NO WAY

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A música começa a tocar no quarto da minha irmã e eu fecho os olhos, como pode um único momento mudar tudo? Lembro daquela noite, daquele carro e do seu cropped, aquele maldito cropped foi a minha perdição! Três meses se passaram, mas eu lembro de cada segundo, o seu corpo, o toque, os gemidos, ele falando o meu nome, lembro principalmente do Pat olhando nos meus olhos e cantando "Please, love me!". Como se os meus pensamentos estivessem acompanhando o tempo exato da música o Louis canta ecoando as minhas lembranças "Please, Love me!"

- PRAN!

Eu me assusto quando a minha irmã entra no quarto gritando, ela pula sentando na cama ao meu lado e balança o celular na minha frente.

- Você viu isso?

Tento ver o que ela está tentando me mostrar, quando me irrito seguro a sua mão e mantenho parada, sinto o meu coração acelerando quando leio a frase em cima do vídeo.

"Quem é o amor secreto do tão cobiçado Pat Napat?"

Antes mesmo de tomar a decisão eu já apertei o play.

- Se eu tenho alguém especial? - Ele para por um momento e sorri. - Sim, existe alguém... Eu me apaixonei pelo seu sorriso e pelas suas covinhas no momento que vi.

- Então você está comprometido?

O Pat olha para a apresentadora e parece triste ao responder.

- O meu coração está comprometido.

O vídeo para focando nos seus olhos castanhos , quase negros, como pequenas jabuticabas brilhantes.

- Pran, solta a minha mão!

A minha irmã puxa a mão e me olha irritada.

- O que deu em você, achei que não gostava do Pat. Aposto que mudou de ideia quando ele levou a gente pra conhecer a banda, não é?

- Eu não mudei de ideia, só achei que tinha alguma coisa importante de verdade pra ver, já que você entrou aqui surtando.

Ela mostra a língua, levanta e sai do meu quarto batendo a porta, o barulho me leva mais uma vez para aquela noite quando saímos do carro e o Pat bateu a porta atrás dele.

- O que você vai fazer agora, Pran?

Qual é o protocolo para dispensar o cara mais gostoso do mundo depois da melhor transa da minha vida?

- Eu preciso cuidar da minha irmã.

Ele não parece feliz com a resposta e isso me deixa satisfeito.

- Você precisa levar ela pra casa?

- Sim.

- E depois?

- Depois?

Ela dá um passo na minha direção e levanta a mão, antes de me tocar para e olha pra trás, algumas pessoas passam olhando pra nós e eu acho melhor acabar com isso de uma vez, então me afasto um pouco.

- É melhor eu ir agora.

Passo por ele, mas o Pat segura a minha mão.

- Fica, eu vou te levar para conhecer a banda.

- A minha irmã...

- Leva as meninas junto.

Eu penso em recusar, mas conhecer a minha banda favorita é tentador demais.

Eu volto para o presente quando No way começa a tocar, mais uma música que aquela noite estragou pra mim, porque eu só consigo ouvir os seus gemidos entre as batidas frenéticas da bateria.

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