11 | Vilã de Malhação

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Vivienne Barbieri

Gastamos mais de uma hora para chegar ao destino de Haziel.

Era a Comunidade da Laje, vizinha a comunidade onde Grego mantinha domínio. Não era mais agradável do que aquela.

Estávamos em uma extremidade mais precária que o comum naquela região. Havia muitas casas de tijolos cujo teto era composto apenas de telhas; na verdade, chamá-las de casas seria um elogio. A maior parte não era mais do que barracos. Certos lugares fediam, como se não tivesse um tratamento de esgoto adequado ali, e muitas estradas eram esburacadas e, por vezes, sequer adequadamente asfaltadas. Não tinha muitos postes e fiação ali, o que me levava a crer que nem a entrega de energia era decente.

Quando me coloquei de pé na calçada em ruínas à minha direita, após Haziel estacionar sua moto, meu corpo se encontrou mais dolorido que o normal. Torci o nariz, insatisfeita tanto pelo desconforto interior e pelo local onde eu me encontrava, e grunhi com nojo quando pisei em uma poça de lama.

— Se eu soubesse que era para cá que você estaria indo, teria ficado no bar.

— Vá por mim, eu tenho plena consciência disso — Haziel respondeu simplesmente ao se colocar de pé. Suspirei quando ele passou por mim, ainda inconformada, mas o segui para onde quer que estivesse indo.

— Você não está me levando para algum encontro de negócios ilegais ou coisa do tipo, certo?

— É o que pensa que eu faria com você?

— Já te conheci o suficiente para entender que, de você, devo sempre esperar o pior.

Ele soltou um riso nasalado à minha frente.

— Estou suprindo as expectativas?

— Está, sim — admiti a contragosto. — Chefe de facção, hein? Parece que o envolvimento criminoso não se limita só ao Niflheim, no fim.

— Você é esperta, já tinha uma ideia de que a organização estava diretamente ligada ao movimento nas comunidades.

— Tinha, mas não esperava que os líderes dos grupos estivessem todos envolvidos com facções. Você é um bebê para ter chegado a tamanho poder.

— Você tinha menos da metade da minha idade quando conquistou reconhecimento na sua comunidade.

Alcancei-o, começando a acompanhar seu ritmo acelerado, embora meu corpo ainda doesse por completo.

— Isso soou como um tipo de exaltação. Nunca poderia sonhar em receber esse tipo de coisa de você.

— Você tem muitos defeitos, Vivienne, mas eu nunca deixei de reconhecer que você foi uma lutadora. Meu desprezo se deve unicamente ao fato de você ter deixado de ser uma.

Era óbvio que ele não seguiria com palavras agradáveis para mim.

— Parece que você sabe muito sobre meu passado enquanto eu não sei nada sobre o seu. Ainda está relutante quanto a me contar sobre como chegou ao poder? Tomar uma posição como a sua leva anos, e eu nunca escutei seu nome antes de ser adotada. Você não tem uma reputação de tanto tempo.

Haziel não me respondeu, mas pude ver ele me observando pela sua visão periférica.

— Sabe, não está adiantando muito você insistir em me manter no escuro. Gringo já abriu a boca sobre todo o funcionamento do Niflheim, sobre os ciclos, o Ragnarok e sobre os apostadores, e Natália hoje já me contou provavelmente muito mais do que você gostaria que eu soubesse sobre o que está por trás da organização. Se você continuar de bico fechado, eu vou descobrir todas essas informações de outro jeito.

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