13 | Ragnarok

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Vivienne Barbieri

A mão de Haziel estava sobre a minha. Seus dedos estavam entre os meus, o calor de sua pele se misturava à minha. Foi a primeira coisa da qual me dei conta ao acordar.

Era um aperto forte, quase... reconfortante.

Não acordei tão inebriada como sempre acontecia após dormir para beber. Estranhamente, ao olhar Haziel ali, de frente para mim em um sono profundo, até tranquilo, enquanto segurava minha mão, me encheu de energia como não ocorria há muito tempo.

Eu não gostei da sensação. Era... inconveniente. Não planejada. Não devia acontecer.

Ainda assim... eu não me levantei para colocar o máximo de distância possível entre nós, nem mesmo tirei minha mão da sua. Apenas permaneci ali, encarando o maior responsável pela minha ruína atual, por todos os problemas que me encontraram nas últimas semanas. Eu devia aproveitar a oportunidade para sufocá-lo com um maldito travesseiro, eu sabia. Devia amarrá-lo e fazer tudo do pior até arrancar o nome de quem matara meu pai, se é que Haziel fora sincero sobre o assunto, e então acabar de vez com isso. Contudo, sequer pensei muito nisso.

Não pensei muito enquanto observava cada um de seus traços; a barba por fazer, o nariz reto, a boca entreaberta, as pálpebras que agora escondiam olhos tão ameaçadores. Fiquei fitando-o até que ele acordou também.

Seus olhos se abriram de uma vez, e suas pupilas retraíram em uma fração de segundo diante da iluminação do sol. Seu olhar me encontrou, e eu o sustentei, prendendo a respiração involuntariamente. Como sempre, não tive ideia do que se passava por sua mente enquanto ele me dava toda sua atenção.

Abominei o formigamento estranho que invadiu a boca do meu estômago naquele instante.

No fim, foi ele quem desviou o olhar, encarando direto sua mão sobre a minha, e só naquele segundo voltei à realidade brusca por completo. Ele também.

Nós dois tomamos nossa mão no mesmo instante, se retraindo. Nos sentamos, e Haziel buscou pelo seu celular.

A única coisa que ele me disse era que estávamos atrasados e que devíamos nos arrumar. Não ousei tentar expelir palavra alguma de minha garganta. Uma parte de mim sentia que não tinha forças para isso.

Era quase dez da manhã quando chegamos em uma cafeteria do outro lado da cidade. Cruzei os braços sobre o peito no segundo em que me coloquei de pé na calçada da rua deserta. Não estávamos em nenhuma comunidade, mas eu ainda não sabia ao certo onde estávamos.

— Enfim decidiu se livrar de mim de uma vez? É um bom lugar para jogar minha carcaça fora.

— Não dá ideia — respondeu secamente, o que foi mais um indício de que seu humor estava um pouco pior do que o normal. Talvez fosse por causa de ontem. Eu também me sentia um pouco mal-humorada.

— Não vai me falar o que devo esperar dessa reunião? — perguntei por fim, séria. — Que eu saiba, eu estava na sua casa durante esse tempo todo para me manter longe dessas pessoas. Eu definitivamente não deveria estar aqui.

— Não tive outra opção.

— Como assim?

Haziel retirou seu capacete ao se colocar de pé, segundos antes de responder o que eu não perguntei:

— Não são os outros que querem sua cabeça, apenas Grego, e ele não estará aqui.

— Você já me deu muitas garantias e olhe onde estamos.

— Ele não tem mais cartas na manga. Não para hoje. Confie em mim.

— Não acho que isso seja possível — resmunguei, mas ele me ignorou. Abriu o compartimento da moto e pegou uma arma de punho que eu não reconheci. Arqueei as sobrancelhas, e ele percebeu o olhar que lhe lancei.

MagnatasWhere stories live. Discover now