Dominique é uma mulher jamaicana que vive em Nova Iorque há quinze anos. Seis meses atrás, ela se comprometeu a mostrar a cidade para Namjoon Kim, um escritor sul-coreano que planejava passar meio ano nos Estados Unidos para se inspirar em seu próxi...
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— Dom, eu também te amo. Muito. Eu nunca me senti dessa forma com ninguém em toda a minha vida — Namjoon responde com tanta sinceridade que sua voz falha enquanto ele diz as palavras. Tenho vontade de voltar atrás nas minhas palavras e evitar o que essa conversa pode se tornar. Tive um motivo para ter evitado dizer que o amo e é porque eu sempre soube que estávamos fadados ao fracasso.
— Mas eu não posso te pedir para ficar, certo? — Questiono, sentindo os meus olhos enchendo-se de lágrimas.
— Tente ver pelo meu lado — diz com um embargo na voz — Imagina se eu te pedisse para ir para a Coreia comigo, abandonar a escola, a sua casa, seus amigos e parte da sua família que ainda mora aqui. Como você reagiria?
— Eu entendo, eu entendo — digo e minha voz começa a embargar e já sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto — Eu sei que estou sendo egoísta e não posso te pedir isso mas é muito difícil. Está tudo muito difícil. Como deixamos chegar nesse ponto? Como vou ficar sem você?
— Eu ainda vou voltar, Dom — Namjoon me dá as duas mão — Claro que não tanto mas ainda sim, vou voltar. Podemos nos ligar, mandar mensagens, eu vou te enviar coisas sempre. Podemos fazer dar certo, Dom.
Na mesma hora, a senhora que nos atendeu aparece com uma bandeja com dois pratos. A mulher está sorrindo mas assim que nos vê chorando o seu rosto se transforma e demonstra preocupação.
— Oh, meus benzinhos, o que aconteceu? — pergunta com os olhos apertados, deixando os pratos na mesa e colocando as mãos no meu ombro.
— Nada, é que estamos muito felizes pela gravidez — digo enquanto enxugo as lágrimas que escorreram e forço um sorriso.
— Na verdade, não — Namjoon diz olhando para mim — Estamos muito assustados e com medo de mudança. Vamos passar por algo que vai mudar o nosso relacionamento e estamos receosos. Temos muito amor um pelo outro e por tudo o que nos envolve mas ainda assim é assustador. Estamos com medo de não conseguirmos ficar... Ser bons pais.
— Oh, casalzinho, vocês são tão bonitos com uma pinta de inteligente e não conseguem enxergar o óbvio? — A mulher dá uma risada — Tudo é possível com amor e vocês tem mais do que o suficiente para tornar esse mantra uma realidade. Vocês vão passar por inúmeras mudanças ao longo do tempo mas vocês saberão lidar. Pode parecer o fim do mundo agora mas o que vejo em vocês dois — Olha para cada um de nós calmamente com os olhos brilhantes — É um encontro de almas.
Começo a chorar desesperadamente e sinto o abraço da mulher logo depois. Todo o choro que tentei segurar desde que percebi que o amava e que teria que vê-lo partir.
