capítulo 4

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Marilia Mendonça narrando

O despertador tocou às 6h30 da manhã, interrompendo um sonho que não conseguia lembrar claramente. Com um suspiro, estendi a mão para desligar o alarme, desejando poder dormir um pouco mais. Mas a realidade chamava e, como sempre, minhas responsabilidades vinham em primeiro lugar.

Espreguicei-me na cama, sentindo a rigidez dos músculos se dissipar aos poucos. Meus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à luz suave que filtrava pelas cortinas.

A decoração do meu quarto, com seus tons neutros e móveis elegantes, refletia a vida organizada e bem-sucedida que levo. Mas, nos últimos dias, algo perturbava essa organização: os pensamentos constantes em Carla Maraisa.

Levantei-me e fui direto para o banheiro. Minha rotina matinal começava com um banho quente, a água escorrendo pelo corpo ajudando a clarear a mente. Enquanto ensaboava-me, os pensamentos sobre Maraisa voltaram, como sempre faziam. A intensidade daqueles olhos, a suavidade da voz... tudo permanecia vívido em minha memória.

- Como pude esquecer de pegar o contato dela? - perguntei-me pela milésima vez frustrada.

Era raro para mim esquecer algo tão importante, mas a euforia do momento parecia ter ofuscado minha habitual precisão.

Saí do banho, secando-me lentamente, e comecei a me arrumar para o dia. Escolhi um conjunto formal: uma calça de alfaiataria preta e uma blusa de seda azul marinho. Maquiei-me com habilidade, destacando os olhos com um delineado preciso e aplicando um batom suave. O reflexo no espelho mostrava uma mulher confiante e bem-sucedida, mas por trás da fachada, meus pensamentos estavam longe, focados em Maraisa.

Desci para a cozinha, onde minha mãe já preparava o café da manhã. Dona Ruth era uma mulher de aparência tranquila, com cabelos grisalhos bem penteados e um sorriso acolhedor. Ela havia notado a mudança no meu comportamento nos últimos dias e estava preocupada.

- Bom dia, filha - disse minha mãe, servindo uma xícara de café.

- Bom dia, mãe - respondi, aceitando a xícara e me sentando à mesa.

A cozinha era espaçosa e bem iluminada, com uma decoração aconchegante que convidava a longas conversas matinais.

Minha mãe me observou por um momento antes de falar.

- Você tem andado tão pensativa ultimamente. Está tudo bem?

Suspirei, mexendo o café com a colher.

- Sim... quer dizer, não exatamente. Eu conheci alguém, mãe. Uma cantora, Carla Maraisa. Ela me impressionou muito, mas... na euforia do momento, esqueci de pegar o contato dela.

A expressão da minha mãe mudou para uma de compreensão e leve preocupação.

- Entendo. Você falou bastante dela nos últimos dias. Parece que ela realmente deixou uma impressão em você.

Assenti, sentindo o peso das emoções que vinha carregando.

- Ela é diferente, mãe. Há algo nela que me tocou profundamente. Eu não consigo parar de pensar nela.

Minha mãe colocou a mão sobre a minha, oferecendo conforto.

- Isso é normal, querida. Às vezes, encontramos pessoas que nos afetam de maneiras inesperadas. Mas você vai encontrá-la novamente, tenho certeza.

Após o café da manhã, peguei minha bolsa e me dirigi ao trabalho. O trajeto até a empresa era relativamente curto, e eu aproveitava esse tempo para organizar mentalmente minhas tarefas do dia.

Mas hoje, como nos últimos dias, meus pensamentos estavam distraídos, sempre retornando a Maraisa.

Chegando ao prédio da empresa, cumprimentei os colegas e fui direto para minha sala. Era um espaço elegante, com uma mesa de madeira escura e grandes janelas que ofereciam uma vista panorâmica da cidade. Sentei-me à mesa, liguei o computador e comecei a revisar os e-mails.

a cantora do bar | Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora