Uma História de Amor

28 - Atritos

Nenhuma delas estava esperando ser interrompida, e certamente não daquela forma. Lauren foi a primeira entre ambas a se recuperar, resgatando seu paleto do chão e assumindo uma postura mais séria enquanto tentava inutilmente esconder o corpo de Camila sobre a mesa às suas costas. Não é como se já não tivessem sido pegas, contudo, ainda zelava pela virtude da jovem - virtude essa que há segundos esteve a berlinda. 

Enquadrando os ombros e soltando um pigarreio, ela virou-se por completo para a jovem que já não possuía máscara, mas que tinha a expressão em sua face congelada mediante ao que tinha visto. Para muito além da surpresa de flagrá-las em meio a um momento impróprio, seu maior choque estava na decepção e tristeza do que aquela cena significava. Não era tola, nunca foi. Esteve ciente de que Lauren possuía sentimentos pela filha dos Cabello's tão logo ela deixou claro não querer falar sobre aquilo em seus encontros. Obviamente, não possuía uma extensão precisa ou o nível  de intensidade de tudo aquilo, mas sabia que a garota talvez lhe fosse um problema mais a frente. Ainda assim, imaginava-a sendo quando já estivessem praticamente casadas, onde por fim teria a liberdade de cobrar de Jauregui uma atitude quanto a esquecê-la - caso chegasse a tal ponto. Seus reais planos incluiam apenas seduzir a governadora, a viver seu sonho de tê-la como esposa e criarem uma família. Naquele instante, com a visão que acabara tendo, não teve mais qualquer esperanças de seguirem com aquilo. 

- Chlöe... - a morena tentou falar antes de perceber que sua voz ainda soava rouca em demasia. Precisou puxar um novo pigarro para clarear a garganta. 

Estreitando os olhos para a forma íntima como Lauren disse seu nome, Camila decidiu que não ficaria escondida ás costas de sua mulher como se estivesse fazendo algo de errado. Não era ela a intrometida ali. 

Apoiando-se no braço e ombro de Lauren, ela por fim desceu da mesa. Arrumou a barra de seu vestido com alguns tapas, tal qual ao seu cabelo e franja, que receberam meros safanões de seus dedos e algumas jogadas irritantes de cabeça. Parando ao lado da governadora, fez questão de abraçar-lhe o braço, deixando claro para a loira diante delas que não possuía qualquer tipo de vergonha sobre o que estavam fazendo. Não quisesse ter visto, batesse antes de entrar. 

Com seus castanhos petulantes analisando de cima abaixo a figura parada na porta, logo lembrou-se de sua face, de onde a conhecia, e não gostou nada. Seu peito estufou tanto, que sua respiração foi audível, chamando a atenção de Lauren para si e fazendo com que a garçonete finalmente saísse de seu estado catatônico. 

- Chlöe - Camila repetiu com desdém enojado, os lábios levemente franzidos deixando clara sua falta de simpatia - Você não possui sobrenome? 

- Camila! - A morena a repreendeu, sentindo-se ainda pior por toda a situação. 

- Sinto muito por isso - nervosa e triste, Moretz olhou para o chão, seu rosto pálido levando as bochechas vermelhas pelo constrangimento e seu desejo de chorar - Não era minha intenção causar nenhum embaraço.

- Então que batesse na porta.

- Camila! - Uma vez mais Lauren exclamou, em choque. 

- Não, tudo bem, Laur. A senhorita Cabello tem razão. 

- Jauregui - Camila a corrigiu, ganhando sobre si o olhar confuso da loira - A nós duas - apontou para seus corpos ainda unidos por aquele enlace - É como deve nos chamar, caso tenha se esquecido de sua educação. 

- Certo, já chega - estupefata, Lauren se desvencilhou de seu agarre e deu um passo em direção a garota. Sentia-se péssima por como as coisas acabaram acontecendo, e sabia que precisava dar a moça alguma explicação. Sua ato nobre em agir como uma dama responsável causou em Camila completo estarrecimento, no entanto. Ela praticamente espumava enquanto tentava conter seus impulsos de ir até elas e empurrar aquela loira aguada para fora do escritório. - Senhorita Moretz... eu sinto muito pelo que teve de presenciar aqui.