Última Promessa

122 12 72
                                    

Capítulo XXX

Já haviam se passado meses.

Noticiários contavam toda a história de forma deturpada, fazendo de Izuku uma vítima digna de pena e nada mais. 

Izuku se encontrava no apartamento de Shoto, vivendo com o rapaz e sua mãe, Rei Todoroki. Ela era uma mulher gentil e sempre tratou o sardento com muita ternura, fazendo com que ele se perguntasse se ela também sentia apenas pena de si.

Midoriya não saía do apartamento justamente por essa razão. 

Era insuportável ter de conviver com os olhares embargados em dó, fora as perguntas inconvenientes questionando sobre Bakugou e a relação que ambos tinham. Faltava bom senso nas pessoas quando faziam perguntas com acusações horrendas contra Katsuki.

"Ele abusou sexualmente de você?"

"Quantas pessoas ele matou?"

"Você sabia dos assassinatos? Por que não procurou por ajuda quando ele te levou na floricultura dele? Ou no parque de diversões?"

"Qual era sua relação com Katsuki Bakugou?"

Apenas respondia o que o advogado de Shoto, Tenya Iida, orientava que fosse dito. Mesmo que isso significasse mentir e omitir fatos, como a razão da morte de Eijirou. Não poderia de forma alguma dizer a verdade sem consultá-lo antes, já que isso certamente poderia resultar no esverdeado atrás das grades.

Não entendia como Shoto era capaz de mantê-lo em sua casa depois de toda aquela situação. Ele achou que Izuku tinha planos de atirar em Katsuki e não em si?

Não...

Shoto não era estúpido.

Talvez a resposta mais óbvia fosse que o rapaz apenas visse o sardento como uma vítima também. Vítima digna de pena e misericórdia, talvez o jovem Todoroki apenas visse Midoriya como uma forma para que ele se provasse uma boa pessoa. Talvez desistir de si não fosse opção agora que chegou tão longe.

Izuku ainda não conseguia se conformar com nada disso, apesar de que a vida com Shoto era boa. Até mesmo melhor que a vida que pôde ter em todos os seus dezesseis anos de vida, agora quase dezessete.

— Izuku, querido? — a mulher de cabelos brancos chamou, dando leves batidas na porta.

— Sim? — o sardento respondeu se levantando e sentando em cima da cama.

O horário no despertador indicava oito e vinte e três da manhã. O sardento apenas agarrava o seu coelho de pelúcia contra o peito com todas as suas forças. O único bem que pode manter consigo para que se lembrasse de Katsuki. Quanto mais pensava nisso, mais seu peito apertava e ardia em saudades do loiro.

Rei abriu a porta e encontrou Izuku em posição fetal, com os olhos vazios, sem vida.

"Pobre garoto..."

A mulher pensava a todo momento que via o rapaz encolhido em algum canto.

Meses tentando conquistar o jovem Midoriya aos poucos sem nenhum sucesso. Quantas coisas hediondas aquela criança teve de aguentar? Rei simpatizou com Izuku e cuidaria dele como um filho, dessa vez não falharia como uma vez fez com Shoto e os outros.

— Eu trouxe chá, se não vai comer, pelo menos beba algo — ela ofereceu com um sorriso esbanjando ternura.

— Oh... Obrigado — ele agradeceu com um sorriso forçado.

Não sabia reagir a demonstrações de preocupação, principalmente vindas de Rei que o tratava com tanto carinho e cuidado. Ficava extremamente desconfortável.

SequestroOnde histórias criam vida. Descubra agora