Esperança despertou e estranhou a presença de um rapaz fardado no seu quarto.
- Bom dia, flor do dia. - James respondeu, levantando da cadeira e colocando um livro de volta na prateleira.
- Bom dia... - ela respondeu, coçando os olhos. - Você ainda está aqui?
- Não resisti. Está melhor?
- Estou, mas ainda com dor de cabeça...
- Vou mandar a Yolanda trazer um chá para você - ela tentou se recordar quem é Yolanda mas não teve sucesso - também vou aproveitar e deixar você sozinha, tenho que voltar ao meu posto.
- Tudo bem, já tomei muito seu tempo, não quero que se prejudique por minha causa. - ele veio até ela e a beijou na testa - Obrigada pela companhia.
- Não precisa agradecer. Melhoras.
James saiu e ela levantou da cama, lavou o rosto para despertar completamente, fez o que é de seu costume todas as manhãs e quando já estava se vestindo, a criada chegou.
- Senhorita. Vim trazer o chá que o Sr James pediu para trazer.
Então ela entendeu que Yolanda seria o nome da criada que cuidava dela e de seu quarto e deixava tudo em ordem e em seu devido lugar.
- Obrigada Yolanda, mas eu já me sinto melhor.
- Por nada, estou cumprindo com meu dever. - ela colocou o chá na mesinha de centro - Vou colocar aqui, a senhorita pode tomá-lo se ainda quiser antes que esfrie.
- Obrigada Yolanda, pode se retirar, mais tarde irei descer para o desjejum.
- Como desejar, com sua licença.
Ela se retirou, Esperança se vestiu e observou o chá numa porcelana antiga e pintada com flores, ele tinha um bom aroma, mas nem tudo que reluz é ouro.
Desde criança nunca gostou de chá mas era obrigada a tonar nas aulas de etiquetas que tinha junto a Princesa Jane, pelo seu conhecimento, deduziu que o chá fosse de camomila, pela cor amarelada e o cheiro bom e presente.
- Bom dia... - pescou o nome na memória mas não achou.
- Bom dia Francis, e meu nome é Esperança.
- Isso, exatamente.
- Já vou indo, não quero me atrasar para o café.
- Espera. - ele a pegou pelo braço - Você... está bem? Quer dizer, depois de ontem, daquela discussão com o Rei.
- Estou, não foi nada demais.
- Que bom.
- Então, pode me soltar?
- Desculpe. - ele nem tinha percebido que ainda a segurava. - Posso te acompanhar até a Sala das refeições?
- Claro. - ele pegou em sua mão e eles deram-nas discretamente, mas quando chegou no Salão das refeições, Esperança retirou a sua pois estava sobre os olhares do Rei e Francis sobre os olhos de todos.
- Bom dia a todos. Podem servir o café. - Disse senhor Hunter, pai de Francis.
Hoje James não estava sentado a mesa, estava fazendo a guarda em outro lugar, mas Tyler estava lá na Sala, observando Jane e ela não era nada discreta para retribuir os olhares com sorrisinhos de canto.
- Seja mais discreta. - cochichou Esperança para Jane.
- Hã? Do que está falando?
- Sobre Tyler te olhando e você toda derretida. Se contenha.
- Nos beijamos ontem.
- Hã? Quero saber disso depois!
- Eu sei, vou te contar depois.
Elas voltaram a suas refeições, o Rei e o Sr Hunter conversavam animadamente e a Rainha estava calada, como sempre, Esperança e Jane cochichavam algo algumas vezes, as criadas também porém com mais assanhamento, e era notório que estavam comentando sobre a novidade, Francis.
- Então Francis, já conheceu as meninas? - perguntou Sr Hunter.
- Ah sim, tivemos o prazer de dialogar algumas vezes, mas nada demais. - ele respondeu.
- Estava pensando, você meu filho, que conhece bem os lugares da nossa capital, poderia apresentá-los a Princesa não acha?
- Creio que ela conheça alguns deles - ele disse na intenção de lembrá-las do dia em que ele se esbarrou em Esperança.
- Isso não é desculpa, existem bastante lugares incríveis por aqui, aposto que você iria adorar Princesa.
- Pode me chamar de Jane, Sr Hunter. - ela afirmou.- Claro, pois bem Francis, vou pedir para arrumarem o carro para levar você e Jane a um passeio.
- Mas... - Jane tentou falar mas foi cortada pelo Pai.
- Sem mas Jane, aposto que Francis é uma ótima companhia e o que irá perder num passeio em um dia tao bonito?
- Sim papai. - ela respondeu, reprimida. - Que ódio. - cochichou para Esperança que riu discretamente.
O passeio de Jane e Francis não passou de monólogos exaustivos. Ele dizia o nome de algumas estátuas, monumentos e construções e ela respondia a mesma coisa.
- Nossa, que interessante.
- Eu sei que isso está entediante, também não queria vir. Nada contra você ou sua família, mas é que não suporto quando meu pai me força a fazer as coisas.
- Também não, não gosto de fazer as coisas por obrigação.
- Imagino, ainda mais você, Princesa e futura Rainha.
- É, a pressão realmente é muito grande, as vezes chega a ser insuportável.
- Não queria estar no seu lugar.
- Ah mas eu queria estar no seu, um homem bonito, solteiro, independente...
- Mas que o pai vive no pé para procurar logo uma boa esposa e que futuramente trabalhe com ele nos negócios da capital.
- Então esquece o que eu falei. - eles riram. - Não temos rotinas muito diferentes.
- Não mesmo.
- Mas me diga, com o que você trabalhava?
- Sou arquiteto, estava na França apresentando alguns projetos.
- Admiro muito os arquitetos, é uma das profissões mais bem sucedidas em Source Gold.
- Sério? Adoraria apresentar meus projetos a seu pai, acha que ele iria gostar?
- Não estou querendo avacalhar seus projetos mas, se você desenhasse uma casa em forma de vela ele iria gostar. - Francis soltou uma gargalhada.
- Você tem muito senso de humor - ele respirou - Mas não vejo toda essa admiração do seu pai por mim.
- Ele tem admiração por tudo o que vem da capital, mas acho que se você me apresentasse alguns de seus projetos, eu poderia conversar com ele e quem sabe, você ter algo arquitetado por você lá em Source Gold.
- Seria um prazer imenso.
- Até que você não é tão tímido.
- E você é até um pouco bem humorada. - Ele abriu a porta do carro par ela entrar - Espero que sejamos bons amigos.
- Assim também espero.
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Esperança - Temporariamente em Hiato
RomanceEm um reino importador de ouro, outra luz é reluzente. Esperança nasce com o destino traçado para trazer fé ao seu povo, fé em um futuro melhor, com mais justiça, mas os caminhos não são tão fáceis e poderá fazê-la desistir, um sentimento repentino...