I'll Make Love To You

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Um rapaz se aproxima com uma bandeja com muitas garrafas de cerveja, coloca de duas em duas na mesa e recolhe as vazias, enquanto ele se afasta eu tento calcular mais ou menos em quanto está a conta, se formos dividir vou ter que estourar o cartão da minha mãe e ela vai me matar.

Me assusto quando o Pat começa a beijar o meu pescoço, espero parar, mas ele continua beijando sem se importar com as pessoas que pararam para observar. Se eu me afastar vai ser constrangedor pra ele, mas isso que ele está fazendo agora é íntimo demais e está me deixando vergonhosamente excitado. Para me distrair eu presto atenção na música que está tocando, mas isso não ajuda.

"Farei amor com você
E farei tudo certo
Só faça seu pedido nessa noite
Qualquer coisa
Farei amor com você
E você comigo
E eu não irei
Até que você me deixe ir"¹

A sua língua desliza pela minha pele fazendo eu me encolher com a sensação, coloco a mão na sua perna apertando em sinal de aviso, ele se afasta um pouco, mas só para poder sussurrar no meu ouvido.

— Vamos embora?

Essa com certeza é uma ótima ideia, não dá pra saber até onde ele iria na frente de todos. Eu aceno concordando, ele beija o meu rosto e se afasta, pega a carteira, entrega algumas notas de 50 para o irmão e levanta.

— Nós já vamos.

Eu não penso duas vezes antes de levantar e pegar a minha carteira, mas ele segura a minha mão e nega. Enquanto espero o Ohm se despedir dos amigos procuro pela minha jaqueta que ele tirou quando estávamos dançando, encontro ela em um banco, me despeço rapidamente e vou buscá-la, estou fechando os botões quando o Pat me abraça colocando a mão por dentro da abertura da blusa, ele beija o meu pescoço e puxa a minha camiseta devagar, esse cara realmente não tem bom senso! Seguro a sua mão e dou um passo para frente me afastando dele, viro e sorrio para não ficar estranho.

— Podemos ir?

O Pat olha para as nossas mãos, me puxa fazendo o meu corpo se chocar com o seu e abraça a minha cintura, quando tenta me beijar eu me afasto um pouco, apesar da surpresa ele não me solta.

— Esta tudo bem?

Ele realmente não tem um pingo de bom senso, até parece que vou ter uma DR no nosso primeiro encontro, em um camarote com todos os seus amigos nos observando. Dou um beijo rápido e aceno, seguro mais uma vez a sua mão tirando da minha cintura e caminho para a saída puxando ele comigo.

Chegamos no prédio onde o Pat mora, ele estaciona na sua vaga na garagem e subimos até o sexto andar em silêncio. Andamos por um longo corredor até ele parar e abrir uma porta, fico parado do lado de fora sem saber o que fazer, desde que deixamos o camarote o Pat não disse mais nada, isso está começando a me incomodar. Quando percebe que eu ainda estou no corredor o Pat volta e para na minha frente, espero o convite para entrar, ao invés disso ele levanta a mão devagar e arruma o meu cabelo.

— Você tem vergonha de mim, Pran?

— O que?

Acho que se não tivesse tão surpreso com a sua pergunta eu teria rido, mas percebo que ele está falando sério.

— Claro que não, Pat! Porque eu teria?

— Você não gosta de mim? Quer dizer... Quando nos conhecemos você não gostava de mim, ainda é assim?

Ok, acho que fugi de uma DR no bar, mas a DR acabou me encontrando aqui.

— Não, não é mais assim.

O Pat acena, segura a minha mão e me leva para dentro do apartamento fechando a porta, depois de deixar as chaves, carteira e celular encima de uma mesa ele vira pra mim, mas não diz nada.

— Vai me dizer o que está acontecendo ou eu vou ter que adivinhar, Pat?

Espero pela sua resposta para entender porque ele está assim e pra decidir se não é melhor ir para a casa, depois de um tempo ele suspira e senta no sofá.

— Porque você não quer que as pessoas nos vejam juntos? Porque não deixou eu te beijar mais cedo? Se não é vergonha de mim, o que é?

— Você está falando sério?

Meu Deus, ele é um puta sem noção!

— Pat, você é famoso, eu não consigo andar duas quadras por aí sem ver a sua cara estampada em um cartaz ou outdoor!

— E daí?

Puta que...

Eu respiro fundo e tento não perder a paciência.

— O que aconteceria se alguém nos visse, tirasse uma foto ou algo assim?

— As pessoas saberiam que estou com o cara de covinhas que eu me apaixonei.

— Você sabe melhor do que eu que não aconteceria assim, Pat. Isso pode prejudicar a sua carreira e me expor, eu não quero que nenhuma das duas coisas aconteça.

— Mas no camarote... — Ele não termina, apenas suspira e passa a mão pelo cabelo. — Deixa pra lá, quer comer alguma coisa?

A minha vontade é aceitar pra encerrar essa conversa, mas se fizer isso ele vai continuar assim, então mesmo não querendo eu sento ao seu lado e espero ele olhar pra mim.

— Pat... Eu estou aqui, estou com você. Não vou negar que acho ridículo e precipitado toda essa história de estar apaixonado, mas também acho que estou apaixonado. Eu me apaixonei pelo cara que cantou a minha música favorita no meu ouvido,  que me deu o número de telefone e esperou meses até eu ligar, o cara que disse que estava apaixonado mesmo tendo me visto apenas uma vez... Mas o que eu sei sobre você? O que sabemos um sobre o outro? Daqui três encontros nós podemos perceber que nada disso é real e tudo acaba.

Ele nega com a cabeça, mas eu continuo antes que tenha chance de falar.

— Você é intenso demais e isso me assusta, Pat... Eu penso mil vezes antes de tomar uma decisão e na maioria das vezes desisto sem tentar, mas você se joga de cabeça sem pensar. Vamos ter que encontrar um meio termo e precisamos ir com calma para fazer isso funcionar. Eu estou aqui e estou apaixonado, isso não basta?

— Você quer esconder que estamos juntos?

Ele não entendeu nada do que eu disse, é melhor tentar uma abordagem diferente.

— O que aconteceria se alguém filmasse nós dois dançando ou nos beijando hoje?

— Ninguém faria isso.

— O que aconteceria, Pat?

— Eu não me importo.

— Mas eu sim, como eu disse, me preocupo com a exposição e com a sua carreira. Nós podemos sair, ir em shows, bares, ou para onde você quiser, mas vamos ser discretos, pelo menos por enquanto.

Ele suspira de novo e isso começa a me irritar, eu nunca fui a pessoa mais paciente do mundo,  mas tenho impressão que o Pat vai testar todos os meus limites.

— Se você quiser um tempo pra pensar eu posso ir embora.

— O que? Não! Ok, discreto, podemos fazer isso... Por enquanto.

O Pat enfatiza a última parte soando mais como um aviso, acho que esse por enquanto não vai durar muito tempo.

Com um sorriso ele encerra a nossa conversa, estica os braços se espreguiçando fazendo a camiseta levantar, observo a cueca que envolve a sua cintura fina se abaixando lentamente mostrando o seu V perfeito que parece apontar direto para a sua virilha. Tento lembrar da conversa que estamos tendo, mas a minha mente está em branco, eu simplesmente...

— Foda-se!

Com três passos eu já estou no sofá deitando sobre ele e beijando a sua barriga.

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Notas:

¹ Trecho da música I'll Make Love To You de Boyz II Men

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⏰ Última atualização: Sep 27 ⏰

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