4. A chegada.

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POV: ALISSON RODRIGUES

-Eu não acredito que ela me fez pedir desculpas para um cara que acabou de conhecer. Tsc..- Dei um soco na árvore, escutei a madeira ceder com a força excessiva.

-Ele é alguém importante. Normal, você também não facilitou as coisas.- A minha companheira falou enquanto lia algum diário ou livro velho de couro, ela me olhou atrás do item com os olhos brilhando. Eu disse que ia contar para ela o que somos mas eu estava ficando sem coragem, sem palavras para fazer isso. Enruguei a cabeça.

-Eu lá ia saber que ele era o David Montgomery, ela disse que precisava de um tempo para respirar e me volta com um sorriso ao lado de um homem bonito?- Eu estava querendo arrancar meus cabelos, passei a mão pelos meus fios castanhos tentando me acalmar.- Para esquecer a Rebekah ela não tinha que usar outra pessoa.

-O que?! Esquecer a Rebekah?- Davina me olhou exasperada pelo o que eu acabei de dizer, me arrependi no mesmo instante da burrada que falei. Deuses me ajudem, a Amélia vai me matar ou pior, ela vai me deserdar.

-Errr... Nada, ninguém. Você nem ouviu o que eu falei. Estava concentrada demais lendo o seu diário.- Quase me enrolei com as palavras, eu tava ficando nervosa e não era pouco. Depois do sermão que levei eu fiquei muito chateada e quase falei algumas coisas a respeito dela e a loira, porém eu não poderia fazer isso, não era do meu direito me intrometer na relação das duas, a menos que isso comece a matar uma a outra.

-Alisson, eu escutei muito bem. Que história é essa?- O choque era bem visível no rosto dela, andei de um lado pro outro, acho que se eu explicasse o que somos seria mais fácil ela entender o lado da minha irmã. Assim ela não irá pensar que a Amélia é algum tipo de comedora de casadas, conhecendo minha irmãzinha ela preferia morrer a destruir uma família.

-Merda. Eu nem sei por onde começar. Isso é mais complicado do que parece ser, Davina, mas o que eu vou te contar não pode sair daqui.- Parei no meio do caminho, a garota estava de frente para mim, ela chegou mais perto e pegou as minhas mãos. Eu relaxei no mesmo instante, a puxei mais para perto e a abracei pela cintura, ela rodeou meus ombros dando um pequeno beijo na minha bochecha.

-Explica desde o começo, acho que consigo entender.- A bruxa começou a tirar algumas mechas de cabelo que temiam em cair no meu rosto, mordi o lábio me segurando pra não beija-la. Em vez disso eu me afastei tomando coragem.

-Tudo bem, sente. Vai ser melhor assim.- Ela fez exatamente o que eu pedi cruzando as pernas esperando que eu continuasse.- Não surte, por favor.

-Eu sou uma bruxa, convivo com um bando de vampiros, acho que nada poderia me deixar mais louca.- Ela mandou um sorriso mas eu estava séria e concentrada no meu discurso. Era agora.

-Você acredita em almas gêmeas?- Perguntei receosa, ela é uma bruxa, certo? Provavelmente acreditaria nisso.

-Bem, é um pouco delicado, eu acredito em almas, isso é indiscutível. Mas em almas gêmeas? Sou um pouco cética, porém eu acabei lendo que é possível saber se a—

-Tudo bem. Deixa eu continuar.- A cortei de repente, se eu a deixasse falar, ela divagaria por horas e eu não tinha tanto tempo pela frente.

-Vá em frente.- Eu nunca estive tão nervosa na minha vida, e se paramos para pensar eu sou uma caçadora das sombras, sou filha de uma Deusa e passei por muitas coisas ao longo da minha vida e mesmo assim a coisa que está me atormentando é revelar a uma mulher que somos almas gêmeas. Até onde isso poderia soar irônico?

-Então.. Para nós, sangue frios, temos algo chamado de companheiros, companheiras.. A gente vive como vampiros porém na maioria do tempo para muitos é um fardo quando não se tem sua companheira. Quando você a encontra é a melhor coisa que acontece na vida de um frio, o nosso mundo para deixando qualquer teoria cair em negação, e o que antes parecia fazer sentido não faz mais. Não tem mais lógica, não tem propósito, não tem nada que possa fazer com que você acredite que certas coisas são necessárias e importantes para o nosso mundo. A razão pela qual você vive é totalmente para o seu companheiro, você acha um propósito ao lado dele, vocês literalmente são um único ser e assim vivendo pela eternidade.- Eu poderia jurar que o meu coração morto estava batendo, talvez estivesse mesmo, que a sensação de ter a mão suando estava ali.

Longe de Casa - Rebekah Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora