Uma História de Amor

8 - Xeques

A "festa" só se deu início com a chegada tardia das senhoras Jauregui's.

Camila, ainda muito aterrorizada, tentava assimilar o que havia ocorrido, enquanto alguns olhares surpresos recaiam sobre elas.

De braços dados, mulher e esposa caminharam para o interior da sala que se fazia completamente silenciosa após suas entradas. Não haviam muitas pessoas ali, apenas os nove de dez lordes, os pais e irmão de Camila, Beth, Dinah, e César. Além, claro, de alguns homens recostados nas paredes, quase como se fizessem parte da decoração. 

Levar seus inimigos para dentro de sua casa não era algo que agradasse a Lauren, já que seu lar era para ser receptáculo de paz e boas vibrações, e não de um bando de pessoas que gostariam de vê-la morta. Todavia, não é como se pudesse evitar de tê-los ali esporadicamente, por isso, sua segurança era implacável. Nenhum daqueles senhores teriam entrado se, após a vistoria rigorosa de seus homens, estivessem portando algum tipo de arma de fogo ou objeto cortante. E como qualquer coisa poderia ser uma arma, não daria brecha de ficar desprotegida perto de nenhum deles. Ainda que, se fosse sincera, poderia dar cabo de todos sem nem precisar da ajuda de seus capangas - e nem mesmo assim sofreria um arranhão.

Suas vestes estarem visivelmente marcadas com sangue deixou a todos alarmados, com os olhos abertos em espanto e horror. Mas, fora seus amigos, e se referia exclusivamente à Dinah e Elizabeth - já que César não soava nada surpreso ou abalado - nenhuma preocupação ali era genuína ou bem quista aos seus olhos. Nem mesmo a dos pais de sua esposa. 

Aproximando-se, Sinhue Cabello deu início ao joguinho de teatro quando pegou a filha entre os braços como se sentisse por seja lá o quê ela supôs que tenha acontecido.

- Querida! Está bem? O que houve? - Indaga ao soltar-se de uma Camila que ainda parecia muito em choque. 

- Eu...

- Fomos emboscadas - Lauren responde em voz alta, sem qualquer vestígio de medo ou surpresa no tom. Não queria ter que ver Camila tentar explicar sobre o que nem mesmo ela sabia ter passado. Além disso, ela claramente ainda estava abalada, e tudo o que Lauren gostaria de fazer era pegá-la entre os seus braços e consolá-la. Dito isto, faria o mínimo ao seu alcance.

Indo até a chefe, César lhe entrega um copo que acabou de se servir de bebida. Lauren só o aceita por confiar em seu amigo, além, claro, de saber que aquele uísque fazia parte do seu bar pessoal, e não do buffet.

- Emboscadas? Mas, santo Deus! - Freeman exclama de seu lugar sentado em uma das poltronas. Aquele era um dos únicos lordes que Lauren detestava menos. Fazendo-a cogitar que, talvez, se  tivesse nascido com a definição totalmente masculina, aquele realmente pudesse vir a ser um forte aliado.

- E você está bem, hija? - Alejandro pergunta ao chegar na filha. Camila tem o irmão agarrado na barra de sua saia, como se, mesmo com a pouca idade, já soubesse o significado da palavra "emboscado".

- Sim, papa. Não se preocupe comigo.

- Bom, felizmente não fora nada grave. Ele apenas nos pegou desprevenidas. Não vai se repetir. - Jauregui avisa após ingerir um gole da bebida âmbar. Seus verdes muito atentos, embora soubesse fingir bem uma casualidade a beira da indiferença.

- Talvez devesse considerar trocar de roupa - o senhor Glover sugere. Ele está de pé debaixo da parede da escada, deixando o aparador de madeira fazer ponte entre seu corpo e o do lorde De Niro, ambos com uma taça de champanhe nas mãos.

Olhando-se por um instante, como para se relembrar a quantidade de manchas vermelhas respingadas em si, Lauren dá de ombros antes de erguer a cabeça e dar outro gole em sua bebida.