2. Primeiro desafio.

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POV: LAURENT RODRIGUES

JÁ ERA MADRUGADA quando acordei, a exaustão foi maior dessa vez o que me fez apagar por boas horas além de que ficar de olho em duas garotinhas era sempre muito difícil para mim. Não que eu esteja reclamando de minhas irmãs mas eu não me perdoaria se algo acontecesse com elas então eu precisava ficar em alerta o tempo todo. Levantei da cama observando o quarto, estava um pouco bagunçado pelas centenas de caixas de madeira, a maioria se tratava de objetos ocultos, outros divinos e alguns objetos peculiares que ainda não descobrimos as origens, também havia armas brancas e de fogo. Toda mudança que a gente faz eu preciso levá-los comigo, não confio muito em ter um QG pra armazenar nossas coisas, não quando estávamos o tempo todo nós mudando. Me encaminhei até o banheiro de forma preguiçosa, comecei a trabalhar mentalmente, a noite ainda iria ser longa pra mim. Eu sabia que as meninas estavam dormindo então eu iria dar uma ronda pela cidade, quem sabe eu talvez adiantasse um pouco do trabalho pesado. Era a minha função aliás, eliminar forças malignas, macabras, seres sobrenaturais que estavam afetando o equilíbrio, eu tinha isso nas veias, eu fui construído e treinado pra ser um bruxo. Meu mestre me ensinou tudo o que eu sei e depois de um certo tempo acabei sendo chamado pela minha mãe, foi quando conheci minhas irmãs que eu sequer sabia da existência, foi também ali que eu me tornei um dos caçadores das sombras, foi o maior presente que eu pude ter na vida mas eu estava enlouquecendo. Bem.. Naquele tempo eu estava em outra dimensão, outra época, então eu não sabia muito bem sobre as minhas origens quando se tratava da minha mãe biológica. Foi um choque quando eu soube que ela era uma Deusa, um choque quando soube de minhas irmãs, um choque saber que eu viveria pela eternidade, primeiramente eu fiquei pelo menos uma semana em negação, tentando a qualquer custo fugir do reino e tendo vários ataques de pânico. Era difícil de imaginar uma coisa dessas, eu jurava que tinha morrido ou que estava com certeza delirando. Tirei a minha roupa entrando debaixo do chuveiro gelado, era melhor tomar um banho frio pra despertar e ficar atento. Depois de passar quase um mês tentando negar toda a situação eu acabei conversando por várias dias, várias horas, tiveram noites em claro que eu ficava conversando com a minha mãe. Até hoje não acredito no que tinha acontecido, nem depois de dez mil anos eu me esqueci da primeira vez que eu estive frente a frente com ela, não esqueci a sensação de saber que eu era um semi Deus.. Eu sempre me considerei um bruxo, um simples projeto de combate para eliminar monstras, por toda a minha vida humana eu nunca sequer imaginei algo assim. Nunca sequer imaginei que eu viveria por tanto tempo, depois de ter passado por tanta coisa. Era sempre assim a cada missão que eu tinha que fazer eu me recordava de quem eu era antes, do que eu me tornei atualmente, era como ter flashbacks me lembrando constantemente do meu começo. Um pequeno lembrete do que ainda aconteceria comigo pela frente.

-Já passou da hora..- Falei em um sussurro rouco, eu precisava sair antes do horário que essas entidades se manifestariam, era de madrugada que a maioria faziam as maiores atrocidades, fui em direção ao guarda roupa procurando pelo meu uniforme que é em parte a base de couro preto junto de um tecido confortável e grosso o suficiente pra me deixar aquecido. Eu gostava muito dos uniformes que a guarda de bruxos tinha, me lembrava muito o antigo uniforme que eu usava quando eu era apenas um bruxo e nada mais. Coloquei a capa preta por cima e comecei a colocar minhas armas na bainha, uma espada de prata e uma adaga amaldiçoada. Coloquei minhas botas de combate nos pés e coloquei uma pistola dentro do coldre e uma faca mais abaixo junto de alguns frascos de vidro, me olhei no espelho para verificar se estava tudo em ordem. Meu cordão.. Voltei ao lado da cama pra ver o objeto brilhar com a luz do luar encima da mesinha que tinha ali, todos nós tínhamos um cordão de ouro com suas iniciais gravadas em anéis igualmente de ouro, era quase que automático que todo o membro de grandes famílias de semi Deus possuía um. O cordão não era somente um símbolo de luxo mas ele também continha poder divino afim de proteger cada filho dos Deuses. Olhei pro anel com a inicial L, mesmo não sendo apegada a joias eu amava enormemente ele pois foi a minha mãe quem me presenteou quando eu parei de surtar com a minha existência, o item me trouxe uma paz e conforto quando me foi entregue e eu sabia desde aquele momento que eu nunca me separaria dele. O coloquei entorno do meu pescoço e sai de fininho do apartamento, não queria acordar nenhuma delas e eu preferia fazer aquilo sozinho. 2:33, eu estava adiantado então eu teria um tempo pra observar a cidade enquanto procurava por algo suspeito.

Longe de Casa - Rebekah Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora