Semanas antes da Tokyo Manji VS Valhalla acontecer, Takemichi descobre a existência de uma pessoa misteriosa que começa a afetar todas as linhas temporais. O problema mesmo começa quando ele descobre se tratar de uma garota que parece ter ligação co...
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Luzes fortes que se intensificam com as paredes brancas do hospital que me desnorteiam à medida que arrastam minha maca gentilmente da ambulância para dentro do hospital. Ainda há sangue escorrendo para fora de mim, posso sentir. Não tô nem aí se todos estão assistindo meu choro. Eu realmente perdi meu bebê.
Médicos nervosos acompanhados por suas enfermeiras descem da ambulância do lado e diferente de mim, correm pra dentro da ala cirúrgica. Eu pude ver. Era ele. Mikey estava com os olhos fechados quando passou.
Uma raiva subiu por dentro de mim naquele momento, mesmo que eu ainda estivesse chorando. Não dá pra controlar meus sentimentos, estou sentindo todos na mesma e insuportável intensidade. Sempre tem algo para impedir minha felicidade, e quando tudo estava dando certo meu bebê foi tirado de mim. Não vou aceitar que o universo leve meu único amor.
Não, isso vai acontecer. Para de pensar demais.
De repente uma dor chata invadiu meu corpo. Não era muito forte, mas me pararam no corredor assim que perceberam, tentei me levantar, mas me impediram. - Sente dor aqui? - Um médico que se aproximou de mim disse enquanto pressionava suavemente meu pescoço e subia para o topo da cabeça.
- Não.
- E aqui? - Ele pergunta novamente, dessa vez descendo para meus ombros e braços. Dessa vez dói e ele para de me tocar, identificando onde doeu.
- Você está com uma contusão maior no úmero, fora isso, apenas alguns arranhões e ralados. Geralmente acidentes de moto como o seu são fatais. Você teve sorte.
Ele se aproxima novamente com uma injeção, aplicando na contusão. Quase que instaneamente a dor passa e consigo respirar sem sofrer. Repito a frase do doutor diversas vezes na minha mente.
"Você teve sorte"
Como isso pode ser sorte? Eu realmente não vejo como isso pode ser considerado sorte.
As imagens do acidente começam a passar na televisão do corredor do hospital. Uma repórter mostrando a situação do local. A moto pra longe da rodovia indicando que voamos longe depois do deslize e muito sangue espalhado na neve, sangue que não era meu. Eu estava debaixo da moto e a neve manchada estava um pouco afastada. Era do Mikey.
Como ele deve estar agora? Ver aquelas imagens estava me deixando ansiosa e eu comecei a chorar novamente. A cena do acidente passa na minha mente como um filme e me lembro dele colocando o capacete em mim. Ele sabia. Algo deve ter acontecido com a moto enquanto pilotava e ele percebeu. Antes de qualquer coisa, antes de proteger a si mesmo, ele me protegeu.
Idiota. Idiota. Por que não se protegeu?!
Agora tudo está silencioso. Nada além do corredor que está praticamente vazio nessa madrugada, e os médicos ao meu redor checando a cada minuto se estou bem. Estou com febre, e ela aumenta constantemente.
