A Walk to Remember - Fayeyoko

Capítulo 23

FLASHBACK ON

Um dia antes da formatura do ensino médio.

2 chamadas perdidas (21h15): Yo

Yo (21h21): Ei, amor. Então... você perdeu nosso encontro de pré-formatura por telefone? Você está vinte minutos atrasada :( Nós dissemos 21h no meu horário e 23h no seu horário, certo? Tenho certeza que há uma boa razão... talvez você tenha adormecido... mas eu acho que estou meio desapontada por não poder te desejar boa sorte para amanhã. Quero dizer, eu tinha um discurso de 'Estou tão orgulhosa de você' planejado e tudo mais ;) De qualquer forma, acho que terei que digitar para você de manhã :P Apenas me mande uma mensagem quando tiver chance, Fa. te amo!

Yo (21h47): E talvez... me avise da próxima vez! Você nunca perde nossos encontros via chamada de vídeo por NADA! Você poderia pelo menos me mandar uma mensagem. Ou melhor ainda, responda agora e pare de deixar sua esposa preocupada.

Yo (22h35): Ainda preocupada aqui amor. Não tem como você ter adormecido porque você é basicamente uma vampira que nunca dorme e não tem como você perder nosso encontro sem me dizer porque você é você. Eu tentei ligar para sua mãe e Lux, mas ninguém me responde... e eu não sei por que eu acho que enviar todas essas mensagens para você vai ajudar nessa situação, mas eu meio que não sei mais o que fazer!!!

3 chamadas perdidas (22h46): Yo

Merda. Faye passou a mão pelo cabelo enquanto seu telefone ligava e era inundado por notificações. Ela imediatamente começou a digitar uma mensagem rápida para assegurar Yoko que ela estava pelo menos viva e então seu telefone desligou - novamente - antes que ela pudesse enviar. Merda, merda, merda.

Ela conseguiu evitar lançá-lo pela janela.

Ela quase pediu para o o taxista acelerar, mas segurou a língua, ciente de que ser expulsa do táxi poderia não ser a melhor ideia.

É claro que ela poderia ter corrido ou pelo menos pego um ônibus no aeroporto se não fosse a primeira vez que ela estivesse fazendo aquele trajeto, mas era. Além disso, a distância de táxi era curta, provavelmente não mais do que dez minutos, e Faye ansiava por passar mais tempo com sua esposa. Era início de junho. A última vez que Faye havia visto Yoko pessoalmente foi no início de abril. Eram dois meses sem contato físico, sem beijos, abraços ou carinhos.

E realmente parecia que o universo queria prolongar aquele tempo em que o avião que ela estava pegando para surpreender Yoko acabou ficando parado na pista por quase três horas devido a problemas de combustível. Para piorar a situação, Faye colocou o celular na mala (supondo que não precisaria dele) e, portanto, estava literalmente inacessível durante esse período.

Como se toda aquela comoção não tivesse criado urgência suficiente, receber as mensagens frenéticas de Yoko e as ligações preocupadas tornavam ainda mais urgente chegar até ela, se é que isso era possível. A última coisa que Faye queria era que essa visita surpresa desse errado – mais do que já tinha dado, pelo menos.

Sim, isso seria difícil de explicar para Yoko.

Então, com isso em mente, era mais do que compreensível que, quando um caminho mais rápido para chegar até Yoko se apresentou na forma de um motorista de táxi sem dúvida extorsionário, Faye praticamente pulou pela janela sem pensar duas vezes.

Ela roeu as unhas nervosamente e ao mesmo tempo fez contato visual com o motorista pelo retrovisor. Ela só podia ver seus olhos, mas não perdeu o sorriso neles. Ele tinha olhos gentis, enrugados nos cantos. Em qualquer outra situação, ela provavelmente teria conversado com ele, deixado que ele lhe contasse uma história e realmente tivesse aproveitado o passeio. Ela poderia ter deixado uma conversa casual acalmar sua ansiedade.