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5 - Sentimentos

Eu devia estar louca, nada mais explicaria isso. Ou talvez a febre tivesse mexido com meus neurônios, queimando eles. Eu estava em silêncio, enquanto caminha estava sentada no chão mesmo a minha frente. Eu iria mesmo ouvir ela, mesmo acreditando que nada que fosse falado por ela eu nunca teria ouvido, imaginava conhecer toda a sua ladainha e no final, ainda ter em mente que ela havia imaginado que poderia brincar com minha vida. Mesmo após ter me magoado tanto. Ela tomou fôlego falando.

— Laur — começou, eu cerrei meus olhos em sua direção, com raiva por ela usar esse apelido do passado — Eu amo você — antes que eu pudesse desdenham ela retornou rapidamente — Sei que sou covarde, idiota, não mereço você, nunca mereci. Mesmo assim você foi a melhor coisa que aconteceu para mim, nunca imaginei que poderia ser tão feliz. Devia ter sido sincera com você quando fomos para a cidade, mas a ideia de que você pudesse me deixar me deixava com medo.

— Não adiantou de nada, não é mesmo? — disse jocosamente.

— Eu sei, mas nunca havia sentido por ninguém oque senti por você — ela me encarava com aqueles olhos grandes e brilhantes, de uma maneira tão intensa que me vi obrigada a ativar todas as minhas barreiras para continuar tão dura, ela mereceria isso — Eu me vi perdida entre o amor é... minha família. Sou fraca eu sei. Gostaria de ser corajosa como você. Mas eles eram a única família que eu tinha... sempre colocaram tanta expectativa de mim... eu não consegui decepcionar eles — suspirou longamente desviando o olhar de mim, quis abraçar ela, mas me esforcei novamente para lembrar de tudo que ela havia feito — Eu não fiquei com ele, não que mude algo, nunca amei Jordan nem nada, mas nem ao menos o beijei durante aquele tempo que ficamos junto.

A menção a isso ainda doía, mas meu coração pulou quando ela deu a entender que não estávamos mais juntos. Não que isso mudasse algo.

— Quando você descobriu e me deixou, não tinha mais como tentar manter as coisas, contei tudo para ele, embora não tivesse amado ele, eu gostava do Jordan... ele era um bom homem, louco por mim embora soubesse que eu não sentia o mesmo.

— Tá, então terminou com ele e daí?

— Continuamos mais um tempo juntos, minha família tinha alguns negócios com a família dele para serem fechados, negócios lucrativos para ambas as partes, tivemos medo de balançar as coisas com nosso término. A família de Jordan era complicada também — ela mordeu os lábios avaliando meu rosto pensativa, tentando-se minhas expressões — No fim, rompemos, minha família não aceitou muito bem, mas a essa altura eu já estava cansada de sempre agradar eles, precisava viver. Embora ainda não tivesse coragem de revelar tudo.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram horas, eu entendia de certa forma seu lado, mas isso não justificava suas atitudes.

— Eu posso até entender isso, Camila mas oque você fez foi imperdoável, me sequestrar!

— Eu sei, mas, eu achei que você não me daria ouvidos se te procurasse, e teria total razão, eu fui uma babaca, queria você mas não merecia, e eu sabia que ela era boa para você — vi seus olhos ficarem mais brilhantes com as lágrimas e seus lábios tremerem — Porra, ela foi tudo que eu não fui para você! Eu sei, Lauren! Mas não consegui aceitar isso, oque eu sentia por você... não consegui deixar você no passado, foda-se se fui completamente maluca, foda-se se você não vai mais olhar na minha cara, eu mereço isso, mas precisava fazer alguma coisa. Minha carreira vai estar arrumada quando eu voltar, meus pais provavelmente não vão mais olhar na minha cara, eu posso até ser presa! Mas sabe de uma coisa, eu não ligo, precisava ter fazer isso, precisava desse tempo com você. Provavelmente você vai querer quebrar minha cara, e tem total razão, mas eu também preciso fazer isso.

Antes que eu pudesse assimilar completamente suas palavras ela avançou na minha direção, agarrou meu rosto com as mãos e grudou nossos lábios. Todos vão me julgar e sim, eu mereço ser julgada, mas mesmo meu cérebro gritando "corre" eu não corri e me vi correspondendo ao beijo.

Como podia ser possível algo assim, eu estava morrendo de raiva dela, Camila era uma imbecil, mas eu ainda amava ela, com tanta força que nem outra pessoa foi capaz de mudar isso, continuava o mesmo sentimento, sentimento cego e burro, o coração não tinha explicação mesmo, eu queria tanto amar Ella, até tentei me convencer que amava ela, mas sempre que estava com ela, pensava na Camila, me julgava por isso, mas no momento seguinte voltava a pensar nela. Naquela mulher egotista, maluca e imbecil. Mas que balançava como ninguém meu coração, ela havia partido ele, e agora estava aqui tentando fazer isso novamente, e eu estava prestes a permitir. A empurrei com forca, separando nossos lábios. Antes que processasse minhas ações desferi um tapa em seu rosto, tão forte que deixou a marca dos meus dedos nele. 

— Eu mereci isso — ela disse com a mão no rosto, estava de joelho no chão, tão próxima de mim que eu podia sentir sua respiração contra meu rosto. Meu peito subia e descia violentamente, meu coração disparado e minha cabeça cheia de pensamento confusos.

— Então você achou que tinha o direito de me arrastar para cá? Egoísmo de merda.

— Me perdoa, o barco logo vira, você estará certa de fazer qualquer coisa. Eu mereço não sair impune das coisas que fiz. Independente do que acontecer, prometo nunca mais interferir na sua vida — embora estivesse com uma carreta de dor, ela estava com a expressão cheia de sinceridade. Ela desistiria de mim. Eu devia estar feliz, Camila só havia complicado minha vida desde que fomos para a cidade, mas aqui estava o coração novamente, louco, que se apertou com essa ideia.

Agarrei sua camiseta e a puxei para mim novamente, ela estava confusa, mas mesmo assim retribuiu ao meu beijo, que foi desesperado, cheio de desejo e saudade. Beijei ela tão forte que meus lábios chegaram a doer, perdi até mesmo a noção do tempo naquele beijo. Que tinha o mesmo poder de mexer comigo que o primeiro que ela havia me dado.

Quando nossas bocas se separaram eu me afastei dela o suficiente para olhar em seus olhos.

— Quando sairmos dessa ilha não quero que você nunca mais me procure.