3. Gratidão
O dia em Nova Iorque está frio e o sol se esconde entre as nuvens. Quando Namjoon e eu saímos para a rua, uma brisa gélida e forte faz os meus cachos se arrepiarem. Entrelaço um de meus braços em um dos seus, de modo que ainda permaneço com as mãos nos bolsos da jaqueta e começamos o trajeto até a estação de metrô.— Que frio — Namjoon diz, acomodando as mãos ainda mais nos bolsos da jaqueta — Só queria estar em casa fazendo você sabe o quê.
— Pois é, mas estamos aqui aproveitando o dia na cidade que você tanto detesta — digo enquanto descemos as escadas do metrô.
— Cidade que eu quase gosto — Me corrige enquanto passamos pela catraca.
— Qual é, você claramente detesta esse lugar. Honestamente, eu não sei o porquê de ter escolhido escrever sobre um lugar que tanto odeia — digo enquanto descemos pela escada rolante. Fico um degrau abaixo dele e me viro para trás, olhando para cima para poder encarar o seu rosto.
— Eu detestava, mas consegui escrever a melhor história da minha vida nessa cidade.
— Faz algum tempo que não me conta sobre o livro. Terminou?
— Hum, não. E bom, eu não estou falando sobre o livro porque você está vivendo ele comigo — diz e eu sinto o meu rosto inteiro esquentar. Mais uma das vezes que agradeço a minha melanina, já que ela inibe o meu rubor.
— Disse isso para quantas? — pergunto em tom brincalhão quando chegamos a plataforma da estação.
— Muitas. Quase sempre encontro jamaicanas de cabelos cacheados que são professoras, apaixonadas pelo Bob Marley e, devo admitir — Aproxima-se do meu ouvido — São uma perdição quando sentam rebolando.
— Para — Retruco sorrindo, olhando ao redor com receio de alguém ter ouvido, mas noto que a plataforma está vazia. Quando olho para Namjoon novamente, ele está me olhando como se eu fosse o último disco do seu artista favorito numa loja de vinil.
— Você é linda demais, Dominique — diz depois de alguns segundos. Como Namjoon é alguém que tem palavras de afirmação como sua principal linguagem do amor, é comum que eu ouça-o fazendo elogios a todos ao seu redor. Mas agora, sinto uma tristeza em sua voz ao me elogiar e isso me faz beijá-lo suavemente.
— Você é lindo demais — Respondo, após o beijo. Esboçamos os nossos sorrisos mais tristes.
O metrô chega a tempo o suficiente para que eu me vire e ele não veja a lágrima que escorreu do lado direito do meu rosto. Entrelaço nossas mãos e entro no metrô. O vagão está praticamente vazio, de modo que nos acomodamos facilmente nos bancos. Mesmo com muito espaço para se sentar, Namjoon senta-se tão perto de mim que é como se eu fosse escapar a qualquer momento. Durante a viagem, ele me abraça, brinca com os meus cachos, beija o meu rosto, massageia minhas coxas e me envolve nos seus braços. O seu carinho é tão gostoso que meus olhos marejam, antecipando a falta que eu vou sentir. Quero o seu amor para sempre. Tento me convencer que poderia viver do sentimento que tenho por ele, mas apesar dos poemas, romances e letras de músicas, eu sei que não é possível viver só de amor. Tiro o meu celular e fones de ouvido do bolso, dando um lado a ele e colocando um lado no ouvido. Coloco o álbum "Awaken, My Love!" do Childish Gambino para tocar pois é um dos nossos álbuns favoritos e seguimos o trajeto escutando faixa por faixa.
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WHEN LOVE'S AROUND kim namjoon
FanficDominique é uma mulher jamaicana que vive em Nova Iorque há quinze anos. Seis meses atrás, ela se comprometeu a mostrar a cidade para Namjoon Kim, um escritor sul-coreano que planejava passar meio ano nos Estados Unidos para se inspirar em seu próxi...