27. No limite

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RAFE 🩸

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RAFE 🩸

Callie. É a primeira coisa que eu penso quando acordo e a última quando vou dormir, como a porra de uma maldição. Aquela lembrança constante de que eu tinha o que eu mais queria comigo e consegui arruinar tudo, como eu sempre fazia, me perturbava. Meus dias pareciam melancólicos e as garrafas de whisky acabavam como as de água, mas nunca matavam minha sede. Era Callie que poderia fazer isso e só ela.

Eu não era um cara legal e não me lembro se algum dia havia sido. Eu era um fodido, viciado, descontrolado e assassino, eu não era o tipo de cara para a Callie mas não conseguia evitar sentir seu cheiro a todo minuto, em todos os meus edredons por mais que já tivesse trocado a roupa de cama dez vezes na ultima semana. Meu coração doía e meu corpo também, era difícil sair do quarto e abrir as janelas, era quase como se a porra do sol pudesse me queimar.

O arrependimento era minha única companhia. Estava ali, sempre ao meu lado em todos os momentos do meu dia, destruindo meu coração e me fazendo desejar a morte. A morte seria melhor do que isso, seria melhor do que ficar sem ela.

Desço da moto, pendurando meu capacete no guidom. A casa de Callie estava com as janelas abertas e as cortinas saiam pra fora devido ao vento. Era uma casinha pequena de madeira com dois andares e uma escada externa, eu gostava de como tudo nesse lugar era aconchegante e sentia falta do teto baixo e de me enroscar no cobertor junto de Callie.

Avanço em direção a porta, percebendo a bicicleta de Callie jogada no gramado o que só podia indicar que ela estava em casa. Tento abrir o portão que dá para as escadas mas ele estava trancado, o que acaba gerando um estrondo devido a força que faço e faz com que Henry apareça na janela. A cara dele não é boa quando me vê e murmuro uma longa lista de palavrões. Eu sempre soube que ele não gostava de mim.

Respiro profundamente tentanto pensar direito enquanto ele abre a porta.

— E aí, garoto — me cumprimenta, dando dois passos pra fora com sua bengala.

O pai de Callie era um pouco mais velho que o meu, se não me engano. Era magro e esguio, com longos cabelos loiros e mancava pra caralho desde seu acidente. Pro meu desespero, ele também era uma das pessoas mais difíceis de dobrar que já havia conhecido.

— Posso falar com a Callie? — pergunto, mesmo sabendo a resposta. — Por favor.

Henry sorri, negando com a cabeça, assim como fez das outras vezes que apareci durante a semana.

— Você sabe que não.

Resmungo e dou meia volta, me afastando para poder olhar para a sacada. Os pensamentos em minha cabeça ficam confusos e uma dor aguda e crescente surgue perto de minhas têmporas. Mantenho meus olhos fechados por alguns segundos para controla-la. Se ela não ia sair então eu falaria tudo daqui mesmo.

𝐃𝐀𝐍𝐎𝐒, 𝘳𝘢𝘧𝘦 𝘤𝘢𝘮𝘦𝘳𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora