Capítulo 02: Redenção

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Alastor corria pela floresta densa, cada passo se tornando mais pesado à medida que a exaustão se apossava dele. O ar gélido da noite cortava-lhe o rosto suado, fazendo arrepiar os pelos de sua nuca. O cheiro de pinheiros e terra molhada invadia suas narinas, misturando-se com o odor de sangue que o cobria, criando uma atmosfera pesada e sufocante.

Seus olhos, amplamente abertos, lutavam para encontrar um vislumbre de esperança na escuridão sombria que o cercava. Cada sombra parecia esconder uma ameaça iminente, uma presença sinistra à espreita no silêncio inquietante da floresta. Os galhos que chicoteavam seu rosto eram como garras ávidas, arranhando sua pele e deixando rastros de dor.

O ranger de galhos sob seus pés parecia ecoar como risadas zombeteiras, ecoando a sensação de desamparo que o consumia. O brilho fantasmagórico da lua entre as folhas densas acrescentava uma aura sobrenatural à sua fuga frenética, como se a própria natureza estivesse conspirando contra ele.

O som dos cães de caça, agora tão próximos que podia sentir o bafo quente em sua nuca, reverberava em seu peito como um tambor de guerra. Cada latido parecia uma sentença, um lembrete implacável de que a captura era apenas uma questão de tempo. Alastor, lutando contra a exaustão e o desespero crescente, sabia que a batalha estava chegando ao seu inevitável desfecho naquela noite sombria da floresta sinistra.

A ironia do destino pesava como uma âncora em sua alma, arrastando-o para as profundezas de um abismo de lembranças sombrias. Cada som da floresta parecia ecoar como uma acusação silenciosa, cada suspiro do vento uma lamentação pelos que caíram pelas suas mãos. Ele podia quase sentir os olhos sem vida de suas vítimas o fitando através das sombras dançantes, cobrando o preço de seu passado cruel.

O eco distante de um corvo parecia zombar de sua queda da graça, enquanto o farfalhar das folhas ao vento ecoava como um sussurro soturno, relembrando-lhe os dias em que ele era o mestre do jogo macabro. Cada raio de lua filtrando-se através das copas das árvores lançava uma luz fantasmagórica sobre a cena, destacando a desolação e a traição de sua própria história.

A lembrança dolorosa de seus atos passados misturava-se com a agonia presente de sua situação desesperadora, formando um turbilhão de emoções conflitantes que o atormentavam com cada respiração entrecortada. O odor metálico de sangue e terra molhada impregnava o ar, uma lembrança constante de que a morte era uma presença constante em sua vida, sempre à espreita nas sombras.

Cada músculo cansado implorava por descanso, cada fibra de seu ser clamava por redenção em um mundo que parecia ter virado as costas para ele. A sensação de vertigem e desespero envolvia Alastor enquanto ele encarava o passado sombrio que o assombrava naquela floresta condenada.

Cada árvore alta e retorcida parecia despejar sobre ele uma carga pesada de remorso, os galhos se contorcendo como mãos esqueléticas a apontar acusadoramente. O sussurro do vento entre as folhas ecoava como um coro fúnebre, recordando-lhe dos horrores que ele próprio infligira.

O chão enlameado para onde ele havia lançado as vítimas outrora indefesas agora se tornava a própria armadilha que o aprisionava, uma metáfora cruel da reversão de papéis na teia do destino. O campo outrora próspero de caça, onde ele uma vez se pavoneara como predador impiedoso, transformara-se em um palco de caçada sombrio, onde ele próprio era o alvo da busca implacável.

A dor aguda que reverberava por seu corpo exausto era como um lembrete cruel de sua fragilidade diante do destino implacável. Cada batida acelerada de seu coração era um tambor ensurdecedor ecoando o tempo escasso que lhe restava. O desespero que o consumia misturava-se com o medo crescente, formando uma tempestade tumultuosa de emoções que o lançava em um abismo de tormento interno.

Sob o Véu do Inferno | RadioAppleOnde histórias criam vida. Descubra agora