de ti.
fria: no fundo, eu fazia coisas que você acharia uma loucura, mas faria qualquer coisa para te ver bem.
contato físico: eu não gosto me expôr, pois tenho medo de me machucar.
odeio todos: por causa do cansaço e da cobrança que sempre me cerca.

acima de tudo...eu sou uma humana, posso não me sentir viva, mas tenho sentimentos...

{} POV

ontem a noite enquanto estava sentada naquela calçada, chorando olhando os poucos movimentos da avenida, eu pensava...me afogava nos meus pensamentos temporários, logo iria sair de lá pulando de felicidade, mas a verdade é que...não existe felicidade para alguém que se sente perdida em um abismo fundo.

não existe felicidade para alguém que se sente perdida em um abismo fundo

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me deparo com uma senhora sentando no meu lado, mas distante de mim.


a idosa que acho que teria uns 80 anos, acedia um cigarro, sua pele estava meio pálida, a boca com um gloss básico, apesar de ser uma mulher cheia de vida, mostrava um semblante morto no seu rosto.

achei que iria me assaltar, ou alguma coisa do tipo.
mas olhei para a idosa que soltava uma fumaça para a cima, dando um suspiro em seguida.

a mulher me olhou, nos seus olhos eu me enxerguei, ela tinha os olhos bem avermelhados, com certeza passou a noite em claro. os olhos inchados, suponhei que era por causa do seu choro, e toda a maquiagem bem feita, bem moderna, já estavam mostrando a sua verdadeira face.

seu rosto era marcado de espinhas, o nariz era bem gordinho, o rosto completo de diversidade, espinhas, oleosidade, o sorriso mais gentil, e seu semblante ficou mais relaxado ao me olhar.

e logo sua boca saiu a seguinte frase: você fica linda chorando...

eu não sabia o que dizer, o elogio vindo de uma senhora de idade que eu não conhecia, seu sorriso iluminou a escuridão dentro de mim.
e seu elogio me deixou tão feliz que em meios a lágrimas, eu sorri...

e então digo: e você fica mais linda sem maquiagem.

dessa vez a mulher sorriu, acedendo o seu próximo cigarro.

era uma mulher desconhecida, fumante, me elogiou e depois foi embora, acenando para mim em seguida.

a mulher foi embora...
olhei para o cigarro apagado no chão...
me levantei da calçada...
peguei a mochila...
suspirei fundo...

e segui o caminho para a minha casa...

quem sabe eu encontre ela de novo, para só sorrir, fumar um cigarro com ela na próxima vez antes de ir para a casa...

espero poder ter uma oportunidade assim de novo...

obrigada a mulher desconhecida...


era eu dizendo para o espelho antes de ser quebrado por causa do ódio em mim.

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