2 - Atelofobia

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Atelofobia (s.f)

'É o medo de ser imperfeito, de não fazer algo corretamente, de não ser suficientemente bom.'

Pov's Alane

Depois dos 2 episódios que aconteceram entre mim e Fernanda ontem, eu percebi que ela pode não ser a pessoa que moldei desde que a conheci. Bande sempre foi a mais brincalhona, a mais bagunceira, a mais 'namoradeira', a mais intensa, se é que esse é o adjetivo certo. Enfim, Fernanda sempre foi ela mesma. Agindo da maneira que queria, sem se importar com o que pensavam dela. Confesso que esse quesito é admirável, já que não posso dizer invejável. Me perturbava o fato de que eu nunca conseguiria ser como ela, porque eu simplesmente não nasci para isso. Ou melhor, eu sou impedida de tentar ser isso. Essa questão de querer ser como meninas feito Bande se esvaiu apenas quando recebi a notícia de que ela havia sido mãe, e o pai do bebê era um homem tóxico. Eu definitivamente não quero ser como ela nessa parte. Mas sabemos que não é disso que estou falando.

A minha mãe praticamente me proibiu de falar com ela quando descobriu tudo o que Bande fazia por uma amiga. Eu nunca tive tanta intimidade com ela, mas fui obrigada a cortar toda e qualquer possibilidade de ter pela minha reputação. Ou melhor, a reputação da minha mãe. Minha mãe, Aline, é uma missionária muito conhecida no Rio de Janeiro e em alguns outros estados do Brasil. Eu nasci e fui criada na igreja e sempre fui ensinada a seguir os caminhos da mesma. Porém, tudo sempre foi muito além do que só ir para a igreja. Eu não podia ter amigos que não fossem da mesma religião, a minha mãe pegava o meu celular todos os dias, eu mal podia sair de casa. Agora, que sou maior de idade e faço faculdade, eu tenho o hábito de sair com mais frequência. Porém, ainda assim, a minha mãe continua me obrigando a fazer algumas coisas, como por exemplo, ir à igreja. Não é que eu não goste da igreja, sabe? Eu amo a sensação de sentir a presença do divino no lugar, mas as vezes parece que eu não me encaixo. É uma situação muito complicada porque parece que eu sempre vou ter que abrir mão do meu eu para viver só satisfazendo a minha mãe.

*

Depois de acordar, orar, fazer meu devocional e comer, recebi uma mensagem de Beatriz.

Hoje é sexta feira e eu vou para o culto na igreja

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Hoje é sexta feira e eu vou para o culto na igreja. Normalmente, os cultos são nas terças e quintas, mas avisaram que teria um culto extra hoje. Nos cultos, eu sempre sento ao lado da minha melhor amiga, a Beatriz. Bia e eu nos conhecemos na igreja, quando pequenas. Eu tinha 3 anos quando ela entrou na mesma congregação que eu, e, desde então, nos tornamos inseparáveis. Eu gosto da Bia porque ela faz o que dá na telha, e segue as doutrinas do jeitinho dela, apesar de dar umas escapadas as vezes.

Estamos em uma igreja cujo a minha mãe não exerce o cargo de pastora. Ela está me induzindo a namorar um menino da igreja, filho do pastor, e é disso que estamos nos referindo nas mensagens. As vezes ela deixa de sentar do meu lado para dar lugar a ele, só para ficarmos juntos. Nos finais dos cultos, ela me obriga a falar com ele, apenas para nos conhecermos melhor e, segundo ela, possamos namorar. Sinceramente, eu não sinto nada por ele, e sou totalmente contra a relacionamentos sem sentimentos.

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