Capítulo 01: Desconfianças

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Uma semana se passara desde a inauguração do novo Hazbin Hotel. A excitação e o entusiasmo do grande evento ainda pairavam no ar, enquanto os hóspedes e a equipe começavam a se ajustar à rotina do dia a dia. Na grande sala de estar do hotel, Charlie estava no centro das atenções, fazendo uma breve apresentação para todos os presentes. Ela falava com paixão e determinação, seu rosto iluminado por um sorriso radiante.

A grande sala de estar estava decorada com elegância, as paredes revestidas com tapeçarias vibrantes e quadros de paisagens infernais estilizadas. Lustres de cristal pendiam do teto, espalhando uma luz suave e acolhedora pelo ambiente. As janelas altas estavam adornadas com pesadas cortinas vermelhas que, quando abertas, revelavam a vista do submundo além.

⎯ Estamos aqui para provar que todos merecem uma segunda chance⎯ Charlie declarava, sua voz cheia de esperança e convicção.⎯ Este hotel é um santuário para aqueles que buscam redenção, um lugar onde podemos nos reerguer e encontrar um novo propósito.

O público reunido consistia de uma mistura diversificada de demônios e almas perdidas, cada um com suas próprias histórias e esperanças. Vaggie, a parceira fiel de Charlie, estava ao lado, olhando para ela com um misto de orgulho e apoio inabalável. Niffty, sempre atenta e enérgica, ajeitava alguns detalhes de decoração aqui e ali, enquanto Husk, com seu olhar cínico, observava a cena de seu canto, um copo de bebida na mão.

Enquanto Charlie continuava a falar, Lúcifer não pôde evitar que sua mente vagasse para o passado, uma época há muito tempo perdida nas brumas da história. Ele se lembrou de quando ainda era um Serafim, um anjo cheio de sonhos e aspirações. O brilho nos olhos de Charlie, a paixão em sua voz, tudo isso o lembrava de como ele mesmo era quando jovem, antes de sua queda.

Aquelas lembranças vinham como uma onda, trazendo à tona imagens de dias de luz e esperança, quando ele acreditava fervorosamente em sua missão e no potencial do bem. Havia um tempo em que ele também proclamava ideais de mudança e renovação, tentando inspirar aqueles ao seu redor com a mesma intensidade que via agora em sua filha.

⎯ Charlie... ⎯ ele murmurou para si mesmo, seus olhos suavizando com um misto de orgulho e melancolia. ⎯ Você é mais parecida comigo do que imagina.

Ele sabia que essa determinação poderia tanto ser uma força poderosa quanto um fardo imenso. A responsabilidade de liderar, de tentar transformar, era algo que ele conhecia bem. E, ao olhar para Charlie, ele sentia tanto um desejo ardente de protegê-la quanto um reconhecimento doloroso do caminho árduo que ela estava trilhando.

Quando Charlie terminou sua apresentação, os aplausos encheram a sala. Ela sorriu e fez uma reverência ligeira antes de sair do palco improvisado, seus olhos brilhando com emoção. Ao descer, ela encontrou o olhar de seu pai e caminhou em sua direção.

⎯Oi, pai. ⎯ Charlie disse, sua voz carregada de carinho.

⎯Como você está? Precisa de alguma coisa?

Lúcifer levantou-se e abriu os braços para um abraço.

⎯ Oi, praguinha. ⎯ ele disse com um sorriso afetuoso, puxando-a para perto. ⎯ Estou bem, querida. Só estou orgulhoso de você.

Charlie sorriu, sentindo-se reconfortada pela presença de seu pai.

⎯ Estou feliz que você esteja aqui. ⎯ ela disse suavemente. ⎯ Sua presença significa muito para mim.

Lúcifer acariciou o cabelo dela com ternura, seus olhos brilhando com uma mistura de orgulho e saudade. Ele sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto lembranças do passado inundavam sua mente. Lembrava-se de quando Charlie era apenas uma criança, cheia de sonhos e esperanças, correndo pelos corredores do palácio com a mesma energia e paixão que agora dedicava ao Hazbin Hotel. Cada momento passado parecia tão distante, mas ao mesmo tempo tão vivo em sua memória.

Sob o Véu do Inferno | RadioAppleOnde histórias criam vida. Descubra agora