- Lamento, senhora, mas a casa é dele, então deve sair. - falou a agente quando tomou conhecimento da briga.
- Eu sempre vivi aqui. Não tenho para onde ir.
- Vocês nem casados são. Deve sair, imediatamente.
- Rodolffo, isto não fica assim. E tu estás a olhar para onde?
- Não venha para cima de mim. Estou farta de vos ouvir brigar. Sejam adultos. Não dá, baza!! - disse Juliette.
Clara pegou nas malas e saiu seguida dos agentes. Passou pelo carro de Rodolffo e bateu uma das malas na porta. Foi advertida pelos agentes que tomaram notas.
Rodolffo respirou aliviado. Juliette ainda estava junto dele.
- Fez o correcto. Não há necessidade de manter uma relação tóxica.
- Eu vou ficar bem. Agora só preciso de um emprego.
- Não sei qual é a sua formação, mas lá na fábrica estão sempre a contratar.
- Neste momento eu aceito qualquer coisa. Não me posso dar ao luxo de escolher.
- Já vou. A Pilar quer dormir. Precisando de alguma coisa é só bater na porta.
Não sei há quanto tempo vive aqui esta minha vizinha. Não tínhamos relação com nenhum deles e ela apareceu agora por conta do barulho.
Entrei em casa e comecei a limpar toda a sujeira que Clara fez. Alguns objectos tinham um certo valor, mas neste momento só a minha paz interessava.
Terminei de limpar e jantei o que tinha preparado mais cedo.
Fiz uma retrospectiva da minha vida e não sei em que momento me perdi.
Abri a geladeira. Não tenho dinheiro, mas comida ainda há para alguns dias. Amanhã mesmo vou sair e procurar emprego. Abri o computador e comecei a procurar empresas a quem enviei o meu CV.
Sinto-me bem. A diferença da medicação. Dois dias com medicação certa e o espírito já é outro.
Nessa noite dormi descansado. A meio da noite tive um pesadelo, mas assim que voltei a adormecer não sonhei mais.
Rodolffo era licenciado em economia. Desde a formatura a sua vida sempre foi dedicada à empresa do pai e ele estava feliz por seguir o negócio de família. Não contava que o vício do pai fizesse tudo descambar.
Acordou, tomou café e saiu com vários CV impressos. Pediu trabalho em grandes empresas, mas também em mercados, restaurantes, hotéis, pequenas e grandes indústrias. Onde houvesse uma oportunidade ele apresentou-se.
Uns diziam imediatamente que não estavam a contratar, no entanto que deixasse o CV, enquanto outros mantinham o suspense. Deixe ficar o seu contacto que depois ligamos.
Voltou para casa a meio da tarde. Não tinha almoçado ainda. Tomou um banho e foi aquecer o resto do jantar de véspera.
Pensou trocar a fechadura da porta, mas estava sem dinheiro. As chaves de Clara estavam no chaveiro atrás da porta, mas ele não sabia se era a única cópia. Resolveu esquecer o assunto e esperar para quando as coisas melhorassem.
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Lamento, mas não estou bem.
FanfictionO problema de não pedir ajuda. o problema de que o outro vai mudar e tudo se vai compor. Não vai. Nunca vai. Comecemos nós a mudar.